Por Cristiane Agostine | Valor Econômico
SÃO PAULO - Presidente nacional do PSDB e pré-candidato à Presidência, o ex-governador Geraldo Alckmin afirmou ontem que o senador Aécio Neves não deveria disputar a eleição neste ano. Ex-presidente do PSDB e candidato presidencial em 2014, Aécio tornou-se réu por corrupção e obstrução de Justiça, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou denúncia da Procuradoria-Geral da República.
Alckmin disse ontem em entrevista à rádio Bandeirantes que o "ideal" é que Aécio não dispute nenhum cargo em outubro. "Aécio sabe o que penso, é claro que o ideal é que não seja candidato, é evidente. Acho que ele mesmo, assim como tomou a decisão de se afastar da presidência do partido [em 2017], tomará essa decisão. Vamos aguardar a decisão dele. Tenho certeza que vai tomar e se dedicar à questão processual e à defesa", disse o presidenciável à rádio, pela manhã. À tarde, depois de participar de evento com investidores, promovido pelo banco Santander, em São Paulo, Alckmin afirmou a jornalistas que mantém essa opinião.
Segundo o presidenciável do PSDB, Aécio tem de apresentar sua defesa. "Tenho certeza de que ele vai refletir", disse à tarde, a jornalistas. Alckmin afirmou que é "evidente que não" é correto o senador e ex-presidente do PSDB ter pedido R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, em troca de favorecimento parlamentar, como o oferecimento de uma diretoria da Vale. "Vamos aguardar que preste todos os esclarecimentos".
Apesar de ser presidente do PSDB, Alckmin evitou falar em qualquer tipo de punição ao senador, caso sejam comprovadas as denúncias de irregularidades.
Ainda patinando nas pesquisas de intenção de voto, Alckmin desconversou também ao falar sobre o impacto eleitoral das denúncias de Aécio em sua campanha, sobretudo em Minas Gerais, berço político do senador. Segundo o presidenciável, a candidatura ao governo do Estado do senador Antonio Anastasia poderá ajudá-lo no segundo maior colégio eleitoral do país.
O ex-governador tentou minimizar ontem seu desempenho eleitoral nas pesquisas de intenção de voto e disse que não espera reverter esse cenário no curto prazo. Alckmin afirmou que tem entre 6% e 8% das intenções de voto, mas que há potencial para buscar "28% [de eleitores] que poderiam votar" nele. "Vou atrás dos 28%", disse a jornalistas.
"Também não espero nada a curto prazo. Campanha mesmo a partir de junho, quando tem as convenções", afirmou. No comando do PSDB desde 2017, Alckmin foi governador de São Paulo por quatro gestões e disputou a Presidência da República em 2006.
Questionado sobre o desempenho eleitoral do pré-candidato do PSB Joaquim Barbosa, Alckmin disse ter admiração pelo possível adversário, mas também não quis falar sobre uma eventual aliança com o PSB em torno de sua candidatura.
Ao falar sobre suas propostas de campanha, Alckmin repetiu que, se eleito, pretende corrigir o FGTS pela TLP e disse que pretende fazer uma "agenda de reformas" em seu primeiro ano de governo. O tucano elencou as reformas tributária, previdenciária, política e do Estado como suas prioridades. O presidencial afirmou ainda que pretende incentivar a abertura econômica para alavancar o crescimento do país.
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