terça-feira, 24 de maio de 2016

PSDB vê ação deliberada de ex-tucano para viabilizar delação premiada

Por Fernando Taquari e Thiago Resende – Valor Econômico

SÃO PAULO E BRASÍLIA - Tucanos avaliaram que houve uma ação deliberada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado para prejudicar o PSDB e viabilizar sua delação premiada junto à força-tarefa da Operação Lava-Jato. O diálogo entre Machado e o ministro do Planejamento, Romero Jucá, sugere que os senadores tucanos Aloysio Nunes (SP), Aécio Neves (MG), Tasso Jereissati (CE) e José Serra (SP, licenciado por ser ministro das Relações Exteriores) estavam cientes da necessidade de deter a Lava-Jato.

"Vejo como um ato deliberado. Trata-se de uma conversa privada e gravada entre os dois em que ele [Machado] por seis vezes tenta, sem sucesso, envolver o PSDB", disse o líder da legenda na Câmara, Antonio Imbassahy (BA). O partido, contudo, não pretende tomar nenhuma medida.

"A saída [de Jucá] atenua uma situação desagradável. A decisão foi acertada", afirmou Imbassahy. Ao longo do dia, tucanos fizeram questão de defender a continuidade das investigações e de negar qualquer acordo contra a Lava-Jato. "Não há força no planeta capaz de barrar essa operação", acrescentou o líder do PSDB. Evitaram, porém, comentar a situação do pemedebista. Nos bastidores, esperavam que Jucá tomasse a dianteira e pedisse para sair ou que o presidente interino, Michel Temer, o demitisse.


Na gravação, Jucá sugere um pacto para interromper as investigações e acrescenta que "caiu a ficha" de líderes do PSDB sobre o potencial de danos da Lava-Jato. "Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador]", diz Jucá. "Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?", questiona Machado. "Também. Todo mundo na bandeja para ser comido", responde Jucá.

Em seguida, o ex-presidente da Transpetro, que já foi filiado ao PSDB, complementa que o presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), seria o primeiro a ser "comido". "O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB...", disse Machado em relação a disputa pela presidência da Câmara em 2001.

Nenhum dos quatro parlamentares tucanos se pronunciaram. Em nota, a sigla disse que no áudio não existe acusação ao partido nem aos senadores citados. Além disso, ressaltou que a eleição na Câmara foi fruto de um entendimento legítimo.

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