Ibope também vê fenômeno na queda do candidato do PRB
Tatiana Farah, Marcelle Ribeiro, Gustavo Uribe, Silvia Amorim
SÃO PAULO - Depois de uma queda de dez pontos percentuais em duas semanas, o
candidato Celso Russomanno (PRB) já não tem mais garantido seu lugar na disputa
do segundo turno em São Paulo. O encolhimento da candidatura não encontra par
na história recente das eleições paulistanas, avaliam os diretores do Datafolha
e do Ibope, e deixa o cenário embolado até o dia da eleição.
- A ida de Russomanno ao segundo turno não está mais garantida. Resta saber
se ele chegou ao piso, com esses 25% de intenção de voto, ou se pode cair mais.
Não se pode descartar um segundo turno entre José Serra (PSDB) e Fernando
Haddad (PT) - avaliou o diretor do Datafolha, Mauro Paulino.
Pelo Datafolha, Russomanno tinha 35% em 19 de outubro e, anteontem, caiu
para 25%. Nesse período, Serra oscilou de 21% para 23%, empatando tecnicamente
com Russomanno. Haddad subiu de 15% para 19%, mantendo empate técnico em
segundo com o tucano. Para Paulino, a "desidratação" de Russomanno
poderia ter sido antecipada se o PT e o PSDB tivessem iniciado os ataques ao
candidato no início da campanha:
- Adiaram (o embate) para o último momento, e essa queda é totalmente
incomum. Nenhum outro candidato em eleições paulistanas sofreu uma queda desse
tamanho na reta final.
A diretora-geral do Ibope, Márcia Cavallari, também aposta na indefinição do
segundo turno. Ela concorda com a avaliação de que a grande queda de Russomanno
é inédita em São Paulo e lembra que houve quadro parecido nas eleições
presidenciais de 2002:
- O Ciro Gomes, do PSB, cresceu durante a campanha e depois caiu.
Especialista em ética e religião, o filósofo Roberto Romano diz que a
entrada em campo do líder da Igreja Universal do Reino de Deus, o bispo Edir
Macedo, só prejudica Russomanno:
- Na verdade, Russomanno era mais um balão inchado pelo vento da guerra
entre PT e PSDB, mas esses dois partidos têm fortes raízes na cidade e
reagiram.
Para Romano, o fator religioso ajudou na derrocada e tende a ganhar mais
espaço no segundo turno:
- Haverá uma mobilização dos católicos conservadores e de centro-esquerda
como reação à Universal. Acho trágica essa transformação das forças religiosas
em forças políticas.
Presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, o especialista
em marketing eleitoral Carlos Manhanelli avalia que Russomanno deve garantir
vaga no 2º turno. Mas, chega desgastado.
- Tudo leva a crer que não há mais tempo de reverter essa situação. Mas o
candidato do PRB chega ao segundo turno bastante enfraquecido.
Russomanno disse ontem que está sendo "massacrado" por
"mentiras":
- Apesar de tudo, nos mantemos em primeiro lugar. E vamos para o 2º turno.
No segundo turno temos mais tempo de TV. É muito difícil mostrar as propostas e
até se defender dos ataques que estou sofrendo. De tanto massacrar, massacrar,
a mentira vai parecer que é verdade.
O candidato minimizou a participação de Edir Macedo:
- Pode ser importante para você (ao repórter). Para mim, não é. Não vou
falar sobre religião.
Já Haddad disse ser um "equívoco" que as igrejas sejam
"instrumentalizadas a favor de um candidato".
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário