Por Leandra Peres e Andrea Jubé – Valor Econômico
BRASÍLIA- Apesar da resistência de entidades que representam a indústria, o eventual governo do PMDB continua disposto a extinguir o Ministério do Desenvolvimento, transferindo suas atribuições na área de comércio exterior para um Itamaraty fortalecido, com o senador tucano José Serra (SP) à frente. A oferta a Serra foi considerada uma boa solução tanto para ele como para o partido.
Um dos primeiros aliados do vice-presidente Michel Temer, Serra poderá participar ativamente da discussão econômica do novo governo, sem, no entanto, estar exposto ao desgaste diário do ajuste fiscal e cortes de gastos. A avaliação é que o tucano conseguirá dar nova voz ao Itamaraty e marcar uma nova postura na política externa do país.
A indicação do deputado Raul Jungmann (PPS-PE) para o Ministério da Defesa foi feita diretamente pelo ex-ministro Nelson Jobim. Temer insistiu ainda na participação de Jobim no governo, mas o jurista considera que seu envolvimento na defesa de várias empresas envolvidas na Operação Lava-Jato seria fonte de críticas e um desgaste tanto para ele como para o governo.
Temer está sendo convencido por aliados a escolher notáveis para assumirem pastas estratégicas na área social, como Saúde e Educação, caso o Senado afaste a presidente Dilma Rousseff no dia 11 de maio. Outra recomendação é que abra as portas para o Senado, onde não tem acesso tão livre como na Câmara dos Deputados, mas que julgará o impeachment de Dilma.
Em um dos desenhos sobre a mesa de Temer, o PP assume o Ministério da Agricultura, e o PRB a Secretaria de Portos. A três meses da Olimpíada, o PMDB do Rio - do prefeito Eduardo Paes - indicaria o ministro do Esporte. O cotado é o deputado federal Marco Antônio Cabral (PMDB-RJ), filho do ex-governador Sérgio Cabral.
Temer tem sido aconselhado a indicar nomes de referência para as duas pastas principais pastas da área social. O Valor apurou que, para Saúde, foram levados ao vice os nomes do diretor-clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, Claudio Lottenberg, e do médico infectologista David Uip.
Entre as pastas cobiçadas pelo PMDB, que o partido não controla na gestão Dilma, estão Esporte e a Integração Nacional. Para contemplá-lo, Temer recuaria de fundir Turismo com Esportes. O ex-presidente da Câmara Henrique Alves reassumiria o Turismo. Para oferecer a Integração ao PMDB, Temer cogita entregar o Ministério da Agricultura ao PP, que tem boa parte da bancada ruralista.
Nesse arranjo, o PRB - que reivindica Agricultura - seria contemplado com a Secretaria dos Portos. O indicado é o presidente nacional da sigla, Marcos Pereira. A ideia é que a oferta não desagrade ao PRB por contemplar a administração de sete Companhias Docas. Uma de suas principais lideranças - o deputado Beto Mansur (SP) - foi prefeito de Santos, que abriga o principal porto do país.
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