Raphael Di Cunto
A ex-ministra de Meio Ambiente Marina Silva (sem partido) criticou ontem a posição de seu antigo partido, o PV, que estuda ingressar na base de apoio da presidente Dilma Rousseff. "Não é necessário estar dentro do governo para contribuir com o país", afirmou a ex-presidenciável, que saiu da legenda depois de brigar com o grupo do deputado federal e presidente da sigla, José Luiz Penna (SP), pela realização de eleições internas.
Na opinião de Marina, o partido deveria continuar com a postura independente para poder discordar do governo na hora em que achar necessário. "O que se precisa hoje é de posição. Assim você ajuda, independentemente de ter cargos", disse, ao lembrar que o grupo majoritário da legenda já queria participar da base de Dilma desde o início do mandato.
Deputado federais do PV discutem, desde que Marina saiu do partido no fim de junho, adesão ao bloco governista. Com posição parecida à do Planalto em muitos temas, os parlamentares querem mais facilidade para liberar dinheiro de emendas e obras em suas bases eleitorais.
Candidata derrotada à Presidência em 2010 e que sonha concorrer de novo em 2014, Marina participou ontem de debate na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre as mudanças no Código Florestal discutidas pelo Congresso.
Segundo a ex-ministra, a Câmara dos Deputados aprovou projeto cheio de equívocos, a contragosto do governo, e a presidente precisa tomar cuidado no Senado. "O texto do deputado Aldo [Rebelo, do PCdoB-SP] vai na contramão do compromisso que ela assumiu com a sociedade brasileira, de vetar qualquer lei ou anistia que permita o desmatamento", afirmou.
Marina acredita que o veto criará uma situação "indesejada", por colocar de lados opostos a presidente e o Congresso, mas diz contar com a pressão da sociedade para dar respaldo a Dilma e deixar "eticamente inibidos" os senadores que defendem o texto aprovado na Câmara e criticado por associações de defesa do meio ambiente por supostamente favorecer o agronegócio. "A base aliada, se de fato é aliada, terá que trabalhar para evitar esse tipo de impasse", disse a ex-integrante do PV.
Relator do projeto em três comissões do Senado, Luiz Henrique (PMDB-SC) prometeu apresentar hoje o parecer sobre as mudanças na Comissão de Constituição e Justiça. Ele defende versão que alie o desenvolvimento com a proteção ambiental e quer votar a proposta até o dia 31.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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