terça-feira, 21 de janeiro de 2014

OPINIÃO DO DIA: Aécio Neves

O PMDB tá sendo vítima dessa obsessão do PT por espaço. Mas dissidências ocorrerão em todos os Estados, porque não é fácil acomodar um latifúndio como esse em uma só chapa.

Os interesses regionais acabam sendo conflitantes e o PT ainda nos ajuda ao querer tudo. O PT quer o poder federal, o poder nos Estados, quer o Senado, a maioria na Câmara e pode acabar ficando sem nenhuma dessas coisas."

Aécio Neves, “Aécio aposta em peemedebistas insatisfeitos com o PT”. O Estado de S. Paulo, 21 de janeiro de 2014.

Reforma e alianças na pauta

Dilma se reúne com Lula no Alvorada para discutir as mudanças ministeriais e o cenário das eleições. Perto de ser anunciado titular da Casa Civil, Mercadante participa do encontro e já despacha do Palácio do Planalto

Paulo de Tarso Lyra e Daniela Garcia

Durante cinco horas de reunião no Palácio da Alvorada, o provável núcleo central da campanha de Dilma Rousseff à reeleição — o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Franklin Martins, o chefe de gabinete de Dilma, Giles de Azevedo, e o ministro da Educação e futuro titular da Casa Civil, Aloizio Mercadante — discutiu a conjuntura política, incluindo as mudanças na Esplanada, os cuidados para que a Copa do Mundo não se transforme em um pesadelo para o Planalto e as ações voltadas para a educação em um eventual segundo mandato. A única ausência foi a do marqueteiro João Santana, não convidado estrategicamente para evitar questionamentos da oposição sobre uma reunião de campanha em pleno dia útil de trabalho e no horário de expediente da presidente.

Além de Giles de Azevedo, o único integrante do primeiro escalão a participar do encontro foi Aloizio Mercadante, convidado, durante o fim de semana, para assumir a Casa Civil no lugar de Gleisi Hoffmann. Ela pretende concorrer ao governo do Paraná. Mercadante, inclusive, já despachou parte do dia de ontem no Planalto, preparando a transição de pastas, que será consumada tão logo Gleisi retorne das férias, na quinta-feira.

A mudança de Mercadante abre espaço para que o atual secretário executivo do Ministério da Educação, Henrique Paim, assuma o cargo de titular. Paim conta com a simpatia da presidente Dilma e do próprio Mercadante, que pretende indicar o sucessor. Ele também quer manter Marco Antonio Raupp no Ministério de Ciência e Tecnologia, pasta que está sendo cobiçada pelo PSD de Gilberto Kassab.

O porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, não quis confirmar o convite feito pela presidente a Mercadante. “As mudanças serão anunciadas depois do retorno da viagem da presidente à Suíça e a Cuba (no fim do mês)”, declarou. Mas Dilma deve conversar ainda hoje com o provável futuro ministro da Saúde, Arthur Chioro (leia mais na página 5). Ele deve assumir a vaga do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo.

Dilma também se reuniu ontem, no fim da tarde, com o ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), que deixará a pasta para concorrer ao governo do Rio de Janeiro. Crivella lidera, até o momento, as pesquisas de intenção de voto e já confirmou que dará palanque a Dilma.

No Rio, Dilma e Lula lutam para conter a briga entre o PT e o PMDB. Pré-candidato petista ao governo estadual, o senador Lindbergh Farias confirmou que a legenda desembarcará da administração fluminense em 28 de fevereiro. Ato contínuo, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), confirmou que renunciará ao mandato para concorrer ao Senado. O gesto reforçará a campanha do atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), que disputará o Executivo local.

Copa
Antes das eleições, entretanto, o grande evento esportivo do ano no país, a Copa do Mundo, tem tirado o sono de Dilma e dos ministros mais próximos, incluindo os que deixarão a pasta na reforma ministerial que se desenha. Na semana passada, o Correio mostrou que a presidente pretende fazer, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um mutirão para evitar rebeliões nos presídios situados nas 12 cidades sede dos jogos. Ela não quer que se repitam as cenas de selvageria que ocorreram no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão.

Dilma também está preocupada com o nível de enfrentamento que o torneio provocará na sociedade. No início do ano, circulou nas redes sociais a hashtag #naovaitercopa, em alusão às manifestações que devem ocorrer no país. O PT reagiu e mandou o recado em sua página em uma grande rede social: #vaitercopa. O governo reconhece que, em junho, as manifestações de rua devem voltar, com mais intensidade. Como as obras de infraestrutura e mobilidade urbana estão atrasadas e os aeroportos tendem a não ficar prontos a tempo de receber os turistas, a tendência é de que o nível de insatisfação aumente.

Uma das principais bandeiras da primeira campanha, Dilma deve dar mais atenção ao setor em um eventual segundo mandato. A presidente se apoia nos royalties do pré-sal para dar um salto na educação, prometido por ela quatro anos atrás, mas que ainda não tinha efetivamente concretizado. Dilma tem o programa Ciência Sem Fronteiras para apresentar, mas a grande marca do primeiro mandato deverá ser o Mais Médicos, no campo da Saúde.

Fonte: Correio Braziliense

Cotado para a Saúde é investigado

MP apura se empresa de Arthur Chioro, secretário no interior paulista, cometeu irregularidade ao prestar consultoria para prefeituras

João Valadares

O secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP), Arthur Chioro (PT), praticamente garantido como novo ministro da Saúde após intervenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reforma ministerial, é alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A presidente Dilma Rousseff deve se reunir hoje com Chioro para bater o martelo em torno do seu nome. Em setembro do ano passado, a promotora Taciana Trevisoli Panagio, que atua em São Bernardo do Campo, instaurou inquérito civil público para apurar a denúncia de que Chioro, além de comandar a pasta municipal, é dono de uma empresa da área que prestava consultorias para prefeituras petistas.

A Consaúde Consultoria, Auditoria e Planejamento LTDA., que tem Chioro como sócio majoritário, manteve contratos sem licitação com várias prefeituras de São Paulo, incluindo administrações do seu próprio partido. A empresa prestou serviços, por exemplo, para a Prefeitura de Ubatuba, comandada pelo petista Maurício Morozimato. Também foi firmado contrato com o município de Botucatu, durante a gestão do petista Antônio Mário de Paula Ferreira. A Lei Orgânica do Município (LOM) de São Bernardo do Campo não permite secretários municipais serem donos de empresas que mantêm contratos com entes públicos.

Na tarde de ontem, por meio da assessoria de imprensa do Ministério Público, a promotora Taciana Trevisoli apenas confirmou que o procedimento está em curso. Para não atrapalhar a investigação em andamento, ela preferiu não se pronunciar sobre o assunto. Informou que já fez o pedido de informação ao secretário de Saúde. O MPSP comunicou que ainda não existe uma previsão para conclusão do inquérito.

Influência
A indicação de Chioro para o Ministério da Saúde foi um arranjo político costurado pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), e, sobretudo, pelo ex-presidente Lula. Marinho alimentava a esperança de ser o candidato do PT para disputar o governo de São Paulo. Com a entrada do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ele acabou rifado e poderia fazer “corpo mole” na campanha.

Até então, os mais cotados na disputa para assumir o posto no lugar de Padilha eram os secretários de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, e de Gestão da Educação e Trabalho na Saúde, Mozart Sales. O mineiro Helvécio é apadrinhado político do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Já o pernambucano Mozart, cérebro do Mais Médicos, contava com a simpatia de Padilha e da presidente Dilma Rousseff.

Com a chegada de Chioro, os dois devem deixar a pasta para tentarem vaga na Câmara dos Deputados nas eleições deste ano. Nos bastidores, comenta-se que Chioro chegará com aval para reformular toda a equipe. O diretor do Departamento de Regulação, Avaliação e Controle do Ministério da Saúde, Fausto Pereira dos Santos, deve ser promovido para ocupar a Secretaria Executiva da pasta.

No início da tarde de ontem, o Correio entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo, no entanto, até o fechamento desta edição, não houve nenhuma resposta em relação aos questionamentos sobre o inquérito civil público em andamento.

Fonte: Correio Braziliense

Diretor da Conab indiciado pela PF pede exoneração

Silvio Isopo que era da cota pessoal da presidente Dilma, foi apontado por suposto envolvimento em esquema de desvio de verbas de programa de compra de alimentos em 2013

Evandro Éboli

BRASÍLIA - O diretor de Política Agrícola da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Silvio Isopo Porto, que foi indiciado pela Polícia Federal por suposto envolvimento num esquema de desvio de verbas do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), em setembro de 2013, foi exonerado do cargo nesta segunda-feira. Silvio Isopo está de férias e pediu exoneração do cargo.

A ação judicial, que envolve outros servidores do órgão, está na fase inicial e, no caso de Isopo, ele apresentou uma defesa preliminar se defendendo das acusações, mas que ainda não foi apreciada pela Justiça.

Isopo é ligado ao PT e foi uma escolha da própria presidente Dilma Rousseff. Neste momento, ele está na Espanha, onde faz curso de mestrado na área de agroecologia.

Para o lugar de Isopo já foi nomeado o petista João Marcelo Intini, que trabalha na assessoria da bancada do PT na Câmara. Ele foi indicado pelos ministros Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) e Tereza Campelo (Desenvolvimento Social).

Fonte: O Globo

Aécio aposta em peemedebistas insatisfeitos com o PT

Débora Bergamasco

BRASÍLIA - Embora enfrente dificuldades para montar palanques em alguns Estados, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), quer tirar proveito das insatisfações geradas na base aliada do governo federal com a reforma ministerial.

O tucano mostra disposição em abrir espaços em seu arco de alianças para acomodar o PMDB - principal aliado da presidente Dilma Rousseff - nos locais onde o partido ameaça se rebelar. A ideia é aproveitar a crise do partido com o governo nas negociações da reforma ministerial para atrair apoios regionais do PMDB para sua candidatura à Presidência.

"O PMDB tá sendo vítima dessa obsessão do PT por espaço. Mas dissidências ocorrerão em todos os Estados, porque não é fácil acomodar um latifúndio como esse em uma só chapa", afirmou Aécio. "Os interesses regionais acabam sendo conflitantes e o PT ainda nos ajuda ao querer tudo. O PT quer o poder federal, o poder nos Estados, quer o Senado, a maioria na Câmara e pode acabar ficando sem nenhuma dessas coisas", disse.

O PSDB já articula com o principal aliado de Dilma em cinco Estados, entre eles o Piauí. Lá, o diretório estadual da sigla negocia uma candidatura com o deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI) como cabeça de chapa e o ex-prefeito tucano Sílvio Mendes na vice.

Outro lugar onde os partidos já começaram as tratativas é na Bahia. O racha entre PMDB e PT no Estado é avaliado como irreversível por integrantes das siglas. Por isso, o ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB) abriu negociações com o PSDB e também com o DEM. O drama é semelhante no Ceará. O senador Eunício Oliveira (PMDB) queria ter apoio de Dilma para disputar o governo. O PT, no entanto, deve se aliar ao grupo de Ciro Gomes, hoje no PROS. A tendência é que a aproximação empurre o PMDB para a coalizão tucana.

Panos quentes. O presidente do PMDB em exercício, o senador Valdir Raupp (RO), que trabalha para tentar abrandar o clima de insatisfação entre seu partido e o PT, afirma que a prioridade agora "é acertar alianças entre petistas e peemedebistas nos Estados". Segundo ele, o apoio mútuo está "praticamente fechado no Amazonas, em Tocantins, no Pará e no Distrito Federal". "Acertamos que se as coligações regionais contrariem a lógica federal, o assunto terá que ser aprovado pela executiva nacional", diz sobre os palanques em que as duas siglas estarão em campos opostos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PSDB 'namora' base de Dilma em nove Estados

Adesão de tucanos aos candidatos a governador que têm ligação nacional com a presidente pode limitar palanques de Aécio

Pedro Venceslau e Ricardo Chapola

Depois de vencer uma longa batalha partidária interna contra o ex-governador paulista José Serra, que ensaiou pedir prévias para escolha do candidato tucano à Presidência, e unificar o discurso dos 27 diretórios estaduais do PSDB em torno de seu nome, o senador Aécio Neves (MG) enfrenta agora o desafio de montar palanques para disputar o Palácio do Planalto em Estados onde o partido têm uma estrutura frágil.

A principal preocupação da executiva nacional está nos locais em que o PSDB não conta com nomes competitivos para a disputa majoritária e tende a se coligar com partidos da base da presidente Dilma Rousseff para sobreviver. Nesses Estados, Aécio corre o risco de ficar sem capilaridade local, tempo na TV e palanque. "Estamos cobrando desempenho e engajamento de todos os diretórios na campanha nacional", diz o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP), secretário-geral do PSDB e principal responsável pelo "mapa" político tucano.

Levantamento feito pela reportagem mostra que em nove Estados os tucanos ensaiam entregar seu tempo de TV na propaganda eleitoral para legendas que, na disputa nacional, vão apoiar a reeleição de Dilma.

A cúpula do PSDB dá como certo que contará com 13 candidaturas próprias a governador, mas pressiona dirigentes locais para ampliar esse número. Dos nove Estados onde os tucanos se articulam com partidos da base de Dilma, dois - Bahia e Rio Grande do Sul - são tratados como exceções.

No primeiro caso, o PSDB se aproxima do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, presidente do PMDB baiano. Contrariando a orientação de seu partido, ele faz oposição a Dilma na Bahia. Ainda assim, a preferência de Aécio é por um acerto menos arriscado: com o DEM, que deve lançar o ex-governador Paulo Souto.

No Rio Grande do Sul, os tucanos devem apoiar a candidatura da senadora Ana Amélia (PP), que faz oposição à presidente, embora seu partido ocupe o Ministério das Cidades. Em outros três Estados - Ceará, Rio e Piauí - o PMDB é "dilmista", mas está em atrito com os petistas locais (mais informações abaixo).

Linha de corte. Pela primeira vez desde sua fundação, o PSDB está "enquadrando" os Estados, dentro da estratégia de dar prioridade ao pleito nacional. A orientação é clara: devem ser evitadas alianças com partidos engajados no projeto de reeleger Dilma.

Na próxima reunião da executiva tucana, no dia 11, em Brasília, os tucanos discutirão caso a caso e avaliarão a tese de ampliar o veto de coligações locais para além do PT, como manda a norma atual. Um dos partidos que pode entrar na linha de corte é o PC do B, que negocia com os tucanos no Maranhão. O Estado é considerado um dos mais problemáticos para a campanha presidencial de Aécio.

Os tucanos maranhenses estão divididos entre apoiar Flávio Dino (PC do B) ou Luís Fernando Silva, nome do PMDB escolhido pela governadora Roseana Sarney, aliada de Dilma.

As duas opções são consideradas péssimas. "Se o PC do B se afastar do PT no Estado, o candidato deles, Flávio Dino fica livre para receber o PSDB e o PSB. Esse palanque seria misto", disse o deputado Carlos Brandão, presidente do PSDB-MA.

Os cenários no Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro também são problemáticos.

No primeiro caso, a sigla conta uma estrutura frágil - o PSDB deve ter apenas um candidato a deputado federal. "Aqui nós só não conversamos com o PT", afirma Valério Marinho, presidente do PSDB potiguar.

Terceiro maior colégio eleitoral do Brasil, o Rio é tratado pela cúpula como um capítulo dramático. Sem nomes fortes para montar um palanque próprio, o partido se aproximou do PSB - que deve apoiar o deputado Miro Teixeira (PROS), aliado da ex-ministra Marina Silva - e do PR, que contará com Anthony Garotinho. "Perdemos no Rio por mais de 1 milhão de votos em 2010", lembra Mendes Thame.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Caio Junqueira: As distintas táticas pré-eleitorais de governo e oposição

As movimentações de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) nesta pré-campanha presidencial deixam claro haver duas estratégias distintas em curso.

Uma, a da presidente-candidata, visa tão somente obter um amplo tempo de televisão, dominar o horário eleitoral gratuito, impedir que aliados no governo possam se transformar em adversários na eleição e, com isso, levar aos opositores seus preciosos minutos de propaganda. Para tanto, PT e governo usam a reforma ministerial como fator de atração aos partidos com todas as nuances de uma pré-campanha.

O problema, porém, é que neste jogo há mais partidos do que ministérios a serem preenchidos. Como agravante, partidos e ministérios com tamanhos e relevâncias distintas. Se acomodar todos já é difícil, mais ainda é deixá-los satisfeitos uma vez concluída a reforma ministerial. E é daí que nasce a outra estratégia em curso, dos candidatos da oposição. Ela consiste em apostar na formação de palanques estaduais em detrimento de um amplo tempo de TV.

É verdade que é isso o que resta à oposição. Sem grandes ministérios e o alto volume de recursos federais que as pastas proporcionam para alimentar as sedentas bases eleitorais dos partidos, Aécio Neves e Eduardo Campos têm dificuldades em fechar sua coalizão e melhorar seus tempos de TV. Por isso, jogam tudo na montagem de bons palanques nos Estados que possam fazer o contraponto a vasta exposição que Dilma terá no horário eleitoral.

Nessa disputa, Aécio sai na frente em relação a Campos. Seu partido tem oito governadores, que controlam 47% do eleitorado brasileiro. Campos tem cinco Estados, com 10,4% dos votantes.

Além disso, o tucano não tem Marina Silva em seu encalço para barrar acordos eleitorais outrora selados que serviam justamente para dar amplitude a esse eleitorado em potencial.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio: governo federal é omisso com a segurança pública

Erich Decat

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), acusou nesta segunda-feira, 20, o governo federal de ter "lavado as mãos" para a área de segurança. A declaração do tucano, feita por meio de uma nota oficial do partido, ocorre poucas horas depois de a presidente Dilma Rousseff alfinetar os governos anteriores e afirmar que na sua gestão e na do ex-presidente Lula a questão de segurança pública não ficou apenas nas mãos do Estado.

"Nós nunca nos omitimos, pelo contrário", afirmou Dilma em entrevista na manhã desta segunda a rádios de Minas Gerais, reduto eleitoral de Aécio. Segundo a presidente, o governo está investindo R$ 1,1 bilhão no sistema penitenciário nacional. A expectativa é que sejam criadas 47 mil novas vagas no sistema prisional, mais de 5 mil delas em Minas Gerais.

"Infelizmente, as palavras da presidente não têm o poder de mudar a realidade. O governo federal tem sido extremamente omisso e lavado as mãos em relação à segurança pública", afirmou o senador em trecho da nota. "Não é compreensível que, apesar da gravidade que a questão vem assumindo em todo o Brasil, o governo federal, que acumula cerca de 60% de tudo que se arrecada em impostos no País, participe com apenas 13% do financiamento da segurança pública, cabendo a Estados e municípios arcar com 87%", diz o tucano.

Segundo ele, o governo federal, na gestão Dilma, liberou apenas 10,5% dos recursos previstos no Fundo Penitenciário Nacional, "que deveria servir exatamente para minimizar a situação dramática das penitenciárias, onde ocorrem cenas de barbárie como as que assistimos no Maranhão".

Leiam a nota

Governo Dilma é omisso e lava as mãos em relação à segurança pública, diz Aécio

“Infelizmente, as palavras da presidente não têm o poder de mudar a realidade. O governo federal tem sido extremamente omisso e lavado as mãos em relação à segurança pública. Não é compreensível que, apesar da gravidade que a questão vem assumindo em todo o Brasil, o governo federal, que acumula cerca de 60% de tudo que se arrecada em impostos no país, participe com apenas 13% do financiamento da segurança pública, cabendo a estados e municípios arcar com 87%.

Além disso, mesmo com a gravíssima situação dos presídios brasileiros, o governo federal, no período da atual presidente, liberou apenas 10,5% dos recursos previstos para o Fundo Penitenciário Nacional, que deveria servir exatamente para minimizar a situação dramática das penitenciárias, onde ocorrem cenas de barbárie como as que assistimos no Maranhão. O governo preferiu usar mais uma vez os recursos do fundo para construir seu superávit primário.

A verdade é que o atual governo vem, de forma recorrente, penalizando estados e municípios, como aconteceu no final do ano passado, ao adiar transferências de R$ 7 bilhões devidas aos entes federados para compensar sua incapacidade de alcançar a meta estabelecida de superávit.

Reitero: na área de segurança pública, o governo federal lavou as mãos.”

Presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG)

Fonte: O Estado de S. Paulo

Com saída do PT do governo Cabral, Pezão não descarta apoiar PSDB de Aécio

‘Aceito apoio de todos os partidos’, diz o vice-governador

Cássio Bruno

RIO - Um dia depois de o PT do Rio anunciar a saída do governo Sérgio Cabral em 28 de fevereiro, o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) não descartou a possibilidade de se aproximar do PSDB, do senador Aécio Neves. Pré-candidato ao governo do Rio, Pezão afirmou ao GLOBO que, apesar de ter compromisso com a presidente Dilma Rousseff, vai conversar com o presidente regional do partido, Jorge Picciani, para saber que rumo deverá ser tomado.

- Aceito apoio de todos os partidos, mas o meu compromisso é com a presidente Dilma. Temos que conversar. Depois do fato consumado (saída do PT do governo Cabral), vou conversar com o presidente do partido (Picciani) - afirmou o vice-governador.

Pezão disse que ainda vai tentar um acordo com o PT fluminense, que tem como pré-candidato o senador Lindbergh Farias:

- Até junho, a minha luta é para ter o PT. Se não der certo, vamos ver o que acontece.

Perguntado, então, se as chances de apoiar Aécio e o PSDB eram zero, Pezão declarou:

- Zero nunca é. Mas muita água ainda vai rolar. É cedo para falar em eleição.

Pré-candidato à Presidência, Aécio Neves ainda não tem um pré-candidato ao governo do Rio. Alguns nomes já foram falados pelos tucanos, entre eles o do técnico de vôlei Bernardinho, que recusou o convite. Fala-se agora na ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Graice, recém-filiada ao partido.

Ou seja: Aécio, por enquanto, não tem um palanque no estado.

- O PSDB quer ter um projeto próprio no Rio, que represente o novo. Mas nos interessa aproximar de várias seções do PMDB, como a do Rio. É possível. O Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes já foram do PSDB. No momento que houver uma ruptura (do PMDB com o PT), pode haver um diálogo com o PSDB. Só não queremos ser um contrapeso nas negociações do bloco governista - disse o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), um dos tucanos mais próximos de Aécio.

Na semana passada, a executiva nacional do PMDB cogitou fazer alianças regionais com o PSDB. Os peemedebistas estão insatisfeitos com a reforma ministerial da presidente Dilma. O assunto foi debatido durante um jantar no Palácio Jaburu, residência oficial do vice Michel Temer.

PMDB quer antecipar convenção para 26 de abril
O presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, disse que o diretório nacional do partido pretende antecipar a convenção da legenda de 30 de junho para 26 de abril. No encontro, os peemedebistas querem aprovar um texto que condicione apoio da sigla à reeleição de Dilma somente se o PT pedir votos para candidatos do PMDB em estados como Rio, Ceará e Maranhão, estados onde o clima na aliança é tenso.

- Só nos estados do Ceará, Rio de Janeiro e Bahia já temos 35% dos diretórios. Há dissidências também no Tocantins, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pernambuco. É possível aprovar o fim da aliança nacional com o PT - ressaltou Picciani.

Ele criticou os petistas:

- Depois da afronta do presidente nacional do PT, Rui Falcão, que foi ao Ceará e, depois, ao Rio de Janeiro, desmanchando duas alianças, é porque o PT está disposto a correr o risco. A soberba do PT é que leva essa posição do PMDB.

O presidente regional do PSDB, Luiz Paulo Corrêa da Rocha, desconversou:

- Até o fim de março, queremos o Bernardinho. Por enquanto, não temos plano B. Só o Bernardinho.

Em maio do ano passado, durante uma reunião do PMDB, em Brasília, Sérgio Cabral lembrou a aliados sua íntima relação com Aécio. Ao comentar sobre a difícil missão de fazer com que o PT embarcasse na pré-candidatura de Pezão, Cabral disse:

- Não é bem assim que a gente não tenha alternativa. Eu tenho relação com várias pessoas no mundo político. O nome do meu filho é Marco Antônio Neves Cabral - disse, apontando para o filho, também presente ao encontro.

Marco Antônio é filho do primeiro casamento do governador, com Suzana Neves, que é parente de Aécio.

Caso o PT entregue mesmo os cargos da administração de Cabral em 28 de fevereiro, Cabral anunciou que também deixará no Palácio Guanabara na mesma data, conforme O GLOBO revelou no domingo. O objetivo é dar maior visibilidade a Pezão, que assumiria o governo. A data prevista para Cabral sair era em 31 de março.

A pressão do PT do Rio para abandonar Cabral e Pezão ocorre desde o segundo semestre do ano passado. Mas, até então, os petistas eram contidos pelo ex-presidente Lula para não provocar um desgaste com o PMDB na aliança nacional e não prejudicar a tentativa de reeleição de Dilma.

Fonte: O Globo

'Não vejo como o PMDB do Rio ficará na aliança nacional', diz Cunha

Líder do partido na Câmara voltou a pressionar o governo Dilma Rousseff após o diretório do PT no Estado oficializar candidatura de Lindbergh

Wilson Tosta

RIO - O comando do PMDB vai intensificar a pressão sobre o Palácio do Planalto para forçar o PT nacional a intervir e impedir que o senador Lindbergh Farias (PT) seja candidato a governador do Rio, em chapa rival à do vice-governador Luiz Fernando Pezão, postulante do PMDB.

O partido antecipará sua convenção para abril e colocará a manutenção da coligação nacional no centro da discussão da aliança de apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, afirmou o líder peemedebista na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ). No sábado, 18, o diretório regional do PT fluminense aprovou a entrega em 28 de fevereiro dos cargos no governo Sérgio Cabral Filho (PMDB) e o lançamento de Lindbergh.

"A antecipação da convenção pode ser a saída para resolver (o impasse) ou mudar de lado", disse Cunha, ressaltando que só dava uma opinião. "Não vejo como o PMDB do Rio ficará na aliança nacional se o PT local tiver candidatura própria. Vamos ver como isso contamina a coligação (de apoio a Dilma)."

A convenção deverá acontecer no fim de abril, bem antes do término do prazo legal, em junho. A antecipação foi acertada em reunião com o vice-presidente Michel Temer, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), líderes nas duas Casas e dirigentes partidários, em Brasília, na última quarta-feira, 15.

"Vamos votar o apoio à reeleição. Já que o PT colocou um fato consumado, vamos ver como fica a questão nacional", disse Cunha, para quem "é óbvio" que a decisão tomada pelo PT no sábado "dificulta" e "vai complicar" a aliança em torno de Dilma. "Com a decisão do PT, o PMDB do Rio fica liberado para fazer o que quiser, fica solto."

O partido estimula especulações sobre a possibilidade de sua seção fluminense apoiar outro presidenciável, possivelmente Aécio Neves (PSDB), se Lindbergh for lançado candidato.

Depois da decisão do PT, Cabral, que manifestara a intenção de renunciar em 31 de março, anunciou que anteciparia a saída em um mês, deixando o Palácio Guanabara em 28 de fevereiro, junto com os petistas.

Ele precisa sair do governo, no máximo, seis meses antes do primeiro turno da eleição, porque pretende concorrer a um cargo no Senado, e seu filho Marco Antônio também tentará uma cadeira de deputado. No PMDB, a decisão foi vista como um modo de dar mais exposição a Pezão, que amarga índices modestos nas pesquisas.

"Acho que o governador (com o anúncio) quis demonstrar que o governo é feito em parceria. Se a parceria foi desfeita, prefere sair. Também foi uma maneira de dar mais visibilidade a Pezão e mostrar que sua candidatura é para valer", afirmou Cunha.

O presidente do PT do Rio, Washington Quaquá, considerou "estranho" que Cabral anunciasse a antecipação da saída em função da decisão do PT. "Assumimos a ofensiva. Lindbergh é o candidato com maior potencial, lançou sua candidatura e partiu para consolidar a chapa, o que nos coloca no centro da disputa. Os outros começam a se mexer em função da nossa movimentação."

Fonte: O Estado de S. Paulo

PSB se reúne no Recife para discutir campanha de Eduardo Campos

A ex-senador Marina Silva, provável vice na chapa, não deve participar do encontro

Um pequeno grupo de integrantes da cúpula do PSB se reúne nesta terça-feira (21), no Recife, para discutir algumas ações que deverão ser implementadas em torno da candidatura à Presidência da República do governador de Pernambuco e presidente da legenda Eduardo Campos. Apesar de integrar o partido e ser cotada para assumir a vaga de vice na chapa de Campos, a ex-senador Marina Silva não deve participar do encontro, segundo representantes da legenda ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Entre os temas da pauta da cúpula do PSB está a definição de uma data para apresentar aos eleitores as diretrizes que irão compor o programa partidário para a campanha eleitoral. A previsão, no entanto, é que esse documento seja divulgado apenas no próximo dia 30 de janeiro ou no dia 4 de fevereiro, em um ato político possivelmente em Brasília.

No encontro de terça, integrantes da cúpula do PSB devem definir também um organograma em que fique estabelecido o papel de cada um que integrará o "núcleo duro" da campanha presidencial de Eduardo Campos. Deve entrar na composição deste organograma o nome da pessoa que comandará a parte de comunicação do partido durante a campanha. Um dos nomes avaliados para o posto é o do marqueteiro Renato Pereira que até o final do ano passado trabalhou na equipe do presidente do PSDB e possível candidato à presidência, senador Aécio Neves (MG).

Eduardo Campos deve apresentar ainda uma previsão inicial do orçamento que o partido contará para a disputa eleitoral. De acordo com cálculos de alguns socialistas, o custo de cada candidatura própria aos governos estaduais gira em torno de R$ 10 milhões, valores que devem ser alterados.

Outro tema de debate do encontro da cúpula do PSB deve ser a formação das alianças nos Estados, em especial São Paulo, maior colégio eleitoral do país e onde o partido está dividido entre lançar uma candidatura própria para o governo local ou permanecer na chapa do atual governador, Geraldo Alckmin (PSDB).

Em uma outra linha de ação, o PSB deverá realizar em conjunto com os integrantes do PPS e da Rede uma série de seminários regionais a partir de fevereiro para adicionarem os debates no conjunto de ideias da plataforma de governo. O primeiro encontro está previsto para ocorrer em Porto Alegre no próximo dia 22 de fevereiro. Em março o seminário deverá ocorrer no Rio de Janeiro. Em abril a previsão é que o encontro seja feito no dia 05, em Recife, no dia 12 em Goiânia e por fim no dia 26 em Manaus.

Fonte: Jornal do Commercio (PE) &Agência Estado

Jürgen Habermas: Crise de Democracia (os potenciais críticos na nova sociedade)

Na entrevista ao jornalista e escritor italiano Angelo Bolaffi, publicada no Brasil pela revista Encontros da Civilização Brasileira n. 8 (fev. 1979, tradução. de Luiz Mário Gazzaneo), a propósito da crise que então abalava os países de alto índice de desenvolvimento capitalista, Habermas respondeu, dentre outras, às seguintes perguntas relativas ao dado novo que ele chamava de “potenciais de protesto”:

Angelo Bolaffi: Em 1973, na sede do Goethe Institut de Roma, o senhor proferiu uma conferência intitulada Was heisst heute Krise? Passados cinco anos, volto a formular a pergunta: o que significa a crise hoje?

Habermas: Diria que nos últimos anos o mecanismo de crise continua tendo sua origem no sistema econômico, mas que o Estado do bem-estar, de qualquer modo o capitalismo orientado no sentido do Welfare State, não permite mais que a crise apareça de forma imediatamente econômica. E que, ao contrário, exatamente em épocas de recessão e em tempos de grande desemprego, a tentativa de integração cultural e social é o verdadeiro âmbito em que podem se manifestar fenômenos críticos.

Os anos recentes confirmaram mais ainda a minha convicção de que não é possível uma conversão das tendências de crise econômica em reação política nem mesmo da parte dos setores organizados dos trabalhadores que agem racionalmente e de acordo com o objetivo de alcançar esse fim, ou dos sindicatos, ou mesmo, entre nós na Alemanha, do partido Socialdemocrata. Ao contrário, creio que estas tendências críticas impõem-se de modo muito mediato e de maneira tal a sobrecarregar os mecanismos da integração social e cultural. Isto significa que hoje é preciso um “dispêndio ideológico” maior que em épocas de desenvolvimento capitalista com baixo índice de desemprego.

Este dispêndio ideológico orienta-se em duas direções: de um lado é incrivelmente sublinhada a ética do trabalho, isto é, presencia-se a reabilitação de comportamentos concorrenciais e a corrida nas prestações e a exaltação de virtudes que são simplesmente ligadas a uma alta mobilidade do mercado de trabalho. Isto significa que é preciso ensinar as pessoas a aceitar trabalhos que em outras condições não fariam por sua vontade ou para os quais não dispõem da necessária preparação. Volta-se assim a acentuar a ética da prestação e as virtudes fundamentais, e esta orientação penetra profundamente desde os primeiros anos de escola, até se tornar dominante no sistema educacional.

A outra direção que hoje exige um “dispêndio ideológico” é a que se volta para uma vitalização de virtudes e valores tradicionais, em primeiro lugar do elemento privado em-ou a-político, que tem o seu reflexo literário num novo subjetivismo, num renascimento certamente agradável da lírica e do romance no lugar de obras crítico-analíticas da época histórica, especializadas, sociológicas e politológicas. É um modo de reagir retoricamente contra a burocratização e os efeitos negativos do crescimento capitalista. Penso ser necessário levar a sério aquela parte da propaganda de direita que atinge necessidades verdadeiras e oferece uma interpretação conservadora para problemas reais. 

No caso da crítica do burocratismso como também na reavaliação de formas de vida tradicionais, e nas reações espontâneas não só à industria atômica, e inclusive no das reações às reformas escolásticas introduzidas por meios administrativos, manifesta-se um problema de fundo que tanto em Marx como também em Max Weber desenvolveu um papel destacado. Isto é, que em decorrência do desenvolvimento capitalista e de um processo de acumulação obviamente não orientado politicamente, pouco a pouco as formas limitadas da racionalidade econômica e também aquelas da racionalidade administrativa funcional àquele sistema, penetram em esferas de vida cada vez mais amplas, e ao mesmo tempo reestruturam-nas embora elas, de per si, deveriam voltar-se na direção de formas completamente diversas de racionalidade, isto é, formas prático-morais, processos de formação democrático-participadoras da vontade. 

Haveria assim muita necessidade de formas de relação nas quais se pudesse exprimir mais subjetividade, mais sentimentos: isto é, onde comportamentos emocionais fossem tidos muito mais em conta. Concluindo, pode-se dizer que o maior “dispêndio ideológico” do qual falei visa a dar uma interpretação conservadora de problemas que na verdade são, ao contrário, efeitos secundários disfuncionais de um crescimento capitalista politicamente não controlado. (...)

Angelo Bolaffi: Mas se é verdade que estes conflitos não reproduzem imediatamente a imagem clássica marxista do conflito de classe, eles derivam então e sempre de causas estruturais ligadas ao desenvolvimento capitalista. Disso deriva que acaba por se ampliar a missão política de reconexão na prática e na consciência dos nexos entre causas e efeitos.

Habermas: “A nós, marxistas, coloca-se o problema de interpretar as experiências que se articulam nestes movimentos de modo tal que a nossa leitura possa ser compreendida pelos que são imediatamente mobilizados: isto é, de como pode ser possível que se torne crível a nossa hipótese segundo a qual estes movimentos são fenômenos provocados pelo desenvolvimento capitalista politicamente incontrado. Porque se isto não sucede, então estes potenciais de protesto podem ser muito facilmente canalizados por um partido da ordem, conservador; por exemplo, na República Federal Alemã, os democratas-cristãos e até a CSU da Bavária utilizam a expressão “administração humana” para utilizar o potencial crítico da reação à burocracia em sentido conservador. 

Por enquanto uma tal perspectiva não é ainda iminente mas poderia acontecer, tanto mais por que estes potenciais críticos não são capazes de organização, e mais, eu não creio que sejam de natureza tal a produzir por si mesmos organizações capazes de agir de modo adequado ao objetivo que se propõem. Sozinhos, a única coisa que podem produzir é exatamente uma ruptura, isto é, de acordo com as circunstâncias, uma ruptura disfuncional ao sistema dos partidos organizados. E se se devesse chegar ao ponto em que tal tendência à ruptura se fortalecesse, será então decisivo quem souber reagir e como se reagirá. 

Em linha de principio existem duas reações possíveis: uma que leva a uma poderosa descentralização da formação da vontade política e ao envolvimento de esferas da vida que até agora foram simplesmente consideradas como não privadas e não políticas.

Ao contrário, a outra reação possível: orientar-se no sentido de um partido da ordem conservador em condições de resolver todos estes problemas no terreno administrativo e realizar simplesmente os potenciais como legitimação para colocar em causa os direitos democráticos e, em determinadas condições, até as certezas do Estado de direito.

Angelo Bolaffi: Para mim parece que se delineia também um caminho “extremista” que oscila entre autonomia e corporativismo, entre defesa da própria alteridade radical como forma e conteúdo de uma estratégia política e, ao mesmo tempo, o uso e alargamento do Welfare: entre recusa da política enquanto forma absoluta de mediação/integração e uso corporativo de determinadas conquistas, de determinados espaços políticos.

Habermas: O esfalecimento e a crise das instancias centrais, inclusive das burocracias centrais dos partidos, é um processo altamente ambivalente: ele pode evoluir em igual medida no sentido de um corporativismo neofascista ou então reforçar em tal medida tendências anarquistas de modo a provocar reações que ninguém pode desejar ou querer. Quero desta forma reafirmar que não se trata de um processo a salvo de perigos, a ser sustentado cegamente. Por ora vejo apenas que existe um problema em relação ao que os partidos de esquerda devem reagir razoavelmente. Não é simples dizer como eles devem reagir. 

De um lado deveriam por em prática uma ação de “esclarecimento” de modo a que os potenciais não se degradem num sentido corporativo. Em segundo lugar deveriam, na medida em que isto se torna possível pela concorrência dos outros partidos e nos limites de um aparelho estatal sempre centralizador, descentralizar e tornar mais flexíveis as próprias formas organizativas de maneira a que elas estejam verdadeiramente em condições de poder absorver e se concentrar sobre os potenciais críticos autônomos. 

Quanto mais depressa isto ocorrer tanto mais será possível evitar que os potenciais críticos, deixados a si mesmos, se tornem destrutivos. É só uma hipótese a minha, visto que não possuo nenhuma receita pronta e acabada. Penso, se posso falar de coisas que conheço só de longe, que também o PCI pode se encontrar em uma situação crítica na qual pode se tornar o equivalente funcional de um partido autoritário. Tais constelações historico-politicas efetivamente adquirem forma inesperada e rapidamente. 

As chances de isto ocorrer serão menores na medida em que o PCI tiver condições de descentralizar na sua estrutura íntima a sua organização, embora seja absolutamente claro que isto limita num primeiro momento sua liberdade de movimento. Sei muito bem que toda burocracia tem também os seus efeitos racionais. 

Não existem portanto soluções fáceis, só posso esperar que o PCI seja capaz de dar um exemplo positivo de como reagir a estes potenciais. E não falamos ainda do terrorismo, que torna todas estas questões infelizmente mais difíceis.

[A entrevista foi publicada originariamente em Rinascita, 28 jul./4 ago. 1978].

Dora Kramer: Volta por baixo

A gente lê a notícia de que a presidente Dilma Rousseff tinha encontro marcado ontem com o ex-presidente Lula para se aconselhar sobre o arranjo político-partidário mais conveniente para o êxito da campanha pela reeleição e fica a se perguntar se o antecessor é mesmo o melhor conselheiro para esses assuntos.

Afinal não foi ele mesmo quem indicou a quase dezena de ministros demitidos por Dilma no primeiro ano de governo em nome da "faxina ética"?

E não foi essa dita limpeza que rendeu boa fama à presidente, vista como intransigente com "malfeitos", uma governante preocupada com o desempenho do ministério como um todo, celebrada por este aspecto se diferenciar de Lula, razão de seus altos índices nas pesquisas até junho de 2013?

Pois agora ela faz o caminho inverso. Inclusive sem a cerimônia de algum tempo atrás quando reintegrou ao "esquema" alguns dos demitidos, reintegrando discretamente seus partidos à equipe e permitindo que eles indicassem os ocupantes dos cargos que fossem de seu (deles) agrado.

Levantamentos feitos pelo Estado mostram dois cenários. Em um deles registra-se a redução de 60% do apoio dos partidos aliados nas votações no Congresso.

Em outro, é apontada a quantidade de partidos abrigados nos ministérios: dez. Se a "reforma" sair como previsto, a divisão ficaria assim: 25 pastas para o PT, cinco para o PMDB, uma para o PR, uma para o PP, uma para o PROS, duas para o PSD, uma para o PTB, uma para o PDT, uma para o PC do B e uma para o PRB.

Feita a soma, chega-se a 39, o número exato de ministérios existentes. Significa que nenhum deles está fora do critério de coalizão de resultados eleitorais. Todas as pastas estão a serviço da tentativa de Dilma de se reeleger.

Seja para acumular mais tempo de televisão ou para impedir que esse benefício vá para os adversários, nesse caso sendo alvo de uma ofensiva de enfraquecimento (para não dizer morte) por inanição.

Na mesma pesquisa do Estado sobre o histórico de entrega de ministérios a partidos, revela-se que Dilma é campeã. José Sarney entregou dois, Fernando Collor, a seis, Fernando Henrique a cinco nos dois governos e Lula a nove em oito anos.


Seria a necessidade decorrente da insegurança de que a reeleição estaria garantida? É uma hipótese. Mas, que se de um lado reforma uma segurança, de outro desconstrói junto ao eleitorado a imagem que rendeu tanto sucesso.

Se não for muito grosseiro usar a expressão, as pessoas ficam autorizadas a trocar o conceito de faxina pela impressão de que estaria havendo uma operação sujeira. Com adoção de critérios apostos aos atos e discursos anteriores.

Razões de Cabral. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, havia decidido deixar o governo em 31 de março. Resolveu antecipar para 28 de fevereiro quando o PT anunciou que sairia dos cargos na mesma data. E Cabral até admite adiar se o PT fizer o mesmo.

Por que o sincronismo? Porque Cabral quer atribuir o rompimento ao PT que, neste aspecto, teria sido ingrato pelo fato de o sucesso administrativo de Cabral se dever à parceria entre os governos federal e estadual.

Sendo do PT a "culpa" pelo rompimento, isso daria o discurso de vítima ao PMDB, uma vez que não há mesmo possibilidade de Lindbergh Farias desistir.

A antecipação da saída de Cabral em um mês não altera o quadro eleitoral, mas faz a diferença no humor político-partidário; a diferença, pois para todos os efeitos os petistas foram intolerantes a fim de retardar ao vice Luiz Fernando Pezão tempo necessário para firmar uma boa imagem.

Para o PT vale a mesma regra, o que libera o partido para fazer a campanha em clima de guerra.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Eliane Cantanhêde:"Inclusão empresarial"

A Dilma Rousseff que vai a Davos nesta semana não é a mesma que chegava de dedo em riste na ONU, na Alemanha e na África do Sul dizendo que o Brasil era uma ilha de sucessos num mundo afundando em insucessos. Se era, não parece ser mais.

Crescimento pífio, inflação no teto da meta, balança comercial desbalanceada e adiamento de pagamentos e represamento artificial das tarifas públicas para fechar o superavit... Agora, mais essa: o emprego não parece essa maravilha toda.

Pesquisadas só seis regiões metropolitanas, o desemprego é inferior a 6%, mas, em todo o país, ele vai para 7,4%. Ainda bom, mas não mais suficiente para soltar fogos nem para sustentar o show em Davos.

Até por isso, Dilma está cautelosa ao fechar o discurso e ampliou a base de coleta dos dados que pretende continuar estudando ainda durante o voo antes de detalhar o texto final que lerá. Como já não tem muito a falar sobre o passado, vai falar sobre... o futuro.

"O futuro a Deus pertence", mas é com ele que Dilma vai tentar se livrar de dados incômodos da economia, consolidar a sensação de que vai ser reeleita e reconquistar a confiança perdida entre os grandes investidores internacionais.

Além de focar na Copa, na Olimpíada, nas obras de infraestrutura e no grande mercado brasileiro, Dilma também deverá lançar uma nova bandeira: a da "inclusão empresarial". Enquanto os líderes das potências falarão de grandes números macroeconômicos, ela poderá sacar a importância econômica e social das micro e pequenas empresas no Brasil.

Alexandre Tombini (BC) consultou o ministro da área, Afif Domingos, e ouviu que as pequenas empresas são mais de 95% (8 milhões) do total, têm um peso decisivo e vão ganhar um pacote de bondades este ano: menos burocracia, mais estímulos.

Parece pouco para o Fórum Econômico Mundial? Bem, é melhor do que não ter o que falar.

Fonte: Folha Online

Tereza Cruvinel: Duas palmeiras

Com Mercadante, o Gabinete Civil recupera o papel político, e o governo volta a ter um homem forte e um anteparo político que tem feito falta a Dilma

A transferência do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para o Gabinete Civil é a mexida mais relevante feita pela presidente Dilma em seu governo, depois da saída de Antonio Palocci, que ficou apenas cinco meses no cargo. Ao substituí-lo por Gleisi Hoffmann, prestativa, mas quase anódina, Dilma optou pela paisagem da palmeira solitária no gramado palaciano: ela, altaneira, cercada de espécies menores. Com Mercadante no Gabinete Civil, Dilma voltará a ter um homem forte no Planalto, e talvez até um candidato à própria sucessão, caso seja reeleita e ele seja bem-sucedido no cargo.

Tal como Fernando Henrique, que teve na Casa Civil uma figura forte como Clovis Carvalho (seguido de uma discreta mas sólida, como Pedro Parente), Lula não hesitou em ter no posto o então líder mais importante do PT, José Dirceu. E depois a própria Dilma, já conhecida pelo temperamento vulcânico. Ela, já presidente, nos poucos meses que teve Palocci no Planalto, teria se incomodado com a preferência de políticos e empresários pela interlocução com ele, o que gerou especulações de que não teria se empenhado muito para salvá-lo na crise das consultorias mal explicadas. Trocou-o pela leal, mas quase apagada Gleisi, afastando qualquer sombra a sua própria figura.

A presença de Mercadante no Gabinete Civil vai alterar bastante a fisionomia do governo. Para começar, a pasta deixará de ser um filtro administrativo burocrático do governo para recuperar seu histórico papel político, propiciando a Dilma um anteparo que lhe falta nesta área. Resta saber se as atribuições administrativas serão todas transferidas para o ministro Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral da Presidência, onde também permaneceria, num eventual segundo mandato.

As questões subjetivas terão seu peso. Mercadante é uma personalidade forte e expansiva, rivalizando com a da presidente em voluntarismo. É conhecido por qualidades como a solidez intelectual, a aplicação e a disciplina no trabalho, a combinação entre conhecimento técnico e faro político. E também por traços que desagradam a alguns, como a franqueza e a autossuficiência. Hoje, ele já é a figura mais forte do governo, mas não convive o tempo todo com a presidente. Ele fica no MEC, não no Palácio. Como nos casamentos, tal compartilhamento de poder será testado no cotidiano, que começará em breve.

As barbas de Lula
Mercadante hoje não gravita na esfera lulista, mas tornou-se o quadro petista mais apreciado e respeitado por Dilma. Lula avalizou a troca, mas o fato de ter se reunido ontem com a presidente para discutir, entre outros temas, a reforma ministerial, reitera o que todos sabem: ele continua exercendo forte ascendência sobre ela e seu governo. Pelo menos um novo ministro já teria sido escalado por ele, o sucessor de Padilha na Saúde. Todas as suas sugestões para a campanha têm sido encampadas por ela, inclusive a de agregar o ex-ministro Franklin Martins, que o acompanhou na reunião de ontem e cuidará da campanha na internet e mídias sociais.

Lula reapareceu ontem com a velha e conhecida barba, embora mais rala e branca, por força da idade e da quimioterapia por que passou. Ele começou a deixá-la crescer pouco antes do Natal, e, segundo auxiliares, ri quando falam que isso pode reforçar o “volta, Lula”. Segue dizendo que a candidata é Dilma, fará tudo por ela, mas não vai privar-se do reencontro com a autoimagem.

Gesto e mensagem
Há uma mensagem para o Supremo e forças conexas no êxito da campanha de arrecadação da família do ex-deputado José Genoino. Em uma semana ou pouco mais, as doações superaram os R$ 667,5 mil que ele foi condenado a pagar. Os que doaram certamente respeitam e cultuam a aura de Genoino, sua vida dedicada às causas que o guiaram da infância pobre à presidência do PT, passando pela guerrilha, a tortura e os cinco anos de prisão na ditadura. Mas elas externaram também, com as doações, discordância com a forma e o peso das condenações dos réus do mensalão.

Algumas coisas, por sinal, podem acontecer no STF, na presidência interina do ministro Ricardo Lewandowski. Ele só assinaria a ordem de prisão de João Paulo Cunha se mandasse prender também Roberto Jefferson. Não deve fazer uma coisa nem outra, mas pode pedir que seja examinado o pedido de José Dirceu para trabalhar com o advogado Gerardo Grossi e até reexaminar o pedido de Genoino para cumprir a prisão domiciliar em sua casa de São Paulo. Ele só foi para uma casa alugada em Brasília porque Barbosa o obrigou a ficar na capital, onde deixou de morar quando renunciou ao mandato.

Ventos latinos
No Brasil, estamos mais atentos à posse de Michele Bachelet na presidência do Chile, em 11 de março, por conta da proximidade dos laços afetivos regionais. Mas, este ano, o rodízio do poder na América Latina alcançará sete países, sem contar a eleição brasileira do fim do ano, cujo vencedor só será empossado em 1º de janeiro de 2015. A dança do poder começa agora em fevereiro, na Costa Rica e em Salvador. Em maio, as trocas serão no Panamá e na Colômbia e, em outubro, na Bolívia e no Uruguai. Em que pese o enfraquecimento do chavismo na Venezuela e a provável reeleição do liberal-conservador Juan Manuel Santos na Colômbia, as pesquisas, hoje, favorecem a esquerda, o bloco reformista que vai de Evo Morales (que busca o terceiro mandato) a Dilma Rousseff (por ora ainda favorita), passando por José Mujica no Uruguai, que pode ser sucedido pelo antecessor Tabaré Vasquez.

Fonte: Correio Braziliense

Raymundo Costa: Mantega é limite para Aloizio Mercadante

Presidente não quer marola na economia na campanha

Quando começou o ano de 2013, o senador Aloizio Mercadante era nome certo para a Casa Civil. Em abril, era virtual primeiro-ministro do governo Dilma Rousseff. Na sequência das manifestações de junho estava no sal, responsabilizado pelas respostas atrapalhadas do governo aos protestos. Entrou na muda e por volta de outubro seu prestígio voltou a crescer no Palácio do Planalto. Desde a semana passada estava de volta à Casa Civil, mas já não mais na condição de todo poderoso primeiro-ministro.

Aloizio Mercadante será um ministro forte, como é todo chefe da Casa Civil, posto-chave do governo, mas com raio de alcance limitado. O atual ministro da Educação, por exemplo, está orientado a pensar dez vezes antes de se manifestar sobre assuntos da esfera de seu colega da Fazenda, Guido Mantega. E Mercadante fez carreira no PT como conselheiro de política econômica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo menos até a eleição de 2002. É atribuído a ele o erro de avaliação (não vai dar certo) de Lula sobre o Plano Real, na eleição de 1994.

Eleito, Lula trocou de conselheiro. Entrou Antonio Palocci mas o senador pelo PT de São Paulo nunca deixou de dar opinião sobre o assunto. Afinal, é economista. No governo Dilma foram registradas diferenças acentuadas entre Mercadante e Mantega. O ministro da Educação, à época em que era chamado de primeiro-ministro, teria inclusive tentado armar uma articulação para a substituição de seu colega da Fazenda. Pegou muito mal.

Hoje já não é o mesmo o prestígio de Mantega no governo: seu desempenho na crise de 2008 e sua lealdade à presidente Dilma Rousseff são amplamente reconhecidos, mas ele é considerado um ministro com a validade vencida. Nos mercados e no Palácio do Planalto. Dilma, no entanto, não pensa tirar Guido Mantega do Ministério da Fazenda até o fim do mandato. Até por companheirismo. E também não quer marola na economia, em plena campanha eleitoral, além daqueles problemas com os quais terá de lidar concretamente, como inflação e desemprego.

O auge do prestígio de Mercadante se deu entre março e abril do ano passado, quando parecia onipresente nos assuntos de governo. O senador, não custa lembrar, era um dos integrantes da comitiva da presidente que viajou para a posse do papa Francisco. A virada se deu após as manifestações de junho. Dilma propôs os cinco pactos, entre os quais a convocação de uma assembleia constituinte exclusiva para fazer a reforma política. No calor da crise, Mercadante declarou que o Congresso iria pagar a conta, se não ouvisse a voz das ruas. Ou seja, se não fizesse a reforma como o governo queria, por meio da constituinte exclusiva, ideia condenada, em uníssono, por juristas e políticos.

O ministro da Educação deu a cara para bater, é verdade, mas foi inábil e ficou mal até com colegas de ministério. O próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha, sentiu-se desconfortável com a naturalidade com que Mercadante tratou de assuntos referentes a sua pasta. Naqueles agitados dias ainda foi acusado de conspirar contra Guido Mantega. Passou julho, chegou agosto e junho parecia não ter um fim.

Mercadante mergulhou e começou um trabalho de reaproximação com o PT. Sorte do senador é que "estar mal com o PT", para Dilma Rousseff, que não é petista, muitas vezes é uma vantagem. Em outubro, algumas das propostas dos cinco pactos já não pareciam tão ruins assim: a necessidade de reforma política era consensual e o programa Mais Médicos, um sucesso. É claro que o governo - e o ministro - deixaram pra lá assuntos espinhosos como a constituinte exclusiva e a reforma tributária, que continua tão empacada como sempre esteve no Congresso. Desde então Mercadante está exposto ao sereno, um alvo fácil que não foi atingido de morte.

Resta saber quais serão seus poderes e limites na Casa Civil da Presidência da República. Como acontecia com Antonio Palocci, em sua breve passagem pelo cargo, é evidente que o senador paulista dará palpites sobre a economia, mas não pode atropelar o ministro da Fazenda. É encrenca. Deve tomar cuidado inclusive porque Dilma não deixa dúvidas sobre quem manda no governo, seja qual for o assunto. Inclusive a economia.

Frequentadores do Palácio da Alvorada dizem que Dilma precisa, próximo dela, de ministros que estimulem a moderação da presidente, cujo temperamento é do conhecimento de todos. Era o que se esperava de Antonio Palocci, e o que Mantega decididamente não fez. Discreta, Gleisi Hoffmann, a ministra que está deixando o cargo para disputar o governo do Paraná, passou ao largos dos assuntos econômicos, tratou de infraestrutura e concessões e assumiu a face técnica da Casa Civil. Mas internamente, e sempre atendendo a Dilma, nunca deixou de fazer política, falar com os caciques do Congresso e os governadores, sem no entanto atropelar Ideli Salvatti, oficialmente a coordenadora política do governo. A reclamação de Dilma, em relação a auxiliar, é que ela era sempre a última a falar em defesa do governo. Esse é um problema que a presidente da República certamente não terá com Aloizio Mercadante. Na realidade, talvez tenha até que conter o impetuoso ministro.

O PT quer a cabeça do secretário de Indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James Correia, que teria conversado ao telefone com o ex-ministro José Dirceu, preso numa penitenciária de Brasília. Se o secretário de Jaques Wagner mentiu, prejudicou Dirceu; se falou, também: foi aberta uma sindicância para apurar se o ex-ministro efetivamente teve acesso a um telefone na prisão. A expectativa da defesa de Dirceu era que ele pudesse deixar a penitenciária da Papuda logo após o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que já está cumprindo o regime semiaberto: trabalha durante o dia na CUT e à noite dorme no presídio. A sindicância deve atrasar em pelo menos 15 dias o pedido de Dirceu para trabalhar num escritório de advocacia de Brasília.

Fonte: Valor Econômico

Diário do Poder- Cláudio Humberto

• Temendo vaias, Dilma escolhe plateia em Natal
Os altos níveis de rejeição da governadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) somados aos protestos marcados para esta quarta-feira (22), em Natal, levaram a equipe da presidenta Dilma e do governo estadual a limitar o acesso à inauguração do Estádio Arena das Dunas. Para evitar vaias, o ato contará com número reduzido de convidados, identificados com antecedência. Até ontem, a programação sequer incluía fala de Dilma.

• Palmas garantidas
Operários que participaram da construção do estádio deverão ocupar arquibancadas do estádio, para aplaudir os políticos na inauguração.

• Enquanto isso…
Sindicatos da saúde, educação, servidores estaduais, bancários estudantes e policiais civis farão passeata até o Arena das Dunas.

• Impeachment
Intitulado “Da Copa eu abro mão. Queremos mais dinheiro para saúde, segurança e educação”, o movimento exige impeachment de Rosalba.

• Em crise
A ONG mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça apontou Natal como 12a cidade mais violenta do mundo e a 4a do Brasil.

• ‘Xerife’ antidrogas alerta contra PCC na Copa
Crítico do sistema prisional e profundo conhecedor da atuação da organização criminosa “Primeiro Comando da Capital”, o juiz federal Odilon de Oliveira, do Mato Grosso do Sul, teme que o PCC tumultue a Copa, em represália a transferências de líderes a prisões de segurança máxima, para onde ele mandou dezenas de traficantes. Odilon alerta: a facção pode “aprontar” contra autoridades, até estrangeiras, no evento.

• Questão de inteligência
O juiz Odilon insiste na solução “menos onerosa” do “monitoramento total” nas cadeias por um grupo de inteligência, como em São Paulo.

• Rédea curta
Ele afirma que “o Brasil desconhece quantos são do PCC nas cadeias”, o que exigiria uma central federal monitorando celulares e informantes.

• Mapa do crime
Odilon lembra que a PF tem tecnologia para criar esse “mosaico” do PCC e colocar em segurança máxima líderes de rebeliões em cadeias.

• Longe das ruas
Aécio Neves nem parece que é candidato: decidiu evitar a lavagem da Igreja do Bonfim, temendo protestos. Não deveria: seu aliado, ACM Neto (DEM), prefeito de Salvador, está com a popularidade em alta.

• Abuso só
Após participar da lavagem da Igreja de Bonfim, a ministra Marta Suplicy (Cultura) irritou associados do Yacht Clube da Bahia, que criou barricada com um time de seguranças para só ela ter acesso ao píer.

• Muro socialista
Eduardo Campos (PSB) não se lança candidato e não arruma a própria casa. E nem define quem apoiará ao governo de Pernambuco, fazendo quatro pré-candidatos do PSB se engalfinhar em praça pública.

• Proposta
A cúpula do PP se reúne hoje em Brasília para tratar de reforma ministerial. A sigla quer permanecer à frente do Ministério das Cidades e oferecer apoio à reeleição de Dilma, mas liberando os Estados.

• Jabuticaba iluminada
Start-up alemã tenta financiar projeto de tomadas redutoras de consumo quando aparelhos são desligados. O Brasil inventou a tomada de três pinos, única no mundo, iluminando a conta bancária do autor.

• Ecopicaretagem
Ecopicaretas, que ganham a vida advertindo para o “aquecimento global”, guardam constrangido silêncio sobre o frio de rachar, no hemisfério norte, que desmente a pregação do “fim dos tempos”.

• Por fora, bela viola…
…por dentro, pão bolorento: no fim da tarde desta segunda não havia gerentes na agência do HSBC na 502 Sul, em Brasília, e desligavam o telefone na cara da clientes. Devem andar insatisfeitos no emprego.

• Nada a comemorar
Especialista em multar, o Detran-DF comemorou a apreensão do campeão em multas de Brasília. Só faltou lembrar que o carro circulava havia 11 anos na impunidade, sem licenciamento e com 958 infrações.

• Pensando bem…
…colocar a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) no Ministério da Educação é o mesmo que dar a Lula o Nobel de Literatura.

Fonte: Diário do Poder

Brasília-DF - Denise Rothenburg

O inferno não acabou
As agruras do ex-deputado José Genoino não terminaram com a doação que lhe permitirá pagar a multa imposta pela Justiça. É que, desde agosto de 2012, o GDF cobra o ITCD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos) feitas em dinheiro. A alíquota é de 4%. Significa que, dos R$ 667,5 mil serão, pelo menos, R$ 26,7 mil para os cofres do Governo do Distrito Federal.
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Na época em que o imposto começou a ser cobrado, foi um verdadeiro alvoroço, uma vez que houve retroatividade de cinco anos. Até o nome do governador Agnelo Queiroz estava na lista. E mais: o pagamento desse imposto não é coisa simples. Deve ser feita pelo donatário, ou seja, quem recebe os recursos tem que requerer uma guia de recolhimento, que leva três dias para ser emitida, no estado do doador. Numa quantia tão grande arrecadada, certamente, não será uma operação fácil. Resta saber se o GDF dará isenção. Se for assim, a fila de pedidos será grande. Até agora, o Governo do DF não se pronunciou.

Ação tucana
A área jurídica do PSDB estuda ação para acusar a presidente Dilma Rousseff de crime eleitoral. O partido pretende usar como argumento a cessão de um ministério ao Pros em troca do tempo de tevê para a campanha. “A legislação eleitoral determina igualdade de condições entre os partidos. No momento em que o governo usa espaço no ministério para atrair aliados com vistas à reeleição, isso é crime eleitoral”, diz o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).

Acordo prévio
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, formatou um pré-acordo com Marina Silva. Se ela for candidata a vice na chapa, terá o direito de indicar o candidato a governador de São Paulo e também o do Rio de Janeiro. Se não for assim, caberá ao PSB definir o rumo nesses estados.

Por falar em Marina…
Ela está em Brasília esta semana, pra lá de discreta, fazendo exames de rotina. Mas, de saída, entrou em contato com representantes da Rede para desautorizar qualquer declaração sobre inversão da chapa.

A cobiçada
Depois da rebelião nos presídios, uma das comissões mais cobiçadas da Câmara será a de Direitos Humanos. O mandato de Marco Feliciano (PSC) terminou e o PT quer aproveitar para retomar uma das áreas em que fez sua história. A oposição, entretanto, também deseja pegar esse colegiado, para poder atacar o governo Dilma nesse tema. E ainda vêm por aí os rolezinhos.

Muita calma nessa hora
Eduardo Campos e Aécio Neves combinaram que o momento é de evitar rusgas entre os dois partidos. Afinal, com o afastamento do PSB do governo Dilma e do PT, eles consideram que é necessário criar um clima bom entre socialistas e tucanos para ter espaço no segundo turno.

Apelido novo/ Aloizio Mercadante ganhou a apelido de “Megadante, o todo-poderoso”. Isso porque, agora, ele mandará em todo o governo.

Ficou fora/ Na reunião de ontem no Alvorada, ficaram apenas Lula, Dilma, o ex-ministro Franklin Martins e o ministro Aloizio Mercadante. O presidente do PT, Rui Falcão, ficou de fora por dois motivos: primeiro, para não caracterizar o encontro como relativo a palanques eleitorais. Em segundo lugar, porque deixou de ser um interlocutor para os peemedebistas. Essa função agora deverá ser mais do ex-presidente Lula, que continua popular perante os eleitores e todos os aliados.

Por falar em…/ …Lula, os amigos do ex-presidente adoraram o visual novo que ele exibiu ao voltar a cultivar a barba. “Ele agora vai fazer barba, cabelo e bigode na eleição”, dizem os admiradores.

Míssil verde e amarelo I/ A Omnisys, empresa encarregada de desenvolver o radar autodiretor (Seeker) do Programa de Desenvolvimento do míssil antinavio de superfície, comemora amanhã com a alta cúpula da Marinha o fim da fase de testes do modelo funcional. Esse é o sistema que permite ao míssil perseguir o alvo.

Míssil verde e amarelo II/ Quem é do setor sabe que é mesmo para comemorar esse feito como um marco inédito e histórico para o setor de defesa nacional, uma vez que a tecnologia foi totalmente desenvolvida pela equipe brasileira na planta da empresa. Agora, começa a fase de integração de todos os componentes testados do radar. A conclusão do trabalho com a entrega dos protótipos do Seeker à Marinha do Brasil está prevista para 2016.

Fonte: Correio Braziliense

Panorama Político - Ilimar Franco

O discurso e a realidade
Os dissidentes do PMDB não têm votos para antecipar a convenção. Eles têm cerca de seis votos na Executiva. O vice Michel Temer teria 13 votos. A defesa da convenção em abril é só pressão. Além disso, os dissidentes que estão nos governos estaduais não querem esgarçar a relação com o Planalto e ficar à míngua. Os que ainda negociam com o PT também não querem esticar a corda ao ponto da ruptura.

A transição na Saúde
O novo ministro da Saúde, Arthur Chioro, vai se reunir com todo o comando do Ministério da Saúde hoje à tarde. Participam os “ex futuros ministros” Mozart Salles (Secretaria Executiva) e Helvécio Magalhães (Secretaria de Atenção à Saúde). Antes disso, pela manhã, o afilhado do ex-presidente Lula terá reunião, no Planalto, com a presidente Dilma. Chioro, que dirigia a saúde na prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), vai assumir esnobando prestígio. Ele deve integrar a comitiva que irá na visita da presidente Dilma a Cuba, dia 25 de janeiro. Esse país é um exemplo de saúde pública para a esquerda e seus médicos são a principal mão de obra do Mais Médicos.

“As reformas que o Brasil anseia (...), melhor ambiente trabalhista, maior sustentabilidade para a Previdência”
Instituto Teotônio Vilela (PSDB)
Texto enigmático (Reforma de nada) distribuído ontem pelos tucanos

A UPP fazendo água
A principal marca do governo Sérgio Cabral (PMDB) pode virar alvo negativo na campanha. No último final de semana, os moradores da vizinhança do morro do Pavão-Pavãozinho/ Cantagalo conviveram com intensos tiroteios.

Ele tem a força
Entre os novos ministros, o da Educação, já é um dos mais fortes no governo. José Henrique Paim Fernandes já tinha linha direta com a presidente Dilma. Sempre que ela queria informações sobre a pasta, ela ligava para Paim, pois ele sabe de cabeça todos os dados da pasta, tais como resultados, metas e problemas a serem superados.

Fan Fest do B
A Fifa autorizou, ontem, a prefeitura de São Paulo a organizar cinco exibições em telões dos jogos da Copa do Mundo na capital paulista. O evento será feito nos moldes da Fan Fest que a entidade vai promover no Vale do Anhangabau.

Sururu
O secretário do governo de Pernambuco, Milton Coelho, e o vice João Lyra, se movem nos bastidores para evitar que o chefe da Casa Civil, Tadeu Alencar, seja o candidato do PSB ao governo. O candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos, está consumindo parte de seu tempo para evitar que a confusão ganhe corpo.

Concorrer fora do cargo
A exemplo do que já fizeram Mário Covas (SP) e Luiz Henrique (SC), o governador Simão Jatene (PA-PSDB) pode concorrer a um novo mandato fora do governo. Na campanha, o cargo seria exercido pelo vice Helenilson Pontes (PSD).

A primeira vez?
Com o apoio do governador Raimundo Colombo (PSD), do senador Luiz Henrique (PMDB) e do presidente da Assembleia, Joares Poncinelli (PP), a presidente Dilma pode ser a primeira petista a vencer em Santa Catarina no primeiro turno.

Discretos. Os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernado (Comunicações) passaram cinco dias de suas férias perambulando no Rio.

Fonte: O Globo

Aposentadorias têm perda de 81%

A defasagem acumulada nos últimos 20 anos atinge 9,5 milhões de brasileiros que recebem aposentadorias acima do salário mínimo. Estudo é da Cobap

As aposentadorias de 9,5 milhões de brasileiros acumulam uma defasagem de 81,77% nos últimos 20 anos. O levantamento é da Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap) e reforça as críticas ao modelo de reajuste dos benefícios de quem recebe acima do salário mínimo. Para 2014, o aumento é de 5,56%. Ele acompanha a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O problema é que a inflação oficial do País é calculada por outro índice, o de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que, no ano passado, foi de 5,91%.

Outro fator negativo vem à tona quando é analisada a variação do salário mínimo. Para este ano, a injeção foi de 6,78%, alcançando R$ 724. Isso faz com que, além de sofrer com o custo de vida maior que os reajustes em seus benefícios no dia-a-dia, os aposentados que recebem o teto (R$ 4.390,24) vejam a diferença entre seus benefícios e o piso da Nação ficar cada vez mais encolhida. Há uma década, o teto previdenciário equivalia a dez salários e, hoje, representa seis.

Para a Cobap, a equação leva a um maior comprometimento da renda com despesas básicas de alimentação e saúde. E a um maior endividamento, especialmente por meio de consignados, para conseguir quitar demais compromissos.

A situação é ainda mais complicada, alertou a entidade, para quem recebe até dois salários mínimos, cerca de 372 mil pessoas no Brasil. Para eles, o achatamento e o custo de vida são ainda mais penosos.

O presidente da Cobap, Warley Martins Gonçalles, chama a atenção para o fato do reajuste pelo INPC ter sido um dos mais baixos dos últimos anos e que não representou ganho real para os aposentados.

"Pela primeira vez na história deste governo o índice de reajuste foi menor que a inflação oficial, o que diminui ainda mais o poder de compra dos idosos em itens básicos para a sobrevivência, como alimentação e saúde", reforçou. Em um artigo de repúdio à sistemática de reajuste adotada pelo governo federal, Gonçalles classifica os aumentos como "migalhas".

Na ponta do lápis, o reajuste para quem ganha R$ 2.500, por exemplo, representou um aumento no benefício de apenas R$ 139. Se o aposentado tiver menos de 65 anos, há incidência do Imposto de Renda. A mordida faz com que, no final, o aposentado só embolse R$ 75,16 a mais no mês.

O buraco é ainda mais embaixo. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) joga mais lenha na fogueira de discussões sobre a defasagem nas aposentadorias.

Através do Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) aponta que, ano passado, despesas com planos de saúde, por exemplo, ficaram 8,08% mais caras.

Ela faz parte de um dos grupos que mais pesam no orçamento dos idosos, o de saúde e cuidados pessoais, que abocanha 18,39% das remunerações. O aluguel de imóveis alcançou encarecimento de 9,25%. Ao todo, a inflação da terceira idade foi de 5,48% ano passado - ligeiramente abaixo do reajuste concedido aos aposentados que recebem acima do mínimo.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)