Por vezes a gente se desespera e faz a pergunta a si mesmo: valeu a pena toda a luta que encetamos por décadas para derrubar a ditadura e começar, ou recomeçar, a construção da vida democrática no Brasil?
A minha resposta continua sendo “sim”! Mas que é penoso constatar que as nossas instituições ainda gatinham, cometem equívocos e injustiças monstruosas e estão muito longe ainda de serem respeitadas, em especial por nós que dedicamos parte de nossa vida ao objetivo de conquistar uma sociedade justa e solidária.
Diariamente somos atingidos por atitudes, declarações e publicações que nos deixam indignados, ainda que não nos façam perder nossas convicções e desviar da rota que traçamos na construção da sociedade democrática.
O Legislativo deixou de ser uma instituição reprimida, amedrontada, ainda que muitos parlamentares sejam empregados de grupos econômicos ou comandados pelo poder político que exerce o governo central, sem qualquer compromisso com o seu papel institucional e com o interesse público. O Executivo deixou de ser exercido por delegados dos comandos militares e, mesmo com mensalões, tem a legitimidade do voto popular. O Judiciário passou a ter independência para julgar, apesar das limitações conhecidas.
A imprensa, com todas as suas deficiências, reconquistou a liberdade de informar e opinar. O Ministério Público passou a ter independência e autonomia. A polícia federal que era instrumento do regime autoritário passou a poder investigar com profundidade.
Enfim, grandes avanços se deram, elementos essenciais do regime democrático se tornaram parte da realidade política, social e institucional do povo brasileiro.
No entanto, acusações a torto e a direito, muitas delas feitas por indivíduos desclassificados são divulgadas e atingem indistintamente homens públicos em sua dignidade, sem levar em conta as repercussões sobre a sua vida e sobre o direito que o povo tem de saber a verdade. Mesmo sem qualquer prova ou qualquer consistência, basta uma testemunha qualquer, um indiciado qualquer, um criminoso qualquer, citar o nome de um político ou agente público, para que a acusação se propague pelos meios de comunicação sem possibilidade eficaz de esclarecimento.
Não há qualquer cuidado de alguns promotores públicos, que falam pelos cotovelos diante de um repórter ou dos refletores, ou da polícia federal, que usa e abusa do vazamento de informações na forma e na medida que lhe interessa, diante de uma imprensa ávida da publicação de possíveis escândalos tenham ou não qualquer prova de sua veracidade.
Exemplo atual e gritante são as manchetes da grande mídia, diante da acusação de uma testemunha, oculta, denominada de“Gama”, feita a um promotor público que não se deu por rogado para divulgar o depoimento que tomou, sem qualquer cuidado com a imagem dos acusados. Esse “Gama” diz que ouviu que o ex prefeito Kassab guardava em sua casa uma fortuna que recebeu da“Controlar”, empresa encarregada de fiscalizar os veículos no controle da poluição ambiental. Provas, investigações que comprovassem a acusação, nada!
Ainda mais, declarou o envolvimento do ex secretário da prefeitura, Mauro Ricardo, citando a concessão de “isenção”para uma instituição de ensino em troca de bolsa de estudos para um filho, o bloqueio de uma investigação que teria sido barrada por ele e que este teria recebido dinheiro da Bolsa de Valores para reduzir o ISS que ela, Bovespa, deveria recolher.
Todas as acusações foram respondidas, adequadamente, pelo ex Secretário: o filho de Mauro Ricardo não possui a bolsa citada, o ex Secretário não tinha essa função à data do tal bloqueio da investigação e, no caso da Bolsa houve, de fato, a iniciativa porque a Bovespa ( conforme ela mesmo confirmou ) ameaçava deixar a cidade de São Paulo e se instalar em uma cidade da Região Metropolitana.
Convivi com Mauro Ricardo que exerceu a função de Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo durante 4 anos, em pouco mais de 3 deles como vice governador e secretário da Secretaria de Desenvolvimento do Estado e, em pouco menos de 1 ano, na condição de Governador e posso afiançar que ele sempre se portou de maneira irrepreensível no exercício de sua função, o que lhe trouxe inimigos entre o empresariado. Não seria, como não foi, tenho a certeza absoluta, no papel de Secretário da Prefeitura de São Paulo no final do governo Kassab, que iria macular a sua biografia.
Nunca, de maneira nenhuma, cometeu qualquer deslize. É um homem acima de qualquer suspeita.
Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB
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