Valor Econômico
No lugar do tema apagão, Boulos voltou a
cobrar, com insistência, que Ricardo Nunes abra seu sigilo bancário
A brevidade com que o apagão ocupou o debate da Record demonstrou que o assunto pode ter se esgotado. A despeito da chuva leve na capital paulista ao longo do dia ter voltado a aumentar o número pessoas sem energia – 80 mil no sábado – o tema esteve longe de monopolizar os ataques do candidato de oposição, Guilherme Boulos. No seu lugar, Boulos voltou a cobrar, com insistência, que Ricardo Nunes abra seu sigilo bancário, como já havia feito no SBT durante encontro que era para ser debate e virou sabatina do candidato do Psol pela ausência do prefeito.
Ao fazê-lo, Boulos espera explorar as
acusações que fez durante a campanha, sobre a máfia das creches e sobre
infiltração do crime organizado na Prefeitura de São Paulo. O resultado do
primeiro turno e o histórico das pesquisas nesta segunda etapa da eleição não
autorizam imaginar que a estratégia venha a ser bem-sucedida.
A resposta de Nunes veio por meio da
exploração da trinca MTST/aborto/drogas que tem mantido a rejeição a Boulos
acima dos 50 pontos percentuais. Trouxe uma acusação nova sobre uma batida de
carro do candidato do Psol cujo prejuízo, disse, foi pago pelo pai do
candidato. Boulos negou. “Já bati o carro e paguei, mas não bato em mulher”,
numa provocação sobre o boletim de ocorrência registrado pela mulher do
prefeito, já retirado.
Acusaram-se de propagar mentiras ao longo do
debate e acusaram-se, mutuamente. Nunes arrancou três direitos de resposta pela
declaração de Boulos “Concordo que bandido tem que estar preso, não em debate,
não na máfia da creche” e pelas relações de seu secretário de obras com Herbas
Camacho, o Marcola do PCC. O candidato do Psol teve direito a dois direitos de
resposta pela acusação de que se quisesse atrair empresas para a cidade não
teria depredado a Fiesp e por ter sido acusado de falar em “santo apagão”.
No debate programático, que, nesta reta final
já não abriga novidades, Boulos cobrou Nunes por ter entregue 10% dos
corredores de ônibus e ter sido o único prefeito a não ter entregue CEUs, às
quais prometeu agregar módulos de profissionalização para a economia digital.
Nunes insistiu no binômio extremista x
equilibrado durante todo o debate, chamou o candidato do Psol de “condenado” em
função dos 22 direitos de resposta que a justiça eleitoral lhe concedeu ao
longo da campanha e explorou o deslize de Boulos por ter mencionado o “casal”
Nardoni ao mencionar a ausência de cuidados com crianças quando o condenado foi
apenas o pai, Alexandre Nardoni.
Boulos tentou rebater a imagem de extremista
dizendo que faria parceria com o governador Tarcísio Freitas para enterrar os
fios na cidade e trazendo à tona outra acusação contra Nunes, que data de um
período em que Nunes não estava na política: “Por que quem luta por família sem
teto é extremista e quem dá tiro em porta de boate é equilibrado?”. Citou o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua vice-Marta Suplicy como exemplos de
governantes que assumiram seus cargos sem experiência e foram considerados os
melhores gestores dos cargos que ocuparam.
Nas declarações finais, Nunes se fixou na imagem do prefeito que vai terminar de entregar o que começou nesta gestão e Boulos apelou contra o medo e pediu o voto dos eleitores de Tabata Amaral (PSB), José Luis Datena (PSDB) e até de Pablo Marçal (PRTB), de quem copiou a estratégia de tentar manter o eleitor mobilizado ao anunciar pronunciamento na segunda-feira que seria capaz de “mudar esta eleição”. Difícil.
Um comentário:
Se Boulos fosse bem menos agressivo seria o melhor político do Brasil.
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