terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Padilha diz que Temer consultará PMDB sobre impeachment

Daniela Lima, Marina Dias – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Primeiro grande aliado do vice-presidente Michel Temer a deixar o governo Dilma Rousseff, o ex-ministro Eliseu Padilha (PMDB-RS) disse nesta segunda-feira (7) que Temer está consultando dirigentes de todo o PMDB para definir sua posição sobre o impeachment.

Padilha falou sobre o assunto durante sua primeiro pronunciamento público desde que pediu demissão, na semana passada.

Segundo ele, Temer está há dez anos no comando do PMDB porque aprendeu a ouvir e identificar a ala majoritária da sigla. "O PMDB está dividido nessa questão [o afastamento de Dilma]", disse.

"É preciso ver onde está o posicionamento majoritário do partido. Nesse momento ele está iniciando essa aferição", afirmou.

Padilha ressaltou ainda que quando fala em partido não se refere apenas a deputados e senadores, mas a todos os 27 diretórios do PMDB nos Estados.

Foi a fala mais direta de um aliado de Temer sobre a indefinição do vice-presidente com relação ao apoio à manutenção de Dilma no Planalto.

Ele negou que o vice, porém, esteja "articulando o impeachment". "O presidente Michel já disse que ele não será articulador de impeachment. Portanto, eu não serei articulador de impeachment", avaliou.

Reunião
Temer cancelou sua agenda pública em São Paulo nesta segunda para receber, a partir das 21h, aliados de seu partido na residência oficial em Brasília.

Até o fim desta tarde, o vice ainda não havia sido procurado por nenhum emissário da presidente para marcar um encontro entre os dois.

O afastamento de Dilma e Temer ficou evidente desde que o processo de impeachment foi deflagrado. A petista disse nesta segunda que gostaria de conversar com o vice sobre o assunto.

Demissão
Padilha disse ter decidido deixar o cargo por motivos "partidários, pessoais e funcionais". Ele alegou ter ficado "frustrado" com o corte de verbas de sua pasta, a Aviação Civil, e admitiu que o Planalto barrou nomeações feitas por ele para cargos.

"Havia uma frustração ampla e mútua", disse. Padilha disse que assumia compromissos pela implantação de obras como aeroportos regionais, mas não conseguia entregar.

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