Folha de S. Paulo
Governador do Paraná é balão de ensaio e boi
de piranha, mas atrai adeptos da frente ampla
Direita está em confusão, mas a articulação
política ainda é para lançar Tarcísio
Empresários que participam desses jantares políticos ficaram animados com Ratinho Junior, do PSD, governador do Paraná, que nesta semana foi lançado candidato no circuito São Paulo-Brasília. Ratinho por ora é candidato a balão de ensaio e, decerto, a boi de piranha ou a boneco de manobra diversionista das direitas. As direitas precisam desconversar enquanto dão sedativos aos Bolsonaro e tentam esconder Tarcísio de Freitas (Republicanos) enquanto lavam o governador de São Paulo da lama política que ele tem atirado na testa desde o início de julho.
Esses empresários poderiam aderir ao
"bolsonarismo de resultados" de Tarcísio: "não tem tu, vai tu
mesmo". Mas prefeririam alguém "mais de centro mesmo", que
agregasse a elite econômica mais civilizada, de empresas e finança, e quadros e
tecnocratas de alto nível, em especial economistas, "que não vão com
Tarcísio" (será?). Com Ratinho, seria possível. Tais pessoas e os raros
políticos do centro acham que o governador paranaense poderia reunir uma
"frente ampla" para tirar votos da esquerda e de antibolsonaristas em
geral.
Empresários e finança não decidem nada da
política, embora façam lobbies específicos decisivos, concedam votos de louvor
e deem mãozinhas ricas, está aí Joesley
Baptista e sua conversa com Donald
Trump para nos lembrar disso. Ora não há articulação para
sustentar Ratinho. PP, parte do União Brasil, Republicanos, parte do PL e, sob
certas condições, o PSD estão com Tarcísio.
Mas Tarcísio usou bonezinho MAGA, aceitou o
tarifaço Trump-Bolsonaro, desancou a
Justiça e apoiou a insurreição permanente da extrema direita
-boa parte do dinheiro quer o fim da confusão. O governador queima o filme.
Pode ficar com cara de tacho, como boa parte da direita, se Trump chegar a
algum acordo com Luiz Inácio Lula da
Silva.
O desarranjo intestino da direita é grande. É
preciso colocar os Bolsonaro na casinha, mas Eduardo quer
ser presidente e líder da extrema direita pura. A família,
agregados e parte do PL querem um Bolsonaro ao menos como vice, além de anistia
grande, o que bagunça não só negociações presidenciais. Muita gente da direita
gostaria de "verticalizar" a eleição, que o bloco tivesse tantas
candidaturas únicas quanto possível para governador e senador. Para encrencar,
Tarcísio se estranha com Gilberto
Kassab, seu secretário de governo e líder do PSD de Ratinho.
Dos candidatos da direita, Ratinho é aquele
ora que perde de menos para Lula em um segundo turno, apontam seus amigos na
política e no dinheiro. Pesquisa interna de um partido indica que Tarcísio saiu
chamuscado nessa temporada em que fez questão de se mostrar vassalo dos
Bolsonaro e em que abanou o bonezinho MAGA para Trump.
Foi um trimestre ruim para a direita. Mas
convém lembrar que, no final de junho, o governo Lula estava
acossado, atropelado no Congresso, atolado nas pesquisas, sob risco de sufoco
fiscal agudo etc. Veio o tarifaço e as direitas, felizes como pintos no lixo,
chafurdaram na própria sujeira. A baixa do dólar serviu de sedativo para a
tensão fiscal e financeira.
A eleição deve ser disputada; o ano que vem
será mais difícil na economia; direitas têm interesses e organizações
"estruturais", vão durar. Quem conseguir mais votos da "frente
ampla" leva vantagem. Tarcísio queima pontes. Por ora, arruma-se uma
pinguela para Ratinho, que porém não tem articulação e apoio real dos centrões
e direitões.
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