Marcos de Moura e Souza – Valor Econômico
BELO HORIZONTE - O publicitário da campanha de Aécio Neves (PSDB) à Presidência, Paulo Vasconcelos, disse ontem que as críticas até as eleições vão se concentrar na presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT). Ele afirmou ainda os ataques petistas a Marina Silva (PSB) estão beneficiando Aécio por tirá-lo da linha de fogo da campanha de Dilma.
"O DNA da candidatura do PSDB é de oposição ao governo que está aí. O Aécio cresceu nas pesquisas, se posicionou diante dos eleitores e os tucanos historicamente são oposição ao PT. Além disso, trata-se de um governo que tem sido rejeitado por 60%, 70% do eleitorado dependendo do momento. Esse é o mercado de votos a ser trabalhado, o do eleitor que rejeita o governo", disse Vasconcelos ontem ao Valor.
O plano é, segundo ele, seguir a linha de apresentar propostas, fazer críticas ao governo e apresentar Aécio como alternativa mais segura ao PT do que Marina.
A candidata do PSB roubou o segundo lugar de Aécio nas pesquisas pouco depois que assumiu o posto de Eduardo Campos, então candidato no partido e que morreu em agosto.
"Essa linha nos trouxe até aqui e se nos trouxe até aqui é muito pouco diferente a linha que poderá nos levar um pouco mais à frente. Não haverá grandes mudanças, podem ser sutis."
As críticas a Marina que começaram ir ao ar na propaganda tucana no início do mês - que a apontavam como inexperiente e da "turma" do PT - suscitaram discussões no PSDB. A pergunta era se valia a pena atacar mais Marina ou mais Dilma.
Aécio insistiu na mensagem que Marina não tem experiência em cargos executivos e que ela militou durante mais de 20 anos no PT - numa tentativa dos tucanos de minar a simpatia que eleitores anti-PT vinham devotando a ela.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) defendeu que o alvo deve ser mesmo a presidente.
Vasconcelos vê que Aécio pode se beneficiar de um efeito colateral dos ataques - bem mais contundentes - que a campanha de Dilma faz a Marina.
"Na pré-campanha, Aécio era combatido de forma virulenta, o que começou com o aeroporto. Isso tudo saiu do radar do PT. O PT direcionou o radar para Marina."
Outro efeito que pode favorecer o tucano, na avaliação do publicitário, é Marina "deixou de ser um mito, a pessoa traumatizada pela morte de Eduardo Campos". E, como candidata, continua ele, passou a expor suas "fragilidades".
Pesquisa Ibope divulgada na terça-feira, mostrou Dilma com 36% das intenções de voto (39% na sondagem anterior), Marina repetiu os 31% e Aécio subiu de 15% para 19%.
"A diferença ainda é grande, mas está na cara que o eleitor está mexido. Marina perdeu 16 pontos percentuais no Paraná, por exemplo, nos últimos dez dias", disse. "Acho que agora o eleitor começa a prestar atenção, raciocinar e Aécio tem vantagem por ter mais tempo de TV, uma campanha mais estruturada e mais propostas", defende ele.
Mas Aécio ainda tem como adversário o fato de ser menos conhecido no país do que Dilma e Marina, diz Vasconcelos. "Aécio entrou na campanha com um índice de desconhecimento beirando os 80%. Isso vem caindo, mas ainda é 50%."
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