Por ambiente melhor no Congresso, presidente avisa que não pretende trocar ministros do Turismo e das Cidades
"Minha tarefa aqui é trabalhar para que as bancadas estejam unidas", afirmou a ministra Ideli Salvatti
Natuza Nery e Maria Clara Cabral
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto comunicou aos partidos aliados que a presidente Dilma Rousseff, numa tentativa de conter a insatisfação crescente da base governista com as mudanças na Esplanada dos Ministérios, não pretende fazer novas demissões.
Os ministros Pedro Novais, indicado pelo PMDB para o Turismo, e Mário Negromonte, nome do PP nas Cidades, foram acusados de irregularidades e entraram na linha de tiro nos últimos dias, mas Dilma avisou que não cogita demiti-los agora.
Na prática, se não surgirem novas denúncias contra eles, isso significa que o futuro de ambos dependerá do humor das bancadas de seus partidos no Congresso, onde os ministros enfrentam dificuldades para obter apoio.
Na avaliação do Palácio do Planalto, as irregularidades que vieram à tona no Ministério do Turismo ocorreram antes da chegada de Novais, que assumiu o posto após a posse de Dilma, em janeiro.
Deputados do PMDB pediram a cabeça de Novais, mas o vice-presidente Michel Temer tem interesse em preservá-lo para não enfraquecer o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara e outro alvo dos insatisfeitos da bancada.
O caso de Negromonte é considerado mais delicado. Órfão de padrinhos influentes, ele perdeu o comando da bancada do PP na Câmara.
Quatro ministros deixaram o governo Dilma desde junho, quando o então poderoso chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, caiu em meio a desconfianças sobre seus negócios com empresas privadas e seu enriquecimento.
A saída de Palocci desarranjou o relacionamento do governo com sua base no Congresso. A insatisfação cresceu com a onda de denúncias de corrupção que forçou Dilma a demitir o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), e fez Wagner Rossi (PMDB) pedir demissão na Agricultura.
Nos últimos dias, pequenas rebeliões estouraram em diversos partidos governistas. Há desentendimentos até no PT, o partido de Dilma.
"Minha tarefa aqui é trabalhar para que as bancadas estejam unidas", disse à Folha a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
Dilma indicou aos aliados que só deseja fazer novas mudanças no ministério em dezembro, quando ministros que quiserem disputar as eleições municipais de 2012 terão que sair. Ela não quer passar a impressão de que age a reboque do noticiário e de pressões da oposição.
Enquanto Dilma tenta apagar os vários focos de incêndio na trincheira governista, Temer ofereceu ontem um jantar aos líderes do PMDB no Palácio Jaburu.
Ele chamou Dilma para participar do encontro, numa tentativa de desmobilizar a oposição interna e evitar que ela prejudique a aprovação dos projetos de interesse do governo no Congresso.
Colaborou Ana Flor, de Brasília
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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