sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Vinicius Torres Freire – O que querem os homens de Marçal?

Folha de S. Paulo

Candidato faz mais sucesso entre homens, mais jovens e eleitores de renda mais alta

Em uma eleição com diferenças de votos tão pequenas como na disputa pela Prefeitura de São Paulo, é uma temeridade avançar hipóteses sobre o perfil do eleitor dos candidatos. No entanto, há alguns traços notáveis no eleitorado, em particular no de Pablo Marçal (PRTB).

Cerca de 60% de seus eleitores são homens. No caso de Guilherme Boulos (PSOL) e de Ricardo Nunes (MDB), as diferenças de voto entre gêneros é tão pequena e engolida pela margem de erro que não vale a pena fazer a distinção.

Marçal lidera com 31% entre os eleitores de 16 a 24 anos, embora no caso das categorias de idade as margens de erro sejam grandes (Boulos tem 21%, Nunes, 18%). Entre os eleitores de 25 a 59 anos, as diferenças são mínimas. Entre os maiores de 60, idosos, Boulos fica com 34% (Nunes tem 31%, Marçal, 18%). É um sinal destes tempos que um esquerdista tenha mais a preferência de idosos; que uma espécie de liberalismo messiânico agrade a mais jovens.

Os votos de Marçal vêm também mais dos eleitores com renda igual ou maior do que dois salários mínimos, parcela ligeiramente maior do que nos casos de Boulos e Nunes. Mas sem dúvida o ex-coach não é o preferido dos mais pobres, com 17% dos votos entre os eleitores com renda menor do que dois salários mínimos (ante 34% de Nunes e 28% de Boulos). Decerto também Nunes não é o preferido dos "mais ricos", aqueles com renda superior a cinco salários mínimos, entre os quais tem 19% das preferências (ante 34% de Boulos e 30% de Marçal).

Há uma certa classe média e média-alta masculina, mais jovem, que prefere Marçal. Entre o eleitorado que se autodeclara bolsonarista, segundo as opiniões recolhidas pelo Datafolha, o candidato tem 57% dos votos; entre os que se dizem petistas, 5%. "Classe média", aqui, é apenas uma referência estatística —no Brasil, os estatisticamente ricos e muito ricos se dizem de "classe média" (por não estarem nas listas de bilionários).

Já assistimos a versões desse filme. O eleitor de Jair Bolsonaro em 2018 e 2022 era mais masculino, embora não tanto quanto o de Marçal; tendia a ter renda mais alta do que baixa. Entre os mais jovens eleitores de 2023 na Argentina, a preferência era maior por Javier Milei, que também tinha um tanto mais de votos entre os homens.

Também em comum, Milei e Marçal pregam variantes de um ultraindividualismo liberal messiânico e fundamentalista. Essa conversa tem apelo e base em interesses reais, na revolta contra um Estado que parece um empecilho a quem dele quase nada recebe e quer se virar na vida.

Parece agradar aos revoltados contra "o sistema" e contra Estado. Marçal diz o que parece satisfatório a niilistas políticos e sociais em geral. Mas não há perdão para o relativo sucesso de público do seu machismo acintoso. De resto, o candidato rompeu com qualquer convenção de convívio social regrado por cortesia e respeito ao menos tentativo por noções de verdade e razão: é "sem partido", como diziam os pioneiros da revolução antissistema que foi às ruas em 2013. É também sem modos e sem vergonha.

Pelo menos, seu discurso ou programas enfáticos alardeiam tais ideias, por assim dizer. Pelo que mais seus eleitores se encantariam? Pela ficha corrida do candidato e pela capivara policial dos aliados políticos dele? O que querem esses homens?

 

5 comentários:

Mais um amador disse...

" Ultraindividualismo liberal messiânico e fundamentalista. "

Ou seja, só mais uma cascata ideológica do tipo " O lobo de Wall Street ", num país periférico de terceira grandeza.

Ok

😏😏😏

Anônimo disse...

Resposta à questão do título: PODER!

Anônimo disse...

Estou esperando pra ver a cara desse povo de esquerda jornalistas militantes quando sai o resultado do seu querido candidato Guilherme Boulos foi o último candidato e não foi para o segundo turno
Candidato da esquerda do PSOL o bolos é uma ameaça para São Paulo toda sua trajetória política foi em cima de invasões propriedades privadas e prédios públicos um depredação e até incêndio foi preso três vezes por isso o povo paulista saberá Escolher o melhor candidato

Anônimo disse...

De concreto no artigo é que o Boulos é o candidato dos mais ricos. O resto é exercício mental para negar isto.

ADEMAR AMANCIO disse...

As pessoas mais sofisticadas são de esquerda.