- Folha de S. Paulo
O jogo da denúncia contra Michel Temer parece ganho no plenário da Câmara, embora enquete publicada pela Folha no domingo (2) mostre que o presidente precisa se precaver para evitar a zebra.
Os números apontam enorme distância até os 342 votos necessários para a Câmara autorizar o STF a decidir se aceita a acusação, afastando Temer do cargo por 180 dias. E hoje existe teoricamente uma base mínima de 172 parlamentares para impedir o andamento do processo.
Sinais emitidos deveriam, porém, despertar a atenção do governo. Apenas 45 deputados afirmaram que são contrários à denúncia. A favor de sua continuidade estão 130, 212 a menos do que os exigidos 342. Dos que responderam, 57 não se posicionaram. E 168 não retornaram ao questionamento, sendo que muitos são da base aliada do Palácio do Planalto.
É natural que deputados dispostos a barrar a denúncia prefiram o silêncio. A votação em plenário deve levar algumas semanas —provavelmente será na última de julho—, não havendo razão política para exposição pública tão cedo a uma pressão contra um presidente que amarga míseros 7% de aprovação.
Alguns dados, no entanto, são sintomáticos e revelam áreas de contenção para o governo. Uma delas está no próprio PMDB de Temer: 18 de seus 63 deputados informaram não ter uma posição formada. É quase um terço da bancada a ser convencido a segurar a denúncia.
Nenhum deputado do DEM, partido que conta com ministro na Esplanada, declara voto abertamente. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), será o beneficiário imediato de uma possível saída de Temer, seja por assumir a cadeira no Planalto em eventual transição, seja como potencial candidato em eleição indireta no Congresso.
O procurador-geral, Rodrigo Janot, avisou no sábado que "enquanto houver bambu, lá vai flecha". Se Temer der bobeira, corre sério risco de ficar sem escudos para segurá-la.
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