Ao falar pela primeira vez do caso, presidente alega que ministro não acumulou consultoria com cargo público
Naira Hofmeister*
PORTO ALEGRE. A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem não ver necessidade de o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), ir ao Congresso esclarecer suspeitas de tráfico de influência nos serviços que prestou, em 2009 e 2010, na empresa P-21 Consultoria. Por esses trabalhos, Pimentel faturou cerca de R$2 milhões. Além dele, o único ministro envolvido em denúncias de irregularidades a não ir ao Congresso foi o também petista Antonio Palocci, que teve de deixar a Casa Civil. Os demais, de outros partidos da base, foram se explicar aos parlamentares.
Perguntada por jornalistas sobre o que achava das denúncias contra Pimentel, Dilma afirmou:
- O governo não acha nada, o governo só acha o seguinte: é estranho que o ministro preste satisfações no Congresso da vida privada, da vida pessoal passada dele. Se ele achar que deve ir, pode ir. Se ele achar que não deve ir, não vai - disse Dilma, referindo-se ao fato de que, no período das consultorias, Pimentel não ocupava cargo público.
Ela afirmou que, se as consultorias feitas por Pimentel tivessem ocorrido já na condição de ministro, a situação seria outra:
- Sobre assuntos do governo é obrigado a ir (ao Congresso).
Foi a primeira vez que Dilma se referiu ao tema. Ela não comentou quem está em sua lista para assumir o Ministério do Trabalho, vago desde a queda de Carlos Lupi, que deixou a pasta por suspeita de irregularidades em convênios com ONGs:
-Vocês aguardem, pode todo mundo aguardar. Não tem problema.
A presidente ainda frisou que deverá ficar neutra nas eleições municipais de 2012, pelo menos nas cidades onde os partidos de sua base tiverem mais de um candidato:
- Eu pretendo, ou estou cada vez mais inclinada, a não participar de eleições quando a minha base estiver envolvida - afirmou. - Tenho de ter responsabilidade com o país. Eu posso até ter (candidato) aqui dentro (no coração). Mas como presidente não tenho.
Dilma falou sobre o estado de saúde do ex-presidente Lula, que concluiu a primeira etapa do tratamento contra um câncer na laringe:
- Ele está muito feliz porque ninguém esperava que fosse tão bom o resultado (a resposta do organismo à medicação).
Lembrando que se curou de um linfoma, Dilma afirmou que sua recuperação e a de Lula são uma mensagem:
- É que esta doença é derrotável, cada vez mais você pode superar.
* Especial para O GLOBO
FONTE: O GLOBO
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