• Em congresso da juventude petista, mensaleiros foram homenageados em faixas
“Temos que ajudar a companheira Dilma a sair da encalacrada que a oposição nos colocou. É hora da gente se juntar” Lula Ex-presidente
Leticia Fernandes, Simone Iglesias e Maria Lima - O Globo
BRASÍLIA - Em um esvaziado congresso nacional da juventude do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva levantou suspeitas sobre as doações de dinheiro feitas ao PSDB por empreiteiros ligados à Lava-Jato. No ginásio, faixas enalteciam os mensaleiros.
— Quero saber se o dinheiro do PSDB foi buscado numa sacristia. Então, nosso companheiro (João) Vaccari, que é um companheiro inteligente, pegava dinheiro de propina, e o PSDB ia lá no cofre e pegava dinheiro limpo? Não podemos permitir que chamem petista de ladrão — afirmou.
A homenagem aos petistas condenados e presos no processo do mensalão os identificava como “guerreiros do povo brasileiro”. Foram citados o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, o ex-deputado José Genoino e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha. Também foi lembrado João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT preso pela Operação Lava-Jato.
Antes da chegada de Lula, o apresentador que animava a militância pediu saudações ao “guerreiro do povo brasileiro”. Os jovens saudaram, em coro, Dirceu, também chamado de “guerreiro da democracia” em outro cartaz.
O governador de São Paulo e um dos principais nomes do PSDB, Geraldo Alckmin, rebateu, em entrevista à rádio CBN, a afirmação de Lula:
— Pessoas que não têm como se justificar acabam usando argumento para dizer: “Não, os outros também fazem igual”. E não é verdade. O Brasil não tem financiamento público de campanha, então o financiamento tem que ser privado. Isso não tem nada a ver com corrupção, com superfaturamento, com propina. São coisas bastante distintas.
Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves disse, em Minas, que o encontro da juventude do PT, em que Lula “diz aos jovens que vale a pena roubar”, ficará marcado como um dos mais tristes episódios da cena política brasileira. E ainda que Lula “envergonha” o Brasil.
Durante o evento, Lula afirmou que é preciso empenho dos correligionários para defender o mandato da presidente Dilma Rousseff e voltou a pedir que o partido fique unido em meio à crise:
— Temos que ajudar a companheira Dilma a sair da encalacrada que a oposição nos colocou. Temos que levantar a cabeça. Se estamos passando por um momento delicado é hora da gente se juntar. Aécio rebateu: — O ex-presidente Lula pede ajuda para tirar Dilma da encalacrada que a oposição a colocou. Não! Brasileiros é que querem que alguém nos tire da encalacrada em que o Lula, a Dilma e o PT nos colocaram.
‘O poste iluminou’
Mesmo em meio às dificuldades que Dilma enfrenta para governar, com apoio limitado no Congresso para aprovar medidas de ajuste fiscal, Lula defendeu sua sucessora:
— Diziam: ela nunca foi eleita nada, ela é um poste. O poste iluminou. É preciso ajudar a companheira Dilma para que ela possa aprovar tudo que quer e virar a página do ajuste fiscal.
Lula pediu aos petistas que priorizem as eleições municipais do ano que vem:
— Não tem 2018 se a gente não tiver 2016, nós precisamos construir 2016. O ideal para um partido é que ele pudesse disputar e ganhar a Presidência, 27 governadores, 81 senadores e 513 deputados. Seria maravilhoso que só a esquerda pudesse fazer isso, mas não é possível.
Cobrado por integrantes da juventude a romper com o PMDB, Lula respondeu que é preciso garantir a governabilidade e, para isso, fazer alianças:
— Seria maravilhoso que a Dilma sozinha pudesse governar. Mas entre meu desejo ideológico e o mundo real da política tem uma distância enorme.
Lula ainda minimizou as cobranças dos jovens, que gritavam “Fora, Levy”, “Fora, Cunha”, e “Fora, Meirelles”.
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