É positiva a aproximação entre o Brasil e os EUA, mas torna-se essencial explorar outras fronteiras
Com mais de 208 milhões de consumidores, o mercado doméstico é chave para atração de investimentos, de pesquisa e de inovação tecnológica. Paradoxalmente, remontam aos anos 90 do século passado as últimas iniciativas governamentais de caráter abrangente para dinamizá-lo.
É auspicioso, portanto, que o futuro governo se comprometa com o estímulo à competição empresarial, antítese das práticas monopolistas, da ineficiência produtiva e das condutas antiéticas.
Faz sentido que o projeto de abertura comercial seja realizado de forma “gradual e segura”, como indicou o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, na semana passada —mas que isto não sirva de pretexto para adiares ta abertura. Não seria racional desmontara estrutura industrial construída e operante, mesmo estando em obsolescência tecnológica, com baixa produtividade e prisioneira de uma teia burocrática construída, em parte, sob inspiração de empresários dependentes da benemerência estatal. Mas também não se pode recuar nesta política.
Abrir o mercado nacional é oxigenar a produção doméstica e integrá-la às cadeias globais, permitindo às empresas o acesso à fase atual da revolução industrial, pautada pela inteligência artificial, computação quântica e bioengenharia.
Nesse contexto, é positiva a aproximação entre Brasil e Estados Unidos, para acesso a mercados, investimentos e transferência de tecnologia.
Mas é essencial que o futuro governo explore, também, outras fronteiras. Sem exceções. É preciso ampliar o comércio com a China e a União Europeia e a cooperação com a Argentina para recuperar o Mercosul.
Basta mirar nas experiências bem-sucedidas. O governo Michel Temer acaba de demonstrar como é possível avançar rapidamente. No espaço de apenas seis meses, construiu com o Chile o mais amplo acordo sobre questões regulatórias já assinado, que reduz em 35% o custo da burocracia no comércio entre os dois países.
O Chile investe cerca de US$ 35 bilhões na indústria, energia e em tecnologia da informação do Brasil. Empresas brasileiras têm raízes no mercado chileno de alimentos e bebidas, serviços bancários, produtos farmacêuticos e cosméticos. O comércio em 2017 foi de US$ 8,5 bilhões, com aumento de 22% em relação ao ano anterior, e expansão de 15% nos últimos dez meses.
Beneficia quem mora, trabalha e faz negócios nos dois países. Simplifica o comércio, até em trâmites sanitários e fitossanitários; eleva padrões regulatórios; amplia a segurança para investimentos; protege direitos dos consumidores e acaba com a cobrança de tarifas adicionais de telefonia. Por fim, abre a porta para outro acordo, os países-sócios do Chile na Aliança do Pacífico (Peru, Colômbia e México).
Nesse legado de Temer, Bolsonaro pode encontrar uma referência do que é possível fazer, rapidamente, para acelerar a integração do Brasil na economia global.
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