Renata Batista e Robson Sales – Valor Econômico
A disputa antecipada pela candidatura do PMDB à Prefeitura do Rio está alimentando rumores de que o prefeito Eduardo Paes poderá sair da sigla. Paes, que já está em seu segundo mandato, é assediado por PT, PSD e até pelo DEM.
Em conversa com o Valor, o presidente do diretório regional do PMDB, Jorge Picciani, duvidou da saída de Paes e do deputado federal Pedro Paulo (PMDB), pré-candidato à prefeitura. Picciani articula a candidatura de seu filho, o deputado federal Leonardo Picciani. "Essa conversa só interessa aos nossos adversários. Nós já acordamos que somos mais fortes unidos", disse.
De acordo Picciani, que é deputado estadual eleito e trabalha para voltar a presidência da Assembleia Legislativa, os termos do acordo entre os dois grupos políticos dentro do PMDB fluminense estão claros: o candidato do PMDB a prefeitura será Pedro Paulo ou seu filho, Leonardo, desde que o ex-governador Sérgio Cabral não queira disputar o cargo. "Mas ele [Cabral] tem dito que não quer", afirma.
Segundo ele, ao longo de 2015 e 2016, os dois poderão trabalhar por suas candidaturas e Paes terá total liberdade para privilegiar Pedro Paulo, notoriamente o candidato de sua preferência. No fim de 2014, porém, Leonardo ganhou de presente de Paes a secretaria de Transportes, já foi até elogiado em público e tende a ter grande visibilidade nesses dois anos com a inauguração da linha 4 do Metrô e dos BRTs. "O candidato será aquele que unir o partido", resumiu, para depois ir além no afago ao prefeito: "Está consagrado dentro do partido que o candidato ao governo do estado em 2018 será Paes".
A informação de que Paes fica no PMDB vem também de dentro dos partidos que estariam de olho no seu passe. No PT, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, nega ter ouvido qualquer manifestação sobre a intenção do prefeito de deixar o PMDB. Neves, porém, faz parte do grupo de petistas que defende a manutenção da aliança com o PMDB no estado desde o ano passado, quando o senador Lindbergh Farias (PT) e o presidente regional do PT, Washington Quaquá, optaram pelo rompimento. Quaquá não foi encontrado pela reportagem.
Tanto Neves quanto Picciani confirmam a possibilidade de Paes fazer ajustes em sua equipe com vistas a fortalecer sua aliança para as eleições de 2016. O prefeito de Niterói acredita, porém, no fortalecimento de grupos do PT que foram mais fiéis à aliança na disputa estadual. Já Picciani, ao promover o movimento Aezão (de apoio de parte do PMDB ao então candidato do PSDB Aécio Neves) abriu caminho para uma reconciliação de Paes com antigos aliados do PSDB e do DEM, como o ex-prefeito Cesar Maia, que lançou Paes na política, mas rompeu com ele ao se opor a sua candidatura.
Procurada, a assessoria do prefeito informou que não comentaria os rumores. Pelo calendário eleitoral, Paes e Pedro Paulo terão que decidir até julho se ficam ou saem do PMDB. É quando termina o prazo da justiça eleitoral para filiação de candidatos para as eleições de 2016.
Para Paes, não há a premência de 2016. Analistas ouvidos pelo Valor consideram, porém, que como vai ficar dois anos sem mandato, é muito importante para Paes fazer um sucessor totalmente alinhado para se manter no radar do eleitor.
Um partido que poderia receber ambos, sem conflito com a legislação eleitoral e com a regra de fidelidade partidária é o PL, que o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) planeja refundar para, posteriormente, unir ao PSD. No cenário partidário do Rio, porém, os principais nomes do PSD, são fortemente ligados a Picciani e ao PMDB.
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