Pedro Venceslau, Adriana Ferraz e Daniel Weterman, O Estado de S.Paulo
O governador Geraldo Alckmin “lançou” na sexta-feira, 26, publicamente, os nomes do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do PSDB, como candidatos à Presidência em uma eventual eleição indireta.
A declaração foi feita um dia depois de o tucano se reunir por mais de três horas com FHC, Jereissati e o prefeito da São Paulo, João Doria, no apartamento do ex-presidente. Em um gesto de deferência a Alckmin, o senador cearense viajou até São Paulo para sondá-lo sobre a permanência do partido no governo Michel Temer e traçar cenários em caso de renúncia ou cassação do peemedebista pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O governador paulista também tratou de dissipar os rumores de que ele próprio poderia ser candidato ao mandato “tampão”. “Quero antecipar que nesta hipótese (de renúncia de Temer) eu não sou candidato a nenhuma eleição indireta e os dois grandes nomes são o (ex-)presidente Fernando Henrique (Cardoso) e o Tasso Jereissati”, afirmou.
Temendo que Tasso dispute a reeleição em 2018 se for eleito pelo Congresso, o que inviabilizaria o projeto de Alckmin, tucanos paulistas deflagraram um movimento pela candidatura de FHC.
Na reunião de quinta-feira, 25, porém, o ex-presidente disse que não tem essa pretensão e defendeu o nome de Tasso.
O presidente interino do PSDB, por sua vez, disse que não tem ambição de ser candidato ao Palácio do Planalto no ano que vem e sinalizou que, hoje, o nome do governador paulista é o mais bem posicionado para a disputa eleitoral do ano que vem.
Durante a conversa no apartamento de FHC, os caciques também citaram o nome do ex-ministro da Justiça e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim como um candidato que poderia alcançar o consenso entre as diferenças forças do Congresso, já que tem bom trânsito com PMDB, PT e PSDB.
Uma possibilidade discutida, reservadamente, entre lideranças de partidos da base de Temer é lançar Tasso à Presidência e Jobim como vice e eventual ministro da Justiça no mandato tampão.
Aproximação. A atual crise política aproximou Alckmin de FHC. Tucanos próximos ao governador afirmam que o “índice de bem querer entre os dois” atingiu um novo patamar com o escândalo envolvendo o senador Aécio Neves (MG), afastado da presidência do partido.
Isolado da executiva do PSDB enquanto Aécio estava no comando da legenda, o governador paulista ganhou espaço após a delação da JBS que atingiu o senador mineiro.
Com o partido em ebulição no Congresso e forte pressão das bases tucanas pelo desembarque imediato do governo Temer, Tasso pediu ajuda a Alckmin e foi atendido.
O governador barrou os “rebeldes” do diretório paulista e evitou que o movimento dos chamados “cabeças pretas” se espalhasse pelo País.
Candidato natural. Com esse novo cenário, deputados tucanos e até correligionários do senador afastado passaram a exaltar Alckmin como candidato “natural” em 2018.
“O Brasil vai precisar de um nome sensato. Nesse momento, Alckmin é esse nome”, disse o deputado mineiro Bonifácio Andrada, decano da bancada tucana e aliado de Aécio na política mineira.
“Após a decantação do processo, Alckmin será a opção mais forte”, afirmou o deputado Otávio Leite, presidente do diretório do PSDB no Rio.
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