terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Ricardo Noblat: Escola do Meu Partido

- Blog do Noblat / Veja

Coisas de um governo inimigo de ideologias

De duas, uma: ou a carta enviada a todos os diretores de escolas públicas e particulares do país pelo Ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez contraria o Escola Sem Partido, ou ela é o melhor exemplo do que seja de fato o projeto que o presidente Jair Bolsonaro tanto defendeu durante a campanha no ano passado.

Nada demais que o ministro recomende o canto do Hino Nacional na retomada das aulas. Tudo contra a que ele peça filmes das crianças cantando o hino e a leitura de uma carta sua onde repete o slogan de campanha do candidato que se elegeu presidente e que lhe deu emprego. Não porque configure um excesso, mas porque é ilegal.

Na carta a ser lida para os alunos, Vélez Rodríguez “saúda o Brasil dos novos tempos” e defende o “Brasil acima de tudo, e Deus acima de todos”, não só mote da campanha de Bolsonaro, mas o fecho até hoje da maioria dos seus discursos, e que ele explora à exaustão em mensagens nas redes sociais.

Isso está mais para “doutrinação” política do que para qualquer outra coisa. Está para este governo como esteve para os dois governos de Lula o canteiro de sálvias em forma de estrela plantado no Palácio da Alvorada. A lei proíbe o uso de nome, símbolo ou imagem que caracterize a promoção pessoal de agentes públicos.

Sem prévia autorização dos pais, filmar crianças perfiladas diante da bandeira nacional como pede o ministro atenta não só contra a privacidade delas como fere o Estatuto da Criança. O que o ministro pretende fazer com os filmes? Propaganda do governo? Não poderá, salvo se mandar para o lixo o direito de imagem.

Há duas semanas, em entrevista a VEJA, Vélez Rodríguez comparou a canibais brasileiros em viagem ao exterior. Acusou-os de pilharem tudo o que encontram. Ofendeu adultos que têm como se defender se quiserem. Crianças não têm.

O fim da conspiração para matar Bolsonaro

Era fake
O presidente Jair Bolsonaro não gostou nem um pouco do prato que lhe serviu ontem no Palácio do Planalto o ministro Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública.

Moro disse que a exemplo do primeiro, o segundo inquérito aberto pela Polícia Federal sobre a facada levada por Bolsonaro em Juiz de Fora deverá concluir que o criminoso Adélio Bispo agiu sozinho.

Não apenas sozinho, mas que ninguém encomendou o que ele fez. Isso contraria a teoria da conspiração que na campanha eleitoral do ano passado rendeu muitos votos a Bolsonaro.

E que ele e seus devotos insistem em manter de pé contra todas as provas reunidas até aqui pela Polícia Federal. Falta pouco para o desfecho oficial do segundo inquérito.

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