O Estado de S. Paulo
Falta de segurança afeta avaliação do governo
e presidente planeja recriar Ministério em 2024
A saída de Flávio Dino do Ministério da
Justiça abre nova temporada de pressões sobre o governo. Indicado para o
Supremo Tribunal Federal (STF), Dino sempre foi contra separar a segurança
pública da Justiça, sob o argumento de que o titular da pasta precisa ter o
controle da Polícia Federal. Mas, ao menos no programa de governo – desde que
foi eleito presidente pela primeira vez, em 2002 –, Luiz Inácio Lula da Silva é
a favor de um modelo no qual haja a integração das polícias.
O tema virou o calcanhar de Aquiles nos
governos do PT. Tanto que a Bahia, Estado administrado pelo partido há 16 anos,
se transformou em campo minado de facções criminosas.
Até agora, apesar das promessas de campanha, parecia mais conveniente a Lula evitar o desgaste político e deixar tudo cair no colo dos governadores. Mas a crise vem se agravando e afeta a popularidade do presidente, às vésperas de um ano eleitoral.
Uma pesquisa Atlas Intel divulgada no dia 21
mostrou que, no diagnóstico de 60,8% da população, a criminalidade e o tráfico
de drogas são o maior problema do País hoje em dia.
Sem Dino na Esplanada, Lula avalia recriar o
Ministério da Segurança. E uma das ideias em análise é fazer essa mudança na
reforma ministerial, prevista para o início de 2024.
É aí, porém, que começam as pressões porque a
escolha do novo titular da Justiça depende justamente do modelo que Lula vai
imprimir à pasta.
O ministro da AdvocaciaGeral da União (AGU),
Jorge Messias, é contra a desidratação do ministério. O vice Geraldo Alckmin,
por sua vez, é a favor da divisão de funções.
Messias era o nome que a cúpula do PT queria
ver no STF, e não Dino. Agora, uma ala do partido tenta emplacálo na Justiça.
Mas ele não quer um prêmio de consolação.
“O presidente Lula resgatou o meu nome. Antes
de eu vir para a AGU, as pessoas me chamavam de Bessias”, afirmou o ministro à
Coluna. “Hoje, eu voltei a ser Jorge Messias. Para mim, isso é tudo na vida.”
O titular da AGU ficou conhecido como Bessias
em março de 2016, quando a então presidente Dilma Rousseff, às vésperas do
impeachment, teve uma conversa telefônica com Lula, vazada pelo juiz Sérgio
Moro. Dilma estava gripada e parecia chamar o chefe da Secretaria de Assuntos
Jurídicos de Bessias.
Lula, Messias e o ministro do STF Gilmar
Mendes se reencontraram neste mandato, em outros papéis. Gilmar, que barrou a
ida de Lula para a Casa Civil, hoje o ajuda: apoiou a indicação de Dino e foi
fiador de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República. E como ficou
Messias nessa história? “Sou terrivelmente pacificador”, diz ele, que, por
coincidência, é evangélico.
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