• Estratégia é romper blindagem ao Planalto com dissidentes da base
Júnia Gama e Cristiane Jungblut – O Globo
BRASÍLIA - A oposição no Congresso conta com a rebeldia do PMDB na Câmara para fazer investigações no âmbito da CPI mista da Petrobras que sejam capazes de ultrapassar a blindagem ao Palácio do Planalto. Deputados do PMDB insatisfeitos com o governo Dilma Rousseff têm mantido conversas com oposicionistas e já estão combinando uma estratégia conjunta para tocar os trabalhos. Se de um lado a oposição pretende provocar danos à imagem da presidente para enfraquecê-la na disputa eleitoral, de outro, o PMDB deverá aproveitar para pressionar o governo por cargos e apoio nos estados.
Em outra frente, deputados estão reivindicando que a presidência da CPI fique com um nome do PMDB que tenha interlocução com a Câmara. Há uma avaliação de que alguém do PMDB ligado à Câmara será mais sensível aos pleitos dos deputados cuja relação com o Palácio do Planalto é estremecida, e poderá atuar com mais independência do governo que os senadores mais alinhados com a presidente Dilma Rousseff.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), no entanto, diz que não irá entrar na briga com os correligionários no Senado. O deputado reconhece que o PMDB no Senado tem a preferência na escolha do presidente da CPI, já que é a maior bancada naquela Casa, enquanto na Câmara o PT é mais numeroso que o PMDB. A combinação até o momento, de acordo com a proporcionalidade dos partidos, é que o PT na Câmara fique com a relatoria da CPI.
- A presidência vai ser do PMDB do Senado, porque é a maior bancada de lá. Eu não vou bater chapa com eles, só se o senador Eunício Oliveira desistir de escolher - afirma.
Nos bastidores, deputados peemedebistas avaliam que a melhor opção para a presidência da CPI seria um senador do PMDB mais próximo da Câmara do que João Alberto (PMDB-MA), senador ligado a José Sarney (PMDB-AP), cujo nome vem sendo o mais cotado para a função. O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), irá anunciar sua escolha nesta terça-feira.
Além de João Alberto, Eunício também irá sondar os senadores Vital do Rêgo (PMDB-PB) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES) para o cargo. Ferraço é tido como um senador com postura independente em relação ao governo e é visto como uma opção forte pelo próprio Eunício. O líder do PMDB pode fazer a escolha menos alinhada com os interesses do Planalto se Dilma anunciar esta semana apoio ao candidato ao governo do Ceará de seu rival, o ex-governador Cid Gomes, que deve lançar a candidatura do ex-ministro Leônidas Cristino.
O líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN), diz acreditar que se a presidência da CPI ficar com um nome ligado ao PMDB na Câmara há mais chances da investigação trazer resultados. Mas, o senador acredita que o que mais contará na CPI será o peso dos fatos, e não a atuação do presidente da comissão.
A oposição espera ter a bancada do PMDB como aliada, por considerá-la mais combativa que a do Senado, por conta das insatisfações com Dilma Rousseff. Na estratégia que está sendo traçada pela oposição, e que conta com o aval do PMDB na Câmara, a ideia é ter imediatamente acesso à integra do inquérito da Polícia Federal sobre a Operação Lava-Jato e focar os pedidos de investigação na quebra de sigilo de movimentações financeiras dos envolvidos.
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