• Temor de perder benefícios sociais aumenta e faz argentinos mudarem voto
- O Globo
BUENOS AIRES - A campanha do medo promovida pelo kirchnerismo e seu candidato à Presidência da Argentina, Daniel Scioli, na reta final da campanha eleitoral acentuou, ainda mais, as diferenças entre seus eleitores e os seguidores do prefeito portenho, Mauricio Macri, favorito, segundo todas as pesquisas, na disputa pela sucessão de Cristina Kirchner. Em redutos eleitorais de Scioli, principalmente na região da Grande Buenos Aires, o temor de perder benefícios sociais conquistados desde que os Kirchner chegaram ao poder, em 2003, se aprofundou nas últimas semanas e levou até mesmo alguns argentinos a mudarem seu voto.
Já nos distritos onde a oposição é mais forte, pessoas que votaram por Macri no primeiro turno dizem estar ainda mais convencidas de sua opção por uma mudança de rumo político.
No primeiro turno, o mecânico Cristian Santucho votou no candidato da oposição. Hoje, admite, com certa resignação, que votará no candidato do kirchnerismo por medo. Santucho está assustado e decidiu mudar seu voto para não arriscar os benefícios sociais que a família recebe.
— Minha mãe recebe uma pensão do Estado, está doente e precisa fazer vários tratamentos — disse Santucho, reconhecendo, sem rodeios, que a campanha kirchnerista o convenceu.
Alejandro Dario Meza, servidor público, votou em Scioli no primeiro turno e está convencido da necessidade de continuar “apoiando este projeto”. Já o comerciante Cristian Rodríguez, como muitos de seus vizinhos e amigos, temem que Macri esteja planejando aplicar um forte ajuste econômico e desvalorização do peso, duas iniciativas que Scioli acusou o adversário de estar escondendo dos eleitores.
— Macri vai governar para os ricos. Achamos que com ele a vida dos pobres ficaria muito mais difícil — opinou Cristian.
Entre os eleitores do candidato opositor, a campanha do medo serviu para reforçar o desejo e a convicção de que a Argentina precisa de uma mudança.
— Certamente ele deverá adotar medidas econômicas que vão prejudicar as classes média e média alta, mas isso é inevitável porque precisamos sair dessa crise — disse a médica Ana Correia.
Já o contador Federico Romero considerou “ridícula” a ideia de que Macri afetaria direitos sociais já conquistados. (J.F.)
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