A tensão pré-Copom voltou a infernizar o governo Dilma, que já trabalha com a hipótese de o Banco Central subir os juros nesta semana, mas ainda sonha com a possibilidade de a decisão ser postergada para o mês de maio.
Hoje, por sinal, depois de ter ficado explícito que o próprio Palácio do Planalto dá como certo um aumento nos juros em breve, assessores presidenciais passaram a demonstrar receio com o tamanho do aperto monetário que vem por aí.
Ninguém acredita numa paulada nos juros, mas o novo temor é que o BC aplique uma dose mais forte na largada de um novo ciclo de ajuste na política monetária para mostrar que tem as rédeas do processo.
Em vez de uma leve alta de 0,25 ponto percentual, o Copom poderia subir, de cara, a taxa dos atuais 7,25% para 7,75%. Afinal, o banco precisa, reconhece o governo, recuperar sua credibilidade. Somente subir os juros já não seria suficiente para atingir tal objetivo.
Nada mais irônico é o Planalto despertar, somente agora, para a importância de o BC restaurar seu poder de coordenador das expectativas sobre os rumos da inflação. Afinal, ele foi duramente atingido por obra do chamado fogo amigo.
Trágico, porém, é notar que o governo descobriu, tardiamente, que uma inflação girando na casa de 6% durante tanto tempo criou resistências para sua queda. E gera um risco de reindexação na economia.
Parece ter acordado apenas depois que a inflação alta, como se diz, caiu na boca do povo. Deixou de ser um debate entre economistas e passou a fazer parte do cotidiano dos eleitores. Nada pior às vésperas de uma eleição presidencial.
Por essas e por outras, muita gente no governo crê num aumento dos juros, mas no fundo no fundo torce para que não seja agora.
Daí que, se o BC avalia que não pode mais esperar, a hora é essa. As pressões internas perderam força, mas podem ressurgir.
Fonte: Folha de S. Paulo
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