• A amigos, vice Michel Temer se disse chocado com as denúncias
Simone Iglesias - O Globo
Para a cúpula nacional do PMDB, a candidatura de Pedro Paulo Carvalho à sucessão do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), no ano que vem, tornou-se insustentável. Dirigentes se disseram chocados com as denúncias de que ele agrediu e ameaçou a ex-mulher, e foram categóricos ao afirmar que será um constrangimento para Pedro Paulo e para o partido enfrentar uma campanha que acabaria tendo o tema da violência contra a mulher como foco principal.
A pessoas próximas, o vice-presidente Michel Temer foi um dos que se disseram chocados com a situação. Os peemedebistas preferiram falar sobre o assunto reservadamente, sem declarações públicas, para evitar ampliar mais a crise, que ainda está circunscrita ao Rio. Além do incômodo geral, os peemedebistas lembraram que Temer foi quem criou a primeira delegacia da mulher, em São Paulo, em 1985.
— A Lei Maria da Penha matou a candidatura de Pedro Paulo. Não há o que fazer, as agressões são um problema insanável — disse um ministro peemedebista.
“Paes terá de repensar estratégia”
Além das agressões à ex-mulher Alexandra Marcondes Teixeira com chutes e socos, esta semana foi descoberto novo registro policial contra Pedro Paulo: a ex-mulher o acusou, em 2010, de ameaçar “sumir” com a filha do casal após a separação.
Segundo o ministro do PMDB, o clima é de mal-estar com a situação. Em um jantar esta semana entre ministros e dirigentes peemedebistas, Pedro Paulo, até então visto apenas como um político de importância local, virou o tema principal da conversa. Líderes do partido se mostraram surpresos com a situação, sem mesmo conhecer o atual secretário de Governo de Paes.
— Não o conheço, ouvi dizer que é um bom gestor. Lamentavelmente, isso é a última coisa que o eleitor vai lembrar quando se deparar com as ocorrências. É uma pena, mas Eduardo Paes vai ter que repensar sua estratégia, sob pena de perder o comando da prefeitura do Rio, que é estratégica para o partido. Quem da direção não vai ficar constrangido em ter que responder sobre isso publicamente na campanha? — perguntou outro ministro, que pediu reservas.
A cúpula do PMDB avalia que o episódio pode acabar respingando em Paes e prejudicando uma eventual candidatura à Presidência da República, no futuro. Integrantes do partido aventam seu nome, inclusive, para 2018. A cúpula da legenda sugere que, se ele tiver realmente a pretensão de entrar na disputa, que reposicione o discurso para não ficar com a biografia marcada.
Um senador afirmou que o prefeito do Rio errou em ter se envolvido pessoalmente no episódio. Acha que ele já deveria ter tirado Pedro Paulo do foco. Para os integrantes do partido, será muito ruim enfrentar uma campanha em que o candidato, mesmo com potencial eleitoral, tenha que passar todo o tempo se justificando, porque as denúncias são autoexplicativas e fáceis de assimilar.
— Os boletins de ocorrência vão “viralizar” nas redes sociais. As mulheres, que são maioria do eleitorado, vão fazer campanha contra. Agressão contra mulher é destruidor para qualquer um. Para um político, potencializa ainda mais — disse um integrante da executiva partidária.
— Não há salvação alguma para essa candidatura. Vai virar piada em rede nacional. Como vai ser isso? Vote em mim e apanhe depois? — avaliou outro cacique do partido.
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