Após prisão do ex-presidente, cenário da corrida ao Planalto segue fragmentado
A maioria dos eleitores não acredita que Luiz Inácio Lula da Silva (PT)vá disputar a corrida presidencial. Não era assim em janeiro, antes da prisão do ex-mandatário.
Tal evolução, contudo, não contribuiu para clarear ou alterar sobremaneira a disputa entre os demais pré-candidatos.
Na nova pesquisa do Datafolha, 62% entendem que Lula está fora do pleito, crença de 43% dos entrevistados há pouco mais de dois meses. Expressivos 40% consideram seu encarceramento injusto, mas uma maioria de 54% o aprova.
Essa ambivalência se reflete nas intenções de voto no petista, que ainda lidera a pesquisa, com 30% ou 31% das preferências.
Na sua ausência, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) aparece à frente em qualquer cenário, sempre com 17%, tecnicamente empatado com Marina Silva (Rede), que tem 15% ou 16%.
A ex-senadora e Ciro Gomes (PDT) são os que mais crescem quando Lula não está na cédula. O pedetista divide o terceiro lugar com Joaquim Barbosa (PSB) e Geraldo Alckmin (PSDB).
Não se trata de uma situação propriamente nova, consideradas as pesquisas de 2017, embora os cenários não possam ser comparados com precisão.
Bolsonaro parece por ora estagnado. Barbosa, um nome alheio ao universo político tradicional, atrai parcela relevante do eleitorado, mesmo sem ter feito campanha. Alckmin continua com dificuldades para se sobressair.
Mesmo com base partidária minguante e intervenções rarefeitas no debate nacional, Marina se aproxima da liderança. Ciro apresenta boas chances de se tornar um aglutinador de votos da centro-esquerda, ainda mais se controlar seu destempero desagregador.
Para 28% dos entrevistados, ele deveria ser o candidato apoiado por Lula, contra 15% de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo.
Ainda notável é a discrepância regional das preferências. O líder petista deveria ser impedido de disputar a eleição para 50% dos entrevistados, na média nacional; no Nordeste, 72% acham que ele deveria estar no pleito.
A disputa segue muito aberta, com quantidade desmedida de postulantes. Mesmo que muitos sejam nanicos de votos, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), a fragmentação dificulta identificar os mais competitivos.
As coalizões nacionais e regionais mal começam a ser negociadas. Há candidaturas apenas especuladas, outras recém-definidas; várias ficarão pelo caminho. De mais certo, no momento, há apenas o destino de Lula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário