• Segundo revista, diretores da estatal tiveram acesso prévio a perguntas; oposição pede substituição de relator
Catarina Alencastro, Isabel Braga e Tatiana Farah – O Globo
BRASÍLIA e SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) - O presidente da CPI da Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) informou ontem que determinará a abertura de um procedimento para investigar a denúncia da revista "Veja" de que a presidente da Petrobras, Graça Foster, e ex-dirigentes da estatal tiveram acesso prévio a perguntas que seriam feitas por parlamentares governistas durante seus depoimentos à comissão, e também receberam as respostas.
Em nota, Vital do Rêgo, que preside as duas CPIs que investigam a estatal (a exclusiva do Senado e a Mista), destacou a importância da comissão e disse que qualquer favorecimento que reduza o poder de investigação prejudica os trabalhos.
"O presidente entende que qualquer favorecimento que possa levar à mitigação do poder investigatório é prejudicial ao trabalho desenvolvido pelo colegiado. Por isso, e ante à necessidade de apurar responsabilidades sobre o material veiculado, além de possíveis infringências legais, determinará a instalação de procedimento próprio para o necessário esclarecimento dos fatos, sem prejuízo ao desenvolvimento dos trabalhos da comissão", diz a nota, na qual Vital do Rêgo não se pronuncia sobre o pedido da oposição para que ele deixe a presidência das CPIs.
O relator da CPI mista da Petrobras, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que defende a investigação das denúncias, mas não quer que problemas da CPI do Senado contaminem a Mista.
- É preciso primeiro investigar as denúncias em relação à CPI do Senado, se de fato ocorreu o repasse das perguntas. Mas isso não tem nada a ver com a CPI Mista. Não é momento de politizarmos o trabalho sério da CPI Mista - disse Maia.
A oposição aproveitará o esforço concentrado do Congresso esta semana para cobrar providências sobre as denúncias. O líder do PSDB no Senado e candidato a vice na chapa de Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), se reúne hoje em Brasília com outros líderes para ver que providências podem ser tomadas na Justiça e nos Conselhos de Ética da Presidência e do Senado.
Secretaria nega participação
Ontem, em campanha no interior de São Paulo com Aécio, Aloysio cobrou explicações da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, "seria impossível que ela não soubesse que estava se armando este crime contra uma instituição da República". Para Aloysio, a manutenção no cargo do relator da CPI, o senador José Pimentel (PT-CE), ficou inviável:
- Pelas denúncias, Pimentel seria uma das peças chave para essa armação. Ele não pode continuar como relator.
Aécio também voltou a condenar o episódio:
- Isso é extremamente grave. Brincam com a inteligência dos brasileiros. Se confirmadas essas denúncias, estamos diante de uma grande farsa.
Pimentel manteve a decisão de não se pronunciar e só falar sobre as denúncias hoje. A liderança do PT no Senado e os dois assessores citados como os que teriam feito as perguntas - Marcos Rogério e Carlos Hetzel - também não quiseram falar. Em nota, a Secretaria de Relações Institucionais negou ter elaborado perguntas, e o assessor especial do órgão Paulo Argenta garantiu que jamais preparou as questões:
- Não participei da elaboração de pergunta nenhuma. Não sei que história é essa.
Como parte da investigação, a oposição também cobrará a convocação de todos os senadores e assessores citados na revista.
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