- O Globo
Na família Bolsonaro, o golpismo passa de pai para filho. Ontem Jair saiu em defesa do descumprimento de decisões judiciais. Eduardo sugeriu uma ação militar para “zerar o jogo”
Na família presidencial, o golpismo passa de pai para filho. Está no sangue. Na noite de quarta, Eduardo disse que Jair pensa em tomar “medidas enérgicas” contra o Supremo Tribunal Federal. Ao lado de dois investigados no inquérito das fake news, o deputado afirmou que o país se aproxima de um “momento de ruptura”. “Não é mais uma opinião de ‘se’, mas de ‘quando’ isso vai ocorrer”, sentenciou o Bananinha.
“A hora da medida enérgica já passou”, retificou o guru do clã. De seu posto avançado na Virgínia, o ideólogo do bolsonarismo passou a atacar dois ministros do Supremo. Segundo ele, ambos deveriam ser “removidos da vida pública”. “Esse seu Alexandre de Moraes tem que ser posto na cadeia e não ter o direito de falar. Eu sou a favor da pena de morte”, acrescentou, depois de se referir ao ministro Celso de Mello com palavrões.
Ontem Jair reforçou a pregação autoritária do herdeiro. “Acabou, porra! Me desculpem o desabafo. Acabou!”, vociferou, na porta do Alvorada. O capitão se queixava da operação policial da véspera, autorizada pelo Supremo. “Chega! Chegamos no limite. Estou com as armas da democracia na mão!”, esbravejou.
Inflamado, o presidente defendeu o descumprimento de decisões judiciais que o desagradem. “Ordens absurdas não se cumprem. E nós temos que botar um limite!”, esbravejou. Para ilustrar a ameaça, usava uma gravata azul estampada com pequenos fuzis amarelos.
Depois do destampatório paterno, Eduardo esclareceu que seu plano de ruptura envolve o uso de tanques e baionetas. “O poder moderador para restabelecer a harmonia entre os Poderes não é o STF, são as Forças Armadas”, disse, inventando uma regra inexistente na Constituição. “Eles vêm, põem um pano quente, zeram o jogo e depois volta o jogo democrático”, prosseguiu.
No reino dos Bolsonaro, o golpismo também corre em veias de apaniguados. Na sexta passada, o general Augusto Heleno fez outra ameaça ao Supremo. Afirmou que uma eventual decisão contrária ao presidente teria “consequências imprevisíveis”. Ontem ele disse que “intervenção militar não resolve nada, ninguém está pensando nisso”. Imagine se estivesse.
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