Raquel Ulhôa – Valor Econômico
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), conversa hoje com o colega Ricardo Ferraço (PMDB-ES), sobre a eleição da Mesa Diretora do Senado, que será em 1º de fevereiro. Com atuação independente do Palácio do Planalto, Ferraço é um dos nomes do PMDB que a oposição cogita apoiar, para evitar a reeleição de Renan Calheiros (PMDB-AL). O catarinense Luiz Henrique também é cotado e, como Ferraço, não descarta eventual candidatura.
PSDB e do DEM, partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff, estão decididos a lançar um candidato, mas o nome não foi definido. O ideal é que seja do PMDB, porque, como partido que tem o maior número de senadores (19, a partir de fevereiro), tem direito de comandar a Casa. Mas o candidato precisa ser eleito no plenário.
"Vamos fazer uma análise de conjuntura, de cenário. Vou avaliar as condições objetivas. Essa não é uma conversa proibida. Eu sou uma pessoa livre e independente para conversar sobre o que quiser com quem quiser ", disse Ferraço ao Valor, sobre o encontro com Aécio, marcado para hoje, no Rio de Janeiro. O passo seguinte será discutir o assunto com o líder da sua bancada, Eunício Oliveira (CE).
Na eleição presidencial, Ferraço não seguiu a orientação nacional do PMDB e coordenou a campanha de Aécio no seu Estado.
Luiz Henrique, ex-governador de Santa Catarina e ex-presidente nacional do PMDB, considerado por setores da oposição como nome forte para comandar o Senado, também está mantendo entendimentos sobre a eleição. "Estou sendo procurado por senadores de vários partidos. Não descarto nada. Mas vou conversar com mais colegas e na última semana de janeiro vou anunciar minha posição", afirmou.
O presidente e líder do DEM, José Agripino (RN), garante que, "em qualquer circunstância", a oposição apoiará uma candidatura. Historicamente, a oposição lança adversário ao candidato oficial, ao menos para marcar posição. Em 2013, Pedro Taques (PDT-MT) concorreu com Renan. Agripino, então no PFL, disputou em 2007 e perdeu também para o alagoano.
"Não apoiaremos um candidato oficial do Palácio do Planalto. Vamos ter uma candidatura que não seja claramente alinhada com o governo. No mínimo, independente. De preferência de um partido da base, para trazer votos que, somados aos nossos, garanta a vitória", disse. Segundo, ele, não há nome escolhido. "O que existem são especulações, que não têm fundamento ainda. Tem que ver primeiro quem topa e, depois, quem traz votos."
O líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP), também nega que a decisão esteja tomada e, como Agripino, alerta que a oposição não tem votos suficientes para eleger um presidente do Senado. "A decisão que vamos tomar depende de como o PMDB vai se comportar. Se vai simplesmente baixar uma candidatura das suas fileiras sem consultar outras bancadas ou se vai, pelo contrário, fazer uma consulta aos senadores, para encontrar um nome que tenha maior trânsito entre todos", disse Aloysio Nunes.
Renan não anunciou candidatura a reeleição, considerada certa no Senado. Eunício quer reunir os senadores do PMDB na última semana do mês, para discutir a questão da Mesa e das comissões. Se Renan decidir não disputar, na bancada o líder é considerado candidato natural.
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