Fornecedor perderá poder de barganha; cliente sofrerá com alta de preços
Paulo Justus
SÃO PAULO. A proposta de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour trouxe apreensão para os fornecedores e trabalhadores dos dois grupos. De um lado, o aumento do poder de barganha da nova companhia, que deteria 32% do mercado de varejo brasileiro, significa uma pressão ainda maior sobre as margens de lucro de quem vende para o grande varejo. De outro, a sobreposição de parte dos sete mil cargos administrativos e o fechamento de 5% a 7% das lojas em grandes centros comerciais, admitido por Cláudio Galeazzi, sócio do banco BTG Pactual e um dos autores da negociação, também assusta os sindicalistas.
- Sem dúvida, um grupo que detém mais de 30% do varejo possui um enorme poder de barganha com fornecedores - diz Marcus Xavier, professor de Economia e Estratégia de Mercado do Ibmec.
Um fornecedor de hortifrutigranjeiros, que atende a ambas as redes em São Paulo, diz que especialmente os pequenos produtores devem sofrer. Mas ele não se intimida:
- Se quiserem reduzir ainda mais as nossas margens, podemos parar de fornecer, porque não dependemos exclusivamente deles para fazer nossas vendas - disse.
Os trabalhadores mais preocupados com a proposta de fusão são os sete mil funcionários administrativos que, segundo o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, trabalham na capital paulista - 4.500 do Grupo Pão de Açúcar e 2.500 do Carrefour. O sindicato já pediu audiência com os presidentes das empresas, do BNDES e o Ministério da Justiça, para obter garantias de que não haverá demissões caso as empresas se associem.
- Em casos semelhante, como na compra da Casas Bahia pelo Pão de Açúcar, conseguimos acordos que evitaram cortes - diz Ricardo Patah, presidente do sindicato e da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
Para as entidades de defesa do consumidor, os clientes sairão prejudicados, com possível alta de preços:
- O consumidor fica refém, porque não tem opção de pesquisar preços- disse Maria Inês Dolci, da Pro Teste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor.
FONTE: O GLOBO
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