Pimentel é denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro
• Governador de MG é suspeito de receber propina de empresários
Jailton de Carvalho - O Globo
BRASÍLIA - A vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko Castilho, denunciou ontem o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), e os os donos da Caoa, Carlos Alberto Oliveira de Andrade e Antônio dos Santos Maciel Neto, por corrupção e lavagem de dinheiro. Também foram denunciados o empresário Benedito Oliveira, o Bené, amigo do governador, e o presidente da Cemig, Mauro Borges, e mais dois outros dois supostos cúmplices. Pelas investigações da Polícia Federal, Carlos Alberto e Maciel repassaram R$ 2 milhões a Pimentel por intermédio de empresas de Bené.
Os repasses seriam propinas em troca de favores concedidos por Pimentel quando era ministro do Desenvolvimento da Indústria e Comércio. A Caoa é a representante da montadora Huyndai no Brasil. Caberá ao ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidir se acolhe a denúncia, e transforma o governador e os demais acusados em réus. Benjamin é relator da Operação Acrônimo, base das investigações que deram origem à denúncia. A denúncia e mais quatro inquéritos sobre o assunto tramitam em sigilo.
Consultoria fajuta
Pelas investigações, Carlos Alberto e Maciel pagaram R$ 2 milhões para a Bridge e Bro, empresas de Bené. Parte do dinheiro teria sido destinada à OPR, empresa de Pimentel. Os pagamentos teriam sido feitos a título de consultoria prestada por Bené à Caoa. Mas, para a polícia, as consultorias seriam fajutas. O trabalho de Bené seria abrir as portas do Ministério do Desenvolvimento para a Caoa no período em que Pimentel era ministro. O empresário teria agilizado a liberação dos pedidos da montadora, embora os benefícios concedidos estivessem dentro das normais legais.
Segundo a vice-procuradora-geral, a Caoa pediu e foi incluída no Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores. Com isso, acabou obtendo benefícios fiscais da ordem de R$ 600 milhões por ano. A empresa também pediu e obteve autorização para trocar tipos de carros a serem importados. Os interesses da empresas teriam sido facilitados por portaria assinadas por Pimentel. “A vantagem indevida rendeu pouco mais de R$ 2 milhões a Pimentel, valor recebido dos acionistas/sócios da Caoa Carlos Alberto de Oliveira Andrade e Antônio dos Santos Maciel Neto”, sustenta nota divulgada pela Procuradoria-Geral.
No rastreamento da movimentação financeira, a polícia descobriu que parte do dinheiro serviu para pagar despesas de pelo menos duas viagens de Pimentel e da mulher Carolina de Oliveira. Uma viagem para um resort na Bahia em 2013 e outra para os Estados Unidos, entre 2013 e 2014. Mauro Borges é acusado de manter supostas facilidades para a Caoa depois que Pimentel deixou o ministério para concorrer ao governo de Minas. Borges ocupou a vaga deixada pelo governador. Depois foi chamado para presidir a Cemig.
O advogado da Caoa José Roberto Batochio negou que qualquer dirigente da dirigente tenha pago propina a Bené ou ao governador. O advogado Eugênio Pacelli, que representa Pimentel, não retornou ligação do GLOBO.
— A Caoa não deu propina para ninguém. A consultoria não é fajuta, é real — afirmou Batochio.
O advogado argumenta ainda que foi a PF quem apreendeu e levou para o processo os contratos. Depois, passou a classificar os estudos de fajutos, pois parte das informações estão na internet.
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