Por Renata Batista – Valor Econômico
RIO - Diferentemente de 2014, quando PMDB e PT complicaram a disputa eleitoral no Rio de Janeiro ao romperem oito meses antes da eleição, neste ano, os dois partidos já acertaram caminhar juntos. E tudo indica que será o cenário nacional, afetado pelo debate sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, que dará o tom das alianças com os outros partidos.
No PMDB o apoio à presidente está claro. A divisão que havia no PMDB estadual na época das eleições presidenciais não existe mais. O grupo que chegou a apoiar, Aécio Neves (PSDB), agora dá sustentação a Dilma.
Quem vai tentar reverter a hegemonia do PMDB, que está há 14 anos no governo do Estado e completará oito na prefeitura da capital, será novamente o senador Marcelo Crivella (PRB), que disputou o segundo turno com o governador Luiz Fernando Pezão. Crivella já confirmou a candidatura a prefeito do Rio.
Entra também na disputa pela prefeitura da capital o candidato do PSOL, o deputado estadual Marcelo Freixo. Há ainda a possibilidade do Rede lançar o deputado Alessandro Molon, que deixou o PT. Apesar da força de Marina Silva no Rio, Molon pode enfrentar resistência da militância do PT. Em especial depois que ela assumiu posição a favor da revisão do processo eleitoral de 2014, do qual saiu derrotada.
"Para mim, o rompimento com o PMDB é etapa vencida. A aproximação do Picciani [Jorge Picciani, presidente regional do PMDB] com o governo do PT é fundamental para impedir o impeachment e a governabilidade. A aliança está selada", diz o presidente do PT fluminense, Washington Quaquá.
Ele afirma que está reestruturando o partido no Estado, depois que a baixa votação alcançada pela candidatura própria do senador Lindbergh Farias ao governo do Estado em 2014 enfraqueceu o PT. "Precisamos de novas lideranças. É um projeto para 10 anos", diz Quaquá.
O PT garante apoio incondicional ao PMDB e abriu mão até da vice-prefeitura da capital, que hoje ocupa. Atende ao desejo do PMDB de chapa pura, apesar das fortes denúncias de violência contra a ex-mulher terem abalado a imagem de seu provável cabeça de chapa, o secretário de governo Pedro Paulo Teixeira.
O secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani (PMDB), deve ser candidato a vice, independentemente da pressão de aliados, como PTB e PSD, que demonstram incômodo com a hegemonia pemedebista.
"O PMDB tem uma chapa. Vai em busca de apoio para essa chapa", afirma Picciani, para quem não há possibilidade de mudança dos nomes. Apesar das denuncias a Pedro Paulo, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) defende com unhas e dentes a candidatura apesar de reações no partido.
"Ele vai ter que sair em defesa das mulheres vítimas de violência, apresentar políticas para isso, e mostrar sua capacidade de gestão", resume Picciani.
Enquanto aguardam uma maior clareza no cenário nacional, em especial em torno do impeachment, os demais partidos como PTB e PSD conversam com outros da oposição como o DEM e o PSDB.
Estes últimos avaliam candidaturas próprias e flertam com um pré-candidato preterido no PMDB, o atual secretário estadual de Transporte, Carlos Osório. Há a hipótese de Osório sair do PMDB para disputar a eleição por outro partido. Ele foi criticado pelo governador Pezão que em entrevista ao jornal "O Globo" disse que Osório fala demais e ao abrir a geladeira e vê a luz fala pensando que é um flash.
O senador Romário (PSB) chegou a ser considerado candidato imbatível. Mas deve ficar fora da disputa. Alvo de denúncias sobre a existência de contas no exterior, mencionado nas gravações que levaram o senador Delcídio Amaral (PT-MS) a prisão, e abalado por acusações contra seu assessor mais próximo, o ex-jogador de futebol foi destituído da presidência do PSB poucos meses depois de ser nomeado, em uma decisão atribuída ao presidente nacional do partido, Carlos Siqueira.
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