Folha de S. Paulo
Felizmente, 2022 não será um ano bissexto
A contagem regressiva mais importante agora que 2022 se aproxima não é aquela tradicional com duração de dez segundos, mas a que dá início ao último ano de Jair Bolsonaro na Presidência. Mais 365 dias. Felizmente, não será um ano bissexto. Em dezembro de 2019, escrevi neste espaço que meu palpite sobre 2020 era o seguinte: "Será, oh, uma bosta. Como nesta época sempre fico mais otimista, quero acreditar que serão só mais três anos. Longos e duros anos. Mas apenas mais três".
Não adianta ser pessimista, lá veio uma
pandemia para piorar a tragédia que o brasileiro já vivia sob o desgoverno
Bolsonaro. Como disse naquela ocasião, seriam mais três anos de um presidente
terrivelmente reacionário, homofóbico e machista. Com direito a comemoração de
golpe, exaltação da ditadura, discursos violentos contra minorias. Jair não
falha.
Testemunhamos a Constituição ser pisoteada,
o Estado laico virar história da carochinha. Um governo que confirmou como
método intimidação, linchamentos virtuais, fake news com cara de nota oficial.
E que joga a culpa de sua incompetência no PT, nas ONGs, no DiCaprio, no Paulo
Freire, nos veganos, no Inpe, nos direitos humanos, na mídia. Sobrou também
para a ciência.
Ele manteve firme o personagem do homem
simples, que não raciocina antes de falar. Mas um presidente que exalta a
ignorância, governa movido pela inépcia, pela falta de cultura e de educação,
de gentileza, de empatia, rodeado de ministros bufões. E daí?, seriam suas
palavras.
Faltando um ano —quero acreditar que será
só mais um—, penso: vamos aguentar. E o meu desejo para 2022 é que o país se
livre dessa nuvem de gafanhotos que assumiu o poder. Que na virada de ano se
crie uma grande corrente de amor e esperança, com energia emanada por pessoas
de diferentes etnias, gerações, credos, orientação política, unidas num único
pensamento: Fora, Bolsonaro! Que o diabo o carregue.
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