Folha de S. Paulo
Seleção de 13 obras essenciais lançadas neste
ano
Um dos maiores cientistas políticos
brasileiros escreveu um livro dirigido ao grande público. Em
"Operação Impeachment:
Dilma e o Brasil da Lava Jato", Fernando
Limongi mostrou que o impeachment de 2016, ocorrido no auge da
influência da Lava Jato, foi, na verdade, uma reação do sistema político contra
a operação.
Os dez anos dos protestos de junho de 2013 geraram ótimos livros. Em "Treze: A Política de Rua de Lula a Dilma", Angela Alonso situou os protestos de junho de 2013 no contexto de uma onda mais ampla de mobilização social, que desde o início incluiu protestos conservadores. Em "A Razão dos Centavos: Crise Urbana, Vida Democrática e as Revoltas de 2013", Roberto Andrés contou a história da luta pelo passe livre, que recentemente obteve êxitos surpreendentes.
Em "Como
a China Escapou da Terapia de Choque", Isabella Weber reconstruiu os
debates que deram origem à estratégia gradualista que a China adotou para se
tornar uma economia de mercado.
Em "Salazar
e os Fascismos", Fernando Rosas comparou diferenças e semelhanças
entre o fascismo português e seus similares europeus, com destaque para as
alianças entre fascismo popular e o conservadorismo de elite.
Em "Como Salvar a Democracia", Steven
Levitsky e Daniel Ziblatt mostraram como as instituições americanas,
se não forem reformadas, podem favorecer a erosão democrática e transformar a
democracia americana em um governo da minoria.
Em "O
Supremo entre o Direito e a Política", Diego Werneck Arguelhes
apresentou os principais debates sobre o STF, sua relação com a política, e as
maneiras pelas quais ele poderia funcionar melhor.
Em "O
Discreto Charme da Magistocracia", Conrado Hübner Mendes mostrou que
defeitos de nosso Judiciário o tornaram um alvo fácil quando o bolsonarismo
lançou sua ofensiva contra a democracia.
Em "O
Tribunal", Felipe Recondo e Luiz Weber contaram a história da
resistência do STF contra o golpismo de Bolsonaro, e como, no decorrer dessas
lutas, os ministros superaram alguns dos vícios antes apontados por seus
críticos.
Em "Biografia do Abismo", Felipe
Nunes e Thomas Traumann alertaram, com base em pesquisas quantitativas e
qualitativas, para o risco
da polarização política dos últimos anos se tornar um traço permanente da
política brasileira.
Em "O
Girassol que nos Tinge", Oscar Pilagallo contou a história do
movimento Diretas Já!, que ajudou a abrir fissuras em uma transição democrática
conduzida pelo alto.
Em "Amazônia na
Encruzilhada", Miriam
Leitão ofereceu um quadro amplo da luta pela preservação da Amazônia, os
sucessos da Nova República, os fracassos de Bolsonaro, e os desafios para
preservar nosso maior patrimônio ecológico em um momento em que desmatamento e
crime estão cada vez mais ligados.
"Números
da Discriminação Racial", organizado por Michael França e Alysson
Portella, é uma ótima coleção de estudos econômicos sobre a desigualdade racial
no Brasil. Deve servir de ponto de partida para muitos debates futuros sobre o
tema.
Marcelo Medeiros é um dos maiores
especialistas em desigualdade brasileira. Em "Os
Ricos e os Pobres", mostrou, de forma acessível ao grande público, que
os números da desigualdade brasileira assustam mesmo quem já sabe que ela é
grande; e que será necessário um amplo repertório de estratégias para
reduzi-la. É o livro do ano.
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