Economista Paulo Rabello de Castro assumirá os trabalhos na semana que vem; primeira ação deve ser uma reunião com os diretores da instituição
Idiana Tomazelli | O Estado de S.Paulo
Indicado hoje como novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o economista Paulo Rabello de Castro afirmou em entrevista exclusiva ao Estado/Broadcast que sua principal missão à frente da instituição de fomento será "reanimar o setor produtivo brasileiro". Rabello de Castro ainda teceu elogios ao trabalho de sua antecessora, Maria Silvia Bastos Marques, que comunicou hoje ao presidente Michel Temer sua saída da presidência do banco. "Vai ser difícil discordar da Maria Silvia em qualquer coisa que ela tenha feito, tamanha é minha admiração por ela", disse.
O novo presidente do BNDES se disse disposto a encarar "desafios espinhosos", como é o caso do crédito no Brasil. "Tenho a missão de reanimar o setor produtivo brasileiro, leia-se industrial principalmente. É uma missão dura, mas grandiosa", afirmou. Segundo Rabello de Castro, o setor industrial merece maior atenção uma vez que o setor agrícola "está bem cuidado por seu próprio desempenho e estímulo de preços".
O economista, que até hoje presidiu o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), lembrou que fundou e atuou até o ano passado como diretor-presidente da SR Rating, classificadora de risco, o que lhe confere experiência na área. "Mais rigoroso que eu num olhar sobre crédito, impossível", disse.
Nos últimos meses, Maria Silvia tornara-se alvo de críticas de empresários e de integrantes do próprio governo por ter "travado o crédito". A maior pressão, como mostrou o Broadcast, partia do ministro Moreira Franco, responsável pelo Programa de Parcerias de Investimento, que abrange concessões, privatizações e Parcerias Público-Privadas. Sem financiamento, o programa não deslancha.
"Nenhum banqueiro pode ser criticado por ser rigoroso. Se essa crítica pesava sobre Maria Silvia, ela está de parabéns", disse hoje Rabello de Castro.
O novo presidente do BNDES assume os trabalhos já na semana que vem, e a primeira ação deve ser uma reunião com os diretores da instituição. Rabello de Castro quer tomar pé de todos os projetos do banco, inclusive da criação da Taxa de Longo Prazo (TLP), que vai substituir a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). A nova TLP seguirá o juro pago nos títulos do governo conhecidos como NTN-B, atrelados à inflação. Com isso, ela acabará sendo influenciada diretamente pela dinâmica da economia e pode acabar com uma das grandes distorções do mercado de crédito no Brasil hoje, a falta de coordenação com a taxa básica de juros, a Selic.
"Eu vou me inteirar quando chegar lá, mas de pronto vou dizer: vai ser difícil discordar da Maria Sílvia em qualquer coisa que ela tenha feito, tamanha é minha admiração por ela. Pode ter sido até fator determinante (para aceitar o convite), ela é profundamente confiável", disse o novo presidente do BNDES.
Rabello de Castro estava em uma sala de conferências do IBGE, no centro do Rio, aguardando uma reunião virtual com representantes do Ministério do Planejamento para falar de novos projetos quando recebeu a ligação do presidente Michel Temer, pouco antes das 18h de hoje. Ele disse que "estranhou" a demora no início da reunião, e depois ficou sabendo que o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, estava no Palácio do Planalto. Rabello de Castro gravaria ainda uma mensagem de despedida para o público interno do IBGE, instituto que presidiu por quase um ano. "Sou ibegeano e serei sempre", disse.
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