Presidente havia pensado em subordinar estrutura ao Palácio do Planalto, o que permitira acomodar o amigo no cargo, mas foi alertado de riscos
Tânia Monteiro e Carla Araújo | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Depois do avanço das negociações para retirar a Secretaria de Segurança Pública do Ministério da Justiça e levá-la para o Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer começou a repensar a ideia. Auxiliares fizeram pressão para que o peemedebista não executasse o plano porque seria colocar no colo o problema da segurança dos Estados.
Nesta quinta-feira, 16, na saída do evento de sanção da nova lei do ensino médio, ao ser questionado por jornalistas se a secretaria sairá da estrutura da pasta da Justiça, Temer gesticulou com um sinal negativo.
Conforme mostrou o Estado, o presidente consultou aliados sobre dividir as atuais funções do Ministério da Justiça e dar mais poder à secretaria que cuida da área de segurança pública. A princípio, a ideia com a transferência seria de mostrar a importância que o presidente está dando para o tema, um dos que mais preocupa a população brasileira.
No Planalto, cuidando da secretaria, Temer teria ao seu lado o advogado criminalista Antônio Cláudio Mariz, convidado para ocupar o posto na quarta-feira, 15. Mas descartou a possibilidade de dar status de ministério para a secretaria. O presidente ainda manterá conversas nos próximos dias com outros interlocutores, inclusive em São Paulo, para onde viajou no final da tarde desta quinta, 16. Já como titular da Justiça, o presidente escolheu Carlos Velloso, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal convidado para exercer o cargo.
Subordinação. A mudança poderia gerar um outro problema para o presidente já que, no formato atual do Ministério da Justiça, "não daria para Mariz ficar subordinado a Velloso", conforme observou um interlocutor do presidente, lembrando que isso poderia trazer um desgaste para a relação dos dois. Isso porque Mariz, amigo de longa data de Temer, já havia sido descartado na chegada de Temer ao Planalto, como ministro, por causa de posições contrárias à Operação Lava Jato, mesmo depois de convidado para o cargo. A situação delicada, então, se repetiria novamente. Com isso, Mariz pode ser 'desconvidado'.
Desde o afastamento do cargo de Alexandre de Moraes, indicado a uma cadeira no STF, Temer tem buscado um nome para assumir a pasta. A ideia, porém, é que Velloso faça uma espécie de "dobradinha" com outro nome mais ligado à área de segurança.
No Planalto, interlocutores diretos de Temer negam haver constrangimento pelo fato de que Velloso, amigo do peemedebista, atue como advogado do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), de quem não cobra honorários, nos dois inquéritos que o tucano responde perante o Supremo Tribunal Federal como desdobramento da Operação Lava Jato. Velloso afirma que os casos em que atua para Aécio não têm relação com a Lava Jato.
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