domingo, 14 de julho de 2024

Bruno Boghossian - Lula e as mulheres

Folha de S. Paulo

Presidente perdeu bônus após disputa com Bolsonaro e busca recuperar terreno entre eleitoras

A disputa contra Bolsonaro deu a Lula um bônus entre as mulheres no início do governo. Em março de 2023, a avaliação positiva do petista entre as brasileiras era de 42%, oito pontos acima dos homens. A vantagem sumiu no segundo ano. Em junho, o presidente marcava 37% entre as mulheres e 36% entre os homens, segundo o Datafolha.

A variação da popularidade de Lula e o esforço do presidente para recuperar terreno nas últimas semanas têm as eleitoras como termômetro. Os índices entre as mulheres dão boas pistas sobre a sensibilidade com a economia e mostram o que ocorre quando a rejeição ao bolsonarismo perde peso na equação.

As mulheres estavam particularmente insatisfeitas com sua situação econômica pessoal na virada de Bolsonaro para Lula. Em março do ano passado, 37% dos homens diziam que haviam melhorado de vida nos meses anteriores. Só 25% das eleitoras afirmavam o mesmo. Ao longo dos meses, a satisfação delas subiu, mas a popularidade de Lula, não.

O presidente perdeu parte de suas eleitoras de 2022. Entre as mulheres que declaram ter votado em Lula no segundo turno, a avaliação positiva do governo caiu de 74%, em março de 2023, para 65%, no mês passado. Elas não chegaram a migrar para a oposição, mas passaram a achar a gestão do petista apenas regular.

A desidratação ocorreu em regiões importantes para a vitória de Lula —em especial o Nordeste (de 61% para 48% de avaliação positiva entre as mulheres) e o Sudeste (de 38% para 31%). Houve quedas mais acentuadas na baixa renda, no grupo que estudou até o ensino médio, entre evangélicas e fora da população economicamente ativa.

Os sinais de uma recuperação de Lula, medidos pelo Ipec e pela Quaest na última semana, apontam que as mulheres podem ter voltado a puxar a popularidade do presidente para cima. O preço dos alimentos (com tendência de estabilidade) e os benefícios sociais (na mira de um pente-fino) vão determinar a trajetória do presidente nesse grupo.

 

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Tomara,o outro lado consegue ser pior ainda,aliás,bem pior!