O Estado de S. Paulo
Fatores novos devem mexer com a economia
A guerra de Israel contra o Hamas tomou conta
das apreensões gerais, mas seu impacto sobre a economia global, além da escalada
dos preços do petróleo, ainda não está claro. Isso já não é pouca coisa, como
parece admitir o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates: “Se a guerra
piorar, será a tempestade perfeita”. Mas é cedo demais para levar esse efeito
em conta.
Mas há fatores novos que devem mexer com a
economia neste resto do ano.
O primeiro deles são as boas surpresas que vêm da China. As últimas informações divulgadas pelo seu Escritório Nacional de Estatísticas dão conta de que o PIB da China cresceu 4,9% no terceiro trimestre deste ano em comparação com o terceiro trimestre de 2022 – acima das expectativas que cravavam um avanço de 4,3%. Ainda não há notícias sobre como o governo de Pequim enfrentará a grave crise da construção civil, mas há indícios de que algum pacote salvador está a caminho. Como o mercado da China é grande absorvedor de commodities, o Brasil poderá tirar bom proveito disso.
Outro fator favorável a um melhor desempenho
da economia brasileira neste último trimestre vem das vendas do varejo, que
tiveram resultado menos negativo do que o esperado, queda de 0,2% em agosto na
comparação mensal. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve alta de 2,3%.
Em 12 meses, as vendas do varejo registram crescimento de 1,7% e, no acumulado
do ano, o avanço é de 1,6%. Os números parecem revelar tendência de recuperação
do consumo das famílias.
Convém acrescentar dois indicadores
positivos. O controle da inflação é um deles. Aumenta a corrente de analistas
que projetam uma inflação sob o teto da meta deste ano. Mas essa projeção está
sujeita ao que acontecer com os preços dos derivados do petróleo. Uma inflação
em queda reforça a trajetória também declinante dos juros e, a partir daí, a
melhora de condições da atividade econômica e do emprego.
Outro desempenho positivo é o da balança
comercial (exportações e importações). O superávit deste ano pode ultrapassar
os US$ 80 bilhões, equivalentes à entrada de Investimentos Estrangeiros no
País. Fica, assim, reforçada a saúde cambial do Brasil.
Essa paisagem, predominantemente positiva,
enfrenta, no entanto, as incertezas do mercado global. Os grandes bancos
centrais, especialmente o Fed (banco central dos Estados Unidos), avisam que
têm de manter apertados os cordões da política monetária, o que pressupõe baixo
crescimento econômico ou, até mesmo, certa recessão. E há o impacto dessa
guerra de Israel contra o Hamas, que hoje acena para o imponderável.
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