Folha de S. Paulo
Indicação pode tirar da corrida à Presidência
um nome que vinha ganhando força
Subir a rampa do Planalto com representantes
de uma sociedade mais diversa é fácil. Lula ficou
bonito na foto que circulou nas redes sociais e que ganhou o mundo. Difícil é
transformar o discurso em ações para aumentar essa participação em setores
variados do Estado. O movimento que reivindicava a indicação de uma mulher, de
preferência negra, ao Supremo Tribunal Federal foi vencido pelo pragmatismo do
presidente.
Não podemos dizer, no entanto, que o STF não ganhará diversidade com a indicação de Flávio Dino. O ministro da Justiça se declara pardo, ignorar isso é negar sua identidade e a dos 47% dos brasileiros, segundo o IBGE. Nesse contexto, as críticas a seu nome parecem despropositadas.
Ainda assim, a promessa de Lula de mais
minorias no poder tem ficado na intenção e no discurso. É o primeiro presidente
a diminuir o número de mulheres na corte. As mudanças nos ministérios
fragilizaram ainda mais as mulheres, que hoje são apenas nove nas 37 pastas da
Esplanada.
A participação feminina em funções de
confiança da estrutura federal é praticamente a mesma da gestão anterior, que
tratava o tema com desdém. Em setembro, último mês com estatísticas públicas do
Ministério da Gestão, as mulheres representavam 40,9% dos 37.618 cargos e
funções comissionadas no Executivo. No fim do governo Bolsonaro, elas eram 40%,
em um universo de 36.378 cargos. Pretos e pardos eram 37,9% no mesmo período,
um pouco acima dos 37,4% na fase bolsonarista.
A transferência de Dino
para o STF pode ser um ótimo negócio para o governo, inclusive porque
neutraliza um nome que vinha ganhando força como presidenciável e pode crescer
se Lula não quiser tentar um quarto mandato. Dino tem o star power para a
Presidência. Experiente, articulado, carismático, habilidoso politicamente,
fluente na língua das redes sociais. Talvez uma "terceira via"
turbinada, mas certamente uma pedra no sapato do PT.
2 comentários:
No STF Dino vai crescer. Sabedor do tamanho da encrenca que é a segurança pública, vai deixar a batata quente para outrem e para outro partido que não o dele.
Sendo de esquerda,o partido,pra mim,é só um detalhe.
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