O Estado de S. Paulo
Nas capitais e com evangélicos e banqueiros, Lula entra nas campanhas de 2024 e 2026
O presidente Lula fez dois movimentos
importantes nesta semana, além de entrar na campanha do segundo turno. Na
terça, sancionou o projeto criando o Dia da Música Gospel, com direito a
reunião no Planalto, foto e cantoria com evangélicos. Na quarta, se reuniu por
uma hora e meia com representantes dos quatro maiores bancos privados
brasileiros, com pauta em aberto e foco no equilíbrio fiscal, ou melhor, no
corte de gastos.
Se há algum ponto em comum entre evangélicos e o setor financeiro é a resistência ao PT, à esquerda e, por extensão, ao próprio Lula. Logo, há um esforço de Lula para vencer essas resistências, construir pontes e, no caso dos evangélicos, abrir dissidência, deixando uma pergunta no ar: quando será a rodada de conversas com o agronegócio, outro setor nada, nada, amigável?
A estrela do evento gospel de Lula foi o
deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), pastor da Assembleia de Deus Missão e
Vida e mais uma dessas figuras para lá de polêmicas que ganharam exposição e
microfones com a ascensão do bolsonarismo. Só que, agora, é todo elogio para
Lula, depois de Jair Bolsonaro impedir que se candidatasse à prefeitura do Rio
em favor do neófito Alexandre Ramagem.
Não é um motivo nobre, que demonstre grandeza
pessoal e preocupação com o País, mas confirma a brigalhada que se instalou na
extrema direita no rastro das eleições municipais. Bolsonaro já ouviu poucas e
boas do pastor Silas Malafaia, está se estranhando com o presidente do PL,
Valdemar Costa Neto, não esconde o ciúme do governador Tarcísio de Freitas e
mais essa: racha nos evangélicos da sua base, o Rio de Janeiro.
Na reunião de quarta, com o setor financeiro,
Lula também deixou de lado as críticas e ironias contra “o mercado” e “a Faria
Lima”, não fez cara feia para defender gastos e usou um figurino oposto ao da
antecessora Dilma Rousseff. Ouviu muito, prometeu “fazer tudo para o Brasil
crescer com equilíbrio fiscal” e deu o aval mais esperado da tarde: ao ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, que estava presente, tem bons canais no meio e tem
sua “total confiança”. Agora, é ver se tudo o que foi dito e prometido era para
valer ou só para banqueiro ver.
Lula também viajou nesta semana para o
Nordeste e está desembarcando em São Paulo para o segundo turno da eleição
municipal, além de abrir o leque e ganhar fôlego para os dois últimos anos do
terceiro mandato e as prévias de 2026. Tomara que não se anime com seus
próprios improvisos na reunião dos Brics e estrague tudo.
2 comentários:
Excelente análise, irônica e muito bem escrita!
Nem todo evangélico é bolsonarista.
Postar um comentário