- Folha de S. Paulo
No país da Copa de estádios e aeroportos ainda inacabados, com promessas de segurança rigorosa, um torcedor morre em Recife atingido por um vaso sanitário atirado do alto de um estádio.
Ato de selvageria que tinha de ser evitado, naquele local, pelos donos do espetáculo, os clubes. Cena que vai circular o mundo, péssima propaganda para quem vai sediar o maior evento do futebol mundial.
E que deveria servir de reflexão sobre como ainda não conseguimos lidar de forma eficaz com o problema da (in)segurança, dentro e, principalmente, fora dos estádios.
De maneira geral, o Brasil e seus governos reagem a tragédias e só se planejam bem para eventos de repercussão mundial. Patinam, contudo, em encontrar soluções que gerem sensação de segurança na população no seu dia a dia.
Agora mesmo, a presidente Dilma prometeu a jornalistas que não vão colocar um dedo nas delegações estrangeiras durante a Copa, detalhando um esquema especial de segurança para o evento.
O governo do Rio anunciou que decidiu antecipar o início de uma operação especial para garantir paz na cidade-vitrine do país antes e durante os jogos da competição.
Tais esquemas extraordinários, para lá de justificáveis, costumam funcionar e bem. Já foram testados, com excelentes resultados. Mas são montados muito mais visando evitar uma propaganda negativa contra o Brasil mundo afora.
Aí, fica a pergunta no ar. Os brasileiros não merecem a mesma atenção e energia dos governantes? Têm sempre de contar com eventos de repercussão mundial para desfrutar de momentos de tranquilidade?
Por falar em Copa, sábado fui ao Mané Garrincha ver meu time jogar. Arena mais cara do evento, o estádio deveria estar um brinco. Não está. Por dentro, o acabamento parece de segunda. Por fora, piso inacabado. Os torcedores têm de enfrentar um trecho de terra pura.
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