• Ainda não é possível dar um balanço final, mas, até agora, o controle da Petrobras por grupos políticos reduziu a menos da metade o valor da empresa
Há pelo menos nove anos, desde a denúncia do mensalão, em 2005, ouve-se o mantra lulopetista: "Todos fazem" e "Isso já foi assim no passado". Mas o assalto à Petrobras, cometido numa associação criminosa entre altos dirigentes indicados pelo PT, PMDB e PP, e empreiteiros pulverizou a desculpa, porque nunca antes na história do país surgiram evidências e provas de tamanho esquema de corrupção concentrado num único setor.
Estatal de grandes proporções, a Petrobras volta e meia era motivo de rumores sobre desvios. Já se ouviram histórias de conluio de diretores com potentados árabes fornecedores de petróleo, no tempo que a empresa era a maior importadora individual de óleo do mundo. Também já circularam, há muito tempo, casos de conluio com fornecedores de plataformas, semelhantes ao comprovado agora na relação incestuosa entre a holandesa SBM, o diretor apadrinhado pelo PT Renato Duque e seu braço-direito Pedro Barusco — que se compromete a repatriar US$ 100 milhões embolsados em negociatas. Apenas Barusco é maior que o mensalão.
O tamanho desproporcional do petrolão comparado com outros golpes de drenagem criminosa de dinheiro público se explica pelo aparelhamento lulopetista da Petrobras.
Como a empresa foi tomada de assalto — com trocadilho — por petistas ligados a Lula/José Dirceu, e com ramificações no meio sindical, criaram-se as condições para uma operação ampla e organizada. Para o bem ou mal. No caso, para o mal.
Quem mais ocupou a presidência da estatal nestes 12 anos foi José Sérgio Gabrielli, economista baiano, militante sindical petista, também conhecido por participar da campanha da reeleição de Lula, em 2006, com a estrela vermelha do partido na lapela. Ontem, foi denunciado pelo Ministério Público fluminense, junto com a empreiteira Andrade Guttierrez, devido ao superfaturamento das obras de ampliação de centro de pesquisas da estatal (Cenpes). Ainda não se trata da Lava-Jato.
Aquela estrela no peito do presidente da Petrobras, percebe-se hoje, simbolizava o encampamento da estatal pelo partido e seus aliados. Dava-se o impensável pela militância: o partido estatista, que vociferava denúncias de tramas tenebrosas para privatizar a empresa, estava no centro de um esquema de roubalheira "privada", capaz de fraquejar a dona de grande reserva de petróleo.
Os desfalques deixaram de ser — se é que existiram — atos isolados, para ganharem escala industrial. Ainda não é possível fazer um balanço final da dimensão da ruína, mas, até agora, o aparelhamento lulopetista desvalorizou a Petrobras em cerca de 40%, no ano, fechou linhas de crédito no mercado internacional e criou a ameaça de esvaziar o caixa da empresa. Basta o governo continuar catatônico, sem agir para começar a reconstrução da estatal. A desmontagem de uma empresa deste tamanho é caso a ser estudado a fundo.
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