• Ao menos 6,5 mil trabalhadores saíram de montadoras do ABC Paulista rumo à Via Anchieta
Ronaldo D"Ercole - O Globo
SÃO PAULO- Uma grande manifestação de metalúrgicos em protesto contra as demissões na Volkswagen e na Mercedes Benz paralisou ontem as pistas locais dos dois sentidos da Via Anchieta, que liga a capital paulista a Santos . A Polícia Militar estimou em 6,5 mil o número de trabalhadores que partiram das fábricas das duas montador as em passeata pelas vias marginais da rodovia, na altura do ABC Paulista. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC falou em 20 mil participantes na marcha. Além dos trabalhadores da Volks e da Mercedes, funcionários da Ford, que tem fábrica na região, engrossaram a manifestação em solidariedade aos colegas. Com protestos como o de ontem, sindicato e trabalhadores querem pressionar as empresas a retomar o diálogo para tentar suspender as demissões da semana passada: 800 na Volks e 244 na Mercedes-Benz.
— Uma ação como essa e as demonstrações de solidariedade dos metalúrgicos do ABC, da CUT e outras centrais dão firmeza aos trabalhadores para continuar acreditando que a reversão das demissões é possível — disse o presidente do sindicato, Rafael Marques. Os 13 mil trabalhadores da fábrica da Volks em São Bernardo do Campo estão em greve desde terça-feira passada, e os líderes do movimento dizem que apenas suspenderão a paralisação depois que a direção da empresa se dispuser a discutir as dispensas. Já os trabalhadores da Mercedes voltaram ao trabalho, depois de um dia parados, na quarta-feira. Apesar da greve e dos protestos — que têm contado com a participação de familiares dos trabalhadores demitidos —, até agora nenhuma das empresas sinalizou a intenção de dialogar .
Estratégia contra novas dispensas
Diante do silêncio das empresas, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC apresentou ontem , durante a manifestação , uma pauta de reivindicações, que foi aprovada pelos trabalhadores e será encaminhada aos governos paulista e feder al. Marques, presidente do sindicato, reuniu-se ontem à t ar de com o secretário de Relações do Trabalho de São Paulo , João Dado . Na pauta, a criação do Conselho Estadual de Política Industrial, de uma Câmara de Negociação e Mediação de Conflitos e o combate à guerra fiscal. Do governo federal, os metalúrgicos do ABC cobrarão a criação do Sistema Nacional de Proteção do Emprego e o Programa Nacional de Renovação da Frota de Caminhões.
Em outra frente, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) promove hoje reunião das centrais sindicais para definir novas ações conjuntas contra as demissões na Volks e na Mercedes, e impedir novos desligamentos nas empresas do setor . Também vão à reunião dirigentes de Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores, Nova Central Sindical de Trabalhadores e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil. —Vamos discutir estratégias para frear as demissões, pois cada emprego na montadora representa 18 postos de trabalho na cadeia de produção — disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical, que tem grande números de empresas de autopeças em suas bases.
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