Folha de S. Paulo
Presidente do PSD disse que seu partido deve
ter nome independente dos bolsonaristas
Ele desconversou sobre possível apoio a Lula
mesmo no segundo turno
O presidente do PSD, Gilberto
Kassab, defendeu que o atual governador de São Paulo, Tarcísio
de Freitas (Republicanos), concorra à Presidência em 2026, mesmo
diante da candidatura de Flávio
Bolsonaro (PL), e indicou que uma aliança nacional com o filho de Jair
Bolsonaro não deve acontecer no primeiro turno.
"Eu ainda entendo que o Tarcísio é o
melhor candidato para o Brasil", disse nesta quinta-feira (11), durante um
evento do Todos pela Educação, em Brasília.
"Desejo boa sorte a ele [Flávio], que ele possa fazer uma boa campanha. Mas o PSD sempre teve a sua posição muito clara. O PSD tem como uma decisão apoiar o Tarcísio caso ele seja candidato. E se ele não for candidato, nós temos dois pré-candidatos dentro do partido", completou em referência a Ratinho Júnior, do Paraná, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul.
Atual secretário de relações governamentais
do governo Tarcísio, Kassab disse à rádio CBN nesta quarta-feira (10) que deixará
o posto para se dedicar às eleições do
ano que vem, mas a data do desligamento ainda não foi definida.
"Pode ser hoje, pode ser amanhã, ainda
não tem nada. Isso pode ser até março. Já estou delegando funções",
afirmou.
Nesta quinta, questionado sobre sua saída,
ele desconversou.
"Não é que vou ficar [no cargo]. Eu
nunca tive essa conversa. Sou secretário, o cargo é do governador [...]. Acho
que as pessoas confundiram um pouco porque existe muita especulação se eu posso
ser candidato a governador ou não", afirmou.
"Não tenho nenhuma obstinação em ser
candidato, eu tenho muita noção de que em politica existe liderança, e nosso
líder em São Paulo é o Tarcísio. Ele definindo candidato, nós estaremos com
esse candidato. Se for eu, ficarei muito feliz, mas esse calendário não é meu.
Estou muito tranquilo. Meu papel é estar ao lado do Tarcísio, seja [ele] como
candidato à reeleição, seja [ele] como candidato a presidente", completou
Kassab.
Seu partido, o PSD, tem três ministérios na
Esplanada de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT). Kassab, porém, desconversou sobre a possibilidade de apoio ao petista,
mesmo que no segundo turno.
"Nem no segundo turno o partido fechará
a questão. Mas, como eu acredito que o nosso candidato vai para o segundo
turno, […] então eu acho que o nosso candidato vai enfrentar o Lula no segundo
turno", disse.
Desde o anúncio de que pretende concorrer à
Presidência com apoio do ex-presidente e hoje inelegível Jair
Bolsonaro (PL), no início do mês, Flávio não conseguiu apoio de
nenhuma outra grande sigla da direita.
Em entrevista à Folha, o líder do PP
na Câmara, o deputado doutor Luizinho Teixeira (RJ), afirmou que a decisão dos
bolsonaristas aconteceu sem conversar com as demais siglas e que deve
trabalhar por uma outra candidatura de centro-direita.
Kassab afirmou ainda que caso, estivesse no
Congresso, votaria a favor do PL da Dosimetria, que reduz penas de acusados de
golpismo. Ele disse, no entanto, que o PSD não irá impor uma posição aos seus
parlamentares sobre o tema. A matéria ainda tem que passar pelo Senado.
Hugo Motta
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB),
também compareceu ao evento do Todos pela Educação, mas se recusou a atender os
jornalistas.
O parlamentar ainda
não esclareceu a censura ao trabalho da imprensa na Casa na última
terça, durante a retirada à força do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da
cadeira da presidência.
Na ocasião, a sessão deixou de ser
transmitida pela internet, a imprensa foi obrigada a deixar o plenário pela
polícia legislativa, e houve tumulto com empurra-empurra e agressões contra
jornalistas e deputados.

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