• Encontro para tratar do impeachment de Dilma foi na casa de Roberto Requião
Cristiane Jungblut - O Globo
Acostumado a discursar para grandes plateias em eventos disputados, o ex-presidente Lula participou esta semana, em Brasília, de um jantar em sua homenagem com apenas seis senadores. Isolado politicamente, Lula teve rápida passagem por Brasília para tentar cabalar votos contra o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, como sempre faz, mantendo conversas reservadas em um hotel.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) aproveitou para oferecer a Lula um jantar em sua residência, e convidou senadores que poderiam ser convencidos a votar contra a cassação definitiva do mandato de Dilma. Mas só compareceram senadores que já defendem a realização de novas eleições ou que não têm simpatia pela cassação: Acir Gurgacz (PDT-RO), João Capiberibe (PSB-AP), Elmano Férrer (PTB-PI), Roberto Rocha (PSB-MA) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), além de Requião. Convidado, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) não compareceu.
Lula falou sobre a importância de evitar o impeachment de Dilma e sobre a proposta de realização de um plebiscito para decidir sobre a convocação de novas eleições. Lula disse que era Dilma quem deveria falar com os senadores. Na verdade, a presidente afastada também tem se reunido com senadores, mas no Palácio da Alvorada. O cardápio do jantar foi carne de carneiro, mas Lula nem comeu.
— Lula acha que é a Dilma que tem de conversar com a gente, no que eu concordo — disse um dos participantes do jantar.
Segundo quem esteve na casa de Requião, o quorum foi baixo porque a ideia era reunir um pequeno grupo de senadores, para que a conversa com Lula fluísse, fosse franca e não virasse “uma festa”.
A bancada do PT, por exemplo, decidiu não comparecer. O líder Humberto Costa (PE), que está voltando ao comando da bancada no Senado no lugar de Paulo Rocha (PT-PA), disse que os petistas conversaram pela manhã e decidiram não ir. O PT tem dez senadores. Inicialmente, o senador José Pimentel (PT-CE) iria ao jantar representando a bancada, mas foi convencido pelos demais a não comparecer.
— Quisemos deixar o Lula mais à vontade — afirmou Humberto Costa.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse que o espírito do encontro era mesmo o de uma conversa reduzida, até porque os senadores de PT, PCdoB e PSB já sabem como atuar. O bloco de parlamentares tem sido combativo na comissão do impeachment e defende uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para a realização de um plebiscito sobre nova eleição presidencial. O plebiscito seria realizado em outubro, juntamente com as eleições municipais.
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