Fim de alianças em BH, Recife e Fortaleza trouxe crise à tona; ataques crescem nos últimos dias
Lula agora articula pacificação; partido socialista tenta ampliar fatia em eventual 2º mandato de Dilma
Paulo Peixoto, Fábio Guibu
BELO HORIZONTE, RECIFE - Depois de muitos anos afinados, PT e PSB emitem nas eleições municipais deste ano os primeiros sinais de uma disputa por espaço que pode alterar as relações de forças políticas na sucessão presidencial, em 2014.
O clima ruim entre os dois partidos ficou ainda mais acirrado nos últimos dias, com declarações de ataque de seus principais nomes: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Eduardo Campos (PE).
Há dez dias, em sua volta aos palanques, num comício em Belo Horizonte, Lula disse que o prefeito da capital mineira, Marcio Lacerda, e seu grupo do PSB "só estão no governo por causa do PT".
Quatro dias depois, o governador de Pernambuco rebateu ao afirmar que "Recife não é quintal de São Paulo", num recado à cúpula petista.
O envolvimento das cúpulas dos partidos e de seus principais dirigentes nos processos que levaram as legendas a romper em algumas das principais capitais indica que os problemas vão além das questões municipais.
O fim da aliança de 20 anos em BH, de 22 anos em Recife e de oito anos em Fortaleza trouxe a público essa crise.
Os ataques acenderam o alerta e Lula articula para manter a relação amistosa.
O líder petista convidou Campos para um evento da campanha de Fernando Haddad (PT) pela Prefeitura de São Paulo, onde os dois partidos são coligados. O governador aceitou e disse que nunca se distanciou de Lula.
Um dos maiores críticos do PSB nos processos municipais, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, já criticou o aliado, mas também deu sinais de pacificação.
Ele declarou ser "natural" que os partidos queiram crescer nas disputas municipais e que espera que PT e PSB sigam juntos. Três dias depois, disse que não se pode descartar um rompimento, reforçando que o PMDB é o parceiro preferencial do PT.
O PSB busca ampliar seus espaços até para acomodar dois de seus principais líderes que ficarão sem mandato executivo no final de 2014: os governadores Eduardo Campos e Cid Gomes (CE).
Nessa discussão com o PT, caberá tanto a vaga de candidato a vice-presidente, hoje com o PMDB, ou espaços maiores e mais nobres em um eventual segundo governo de Dilma Rousseff.
Ao PSB sempre existirá ainda um trunfo na negociação com o PT: a cobiça do senador Aécio Neves (MG) para tê-lo como aliado. O senador tucano é hoje o principal nome do partido para a corrida ao Palácio do Planalto em 2014.
Aécio, que é amigo de Campos e dos irmãos Cid e Ciro Gomes, já tomou o PSB do PT em BH, provocando a irritação da presidente Dilma.
Em Pernambuco, a irritação maior de Lula é por Campos ter se aliado ao senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), opositor do governo petista.
Após as eleições municipais neste ano, o partido socialista buscará uma fatia maior do bolo, hoje preferencialmente do PMDB.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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