• Em ato em Itabuna, militância tucana vira grupo de foliões, com direito a trio elétrico e cerveja
Débora Bergamasco – O Estado de S. Paulo
ITABUNA (BA) - A campanha do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, programou nesta quinta-feira, 18, uma caminhada pela principal avenida de Itabuna, no interior da Bahia. Logo o ato se transformou em carnaval fora de época, com foliões pulando atrás do trio elétrico Pilequinho, dançando e bebendo cerveja. Ao final, a euforia do tucano e de seus aliados deu lugar ao rescaldo de “feridos”.
Depois de três horas de corpo a corpo, dentro da van com ar condicionado em direção a um heliponto, Aécio puxou a contabilização dos “ferimentos”. “Eu levei uns beliscões aqui que meu Deus do céu! Pelo menos isso já não me dá mais problemas em casa”, brincou. “No começo da campanha, se eu chegasse em casa com um arranhãozinho que fosse, eu tinha que ficar me explicando. Hoje, chego todo arranhando e ela (a mulher, Letícia) fica é com dó de mim. Ela diz: ‘Nossa, hoje foi puxado, né?’”
O bom humor se explicava em parte pela alta de quatro pontos na mais recente pesquisa Ibope, motivo de celebração na propaganda eleitoral. O resultado, no entanto, mantém Aécio em terceiro lugar, distante das adversárias Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB), hoje favoritas ao segundo turno.
O ato de campanha foi realizado em parceria com o candidato ao Executivo baiano apoiado pelo PSDB, o ex-governador Paulo Souto (DEM), líder na disputa. Ele também foi um dos “feridos” na “folia de campanha”. “Quando fui entrar no trio, não vi e bati a cabeça”, afirmou, enquanto alisava a careca. O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB), que disputa o Senado pela mesma chapa, queixou-se da mesma trapalhada. “Eu também bati minha cabeça e está doendo.”
Aécio provocou o aliado: “É foda ser muito alto, né, Geddel?” O peemedebista respondeu a troça: “É. É foda, sim, você não imagina o quanto é difícil ser grande”, riu, dando soquinhos no tucano.
Na última poltrona da van, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), não achava graça. Ao contrário, estava encolhido e lamentando. “Eu não estou aguentando de tanta dor no meu ombro. Eu estava com uma tipoia até hoje (quinta-feira) cedo e resolvi tirar para participar desse ato, mas não tô suportando, já fiz duas infiltrações”, desabafou. Aécio não aliviou para o aliado: “Ô, meu amigo, você só vai poder sentir dor agora depois de outubro. Até lá, sinto muito, mas preciso de você”.
Sem aula. Mais cedo, por volta das 10h, antes da chegada de Aécio, a militância, os carros de som e o potente trio elétrico Pilequinho se concentraram no início da principal avenida da cidade, em frente ao colégio Divina Providência, onde estudam alunos do ensino fundamental, médio e cursinho pré-vestibular. Os professores não conseguiram competir com o barulho de jingles e fogos de artifício.
Alunos se amontoavam na janela para espiar a multidão que ficou aglomerada por horas na porta da escola. A diretora pedagógica, Silvana Sellmann Moreira, desabafou: “Eu não vou negar. Está atrapalhando e não é só hoje, tem sido sempre assim. É impossível dar aula desse jeito”. Se não é possível superar essa situação, a orientação da diretora é transformá-la em tema de aula. “Tento pedir para os professores deixarem os alunos darem uma olhada e aí, outro dia, tentar incorporar esse momento em alguma aula, falar sobre eleições.”
Quando Aécio chegou, o plano era dar uma entrevista e caminhar entre os populares. Com o tumulto, a ideia foi abortada e o candidato embarcou à bordo do trio elétrico, acompanhado da comitiva política. Como no carnaval, ambulantes vendiam cerveja a quem seguia o Pilequinho. No fim, militantes seguravam uma bandeira em uma mão, e uma cerveja na outra.
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