A defasagem acumulada nos últimos 20 anos atinge 9,5 milhões de brasileiros que recebem aposentadorias acima do salário mínimo. Estudo é da Cobap
As aposentadorias de 9,5 milhões de brasileiros acumulam uma defasagem de 81,77% nos últimos 20 anos. O levantamento é da Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap) e reforça as críticas ao modelo de reajuste dos benefícios de quem recebe acima do salário mínimo. Para 2014, o aumento é de 5,56%. Ele acompanha a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O problema é que a inflação oficial do País é calculada por outro índice, o de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que, no ano passado, foi de 5,91%.
Outro fator negativo vem à tona quando é analisada a variação do salário mínimo. Para este ano, a injeção foi de 6,78%, alcançando R$ 724. Isso faz com que, além de sofrer com o custo de vida maior que os reajustes em seus benefícios no dia-a-dia, os aposentados que recebem o teto (R$ 4.390,24) vejam a diferença entre seus benefícios e o piso da Nação ficar cada vez mais encolhida. Há uma década, o teto previdenciário equivalia a dez salários e, hoje, representa seis.
Para a Cobap, a equação leva a um maior comprometimento da renda com despesas básicas de alimentação e saúde. E a um maior endividamento, especialmente por meio de consignados, para conseguir quitar demais compromissos.
A situação é ainda mais complicada, alertou a entidade, para quem recebe até dois salários mínimos, cerca de 372 mil pessoas no Brasil. Para eles, o achatamento e o custo de vida são ainda mais penosos.
O presidente da Cobap, Warley Martins Gonçalles, chama a atenção para o fato do reajuste pelo INPC ter sido um dos mais baixos dos últimos anos e que não representou ganho real para os aposentados.
"Pela primeira vez na história deste governo o índice de reajuste foi menor que a inflação oficial, o que diminui ainda mais o poder de compra dos idosos em itens básicos para a sobrevivência, como alimentação e saúde", reforçou. Em um artigo de repúdio à sistemática de reajuste adotada pelo governo federal, Gonçalles classifica os aumentos como "migalhas".
Na ponta do lápis, o reajuste para quem ganha R$ 2.500, por exemplo, representou um aumento no benefício de apenas R$ 139. Se o aposentado tiver menos de 65 anos, há incidência do Imposto de Renda. A mordida faz com que, no final, o aposentado só embolse R$ 75,16 a mais no mês.
O buraco é ainda mais embaixo. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) joga mais lenha na fogueira de discussões sobre a defasagem nas aposentadorias.
Através do Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) aponta que, ano passado, despesas com planos de saúde, por exemplo, ficaram 8,08% mais caras.
Ela faz parte de um dos grupos que mais pesam no orçamento dos idosos, o de saúde e cuidados pessoais, que abocanha 18,39% das remunerações. O aluguel de imóveis alcançou encarecimento de 9,25%. Ao todo, a inflação da terceira idade foi de 5,48% ano passado - ligeiramente abaixo do reajuste concedido aos aposentados que recebem acima do mínimo.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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