quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Base derruba convocação de ministro

Para oposição, proteção do Planalto a Pimentel sugere denúncias graves

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Numa operação comandada pelo Palácio do Planalto, governistas derrubaram ontem, numa comissão do Senado, pedido de convocação do ministro Fernando Pimentel. Para a oposição, a proteção do Planalto ao ministro do Desenvolvimento sugere que as denúncias são graves. Mesmo com a ação da tropa governista, dois senadores da base aliada, Ivo Cassol (PP-RO) e Pedro Taques (PDT-MT), votaram pela convocação.

A oposição continuará insistindo em investigar o caso. Ontem, o PSDB na Câmara protocolou requerimento de convite para que o ex-sócio de Pimentel na P-21, Otílio Prado, e representantes da ETA Bebidas do Nordeste Ltda deem esclarecimentos sobre os serviços de consultoria na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), encaminhou voto contrário; por oito votos a cinco, evitou o depoimento de Pimentel para prestar esclarecimentos sobre os serviços de consultoria prestados por ele em 2009 e 2010.

Na avaliação feita ontem no Planalto, o caso perderá fôlego, se não surgir fato novo. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), recebeu um telefonema de agradecimento de Giles Azevedo, chefe de gabinete da presidente Dilma, após a rejeição do requerimento. Jucá recebeu uma ligação do próprio Pimentel, que está em Genebra, para uma reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC).

De manhã, o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), lembrou que havia um acordo implícito com o governo para que ministros denunciados se explicassem:

- Não comparecendo, podemos supor que as denúncias são tão graves que fica a impressão de que o ministro Pimentel está assumindo a culpa.

O senador Jorge Viana (PT-AC) reagiu:

- Vi isso no governo Fernando Henrique Cardoso. Vários ministros saíram do governo para trabalhar na iniciativa privada e, depois, alguns voltaram para a vida pública. Isso não é crime. Não é justo, por conta de uma denúncia já esclarecida, que a pessoa receba a pecha de corrupto.

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) respondeu:

- Não queremos colar nele a pecha de corrupto. Queremos esclarecimentos. O Planalto tem usado dois pesos e duas medidas. Todos que não são do PT vêm ao Congresso. Nem a Velhinha de Taubaté se convenceu das explicações. Ele tem que apresentar os resultados da consultoria.

Taques também cobrou explicações de Pimentel:

- Quem não deve não teme. Qual o prejuízo de o ministro vir e conversar?

FONTE: O GLOBO

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