Folha de S. Paulo
Candidato faz mais sucesso entre homens, mais
jovens e eleitores de renda mais alta
Em uma eleição com diferenças de votos tão
pequenas como na disputa pela Prefeitura de São Paulo,
é uma temeridade avançar hipóteses sobre o perfil do eleitor dos candidatos. No
entanto, há alguns traços notáveis no eleitorado, em particular no de Pablo Marçal (PRTB).
Cerca de 60%
de seus eleitores são homens. No caso de Guilherme
Boulos (PSOL)
e de Ricardo Nunes (MDB), as
diferenças de voto entre gêneros é tão pequena e engolida pela margem de erro
que não vale a pena fazer a distinção.
Marçal lidera com 31% entre os eleitores de 16 a 24 anos, embora no caso das categorias de idade as margens de erro sejam grandes (Boulos tem 21%, Nunes, 18%). Entre os eleitores de 25 a 59 anos, as diferenças são mínimas. Entre os maiores de 60, idosos, Boulos fica com 34% (Nunes tem 31%, Marçal, 18%). É um sinal destes tempos que um esquerdista tenha mais a preferência de idosos; que uma espécie de liberalismo messiânico agrade a mais jovens.
Os votos de Marçal vêm também mais dos
eleitores com renda igual ou maior do que dois salários mínimos, parcela
ligeiramente maior do que nos casos de Boulos e Nunes. Mas sem dúvida o ex-coach não
é o preferido dos mais pobres, com 17% dos votos entre os eleitores
com renda menor do que dois salários mínimos (ante 34% de Nunes e 28% de
Boulos). Decerto também Nunes não é o preferido dos "mais ricos",
aqueles com renda superior a cinco salários mínimos, entre os quais tem 19% das
preferências (ante 34% de Boulos e 30% de Marçal).
Há uma certa classe média e média-alta
masculina, mais jovem, que prefere Marçal. Entre o
eleitorado que se autodeclara bolsonarista, segundo as opiniões recolhidas pelo
Datafolha, o candidato tem 57% dos votos; entre os que se dizem
petistas, 5%. "Classe média", aqui, é apenas uma referência
estatística —no Brasil, os estatisticamente ricos e muito ricos se dizem de
"classe média" (por não estarem nas listas de bilionários).
Já assistimos a versões desse filme. O
eleitor de Jair
Bolsonaro em 2018 e 2022 era mais masculino, embora não tanto
quanto o de Marçal; tendia a ter renda mais alta do que baixa. Entre os mais
jovens eleitores de 2023 na Argentina,
a preferência era maior por Javier Milei,
que também tinha um tanto mais de votos entre os homens.
Também em comum, Milei e Marçal pregam
variantes de um ultraindividualismo liberal messiânico e fundamentalista. Essa
conversa tem apelo e base em interesses reais, na revolta contra um Estado que
parece um empecilho a quem dele quase nada recebe e quer se virar na vida.
Parece agradar aos revoltados contra "o
sistema" e contra Estado. Marçal diz o que parece satisfatório a niilistas
políticos e sociais em geral. Mas não há perdão para o relativo sucesso de
público do seu machismo acintoso. De resto, o candidato rompeu com qualquer
convenção de convívio social regrado por cortesia e respeito ao menos tentativo
por noções de verdade e razão: é "sem partido", como diziam os
pioneiros da revolução antissistema que foi às ruas em 2013. É também sem modos
e sem vergonha.
Pelo menos, seu discurso ou programas
enfáticos alardeiam tais ideias, por assim dizer. Pelo que mais seus eleitores
se encantariam? Pela ficha corrida do candidato e pela capivara policial dos
aliados políticos dele? O que querem esses homens?
5 comentários:
" Ultraindividualismo liberal messiânico e fundamentalista. "
Ou seja, só mais uma cascata ideológica do tipo " O lobo de Wall Street ", num país periférico de terceira grandeza.
Ok
😏😏😏
Resposta à questão do título: PODER!
Estou esperando pra ver a cara desse povo de esquerda jornalistas militantes quando sai o resultado do seu querido candidato Guilherme Boulos foi o último candidato e não foi para o segundo turno
Candidato da esquerda do PSOL o bolos é uma ameaça para São Paulo toda sua trajetória política foi em cima de invasões propriedades privadas e prédios públicos um depredação e até incêndio foi preso três vezes por isso o povo paulista saberá Escolher o melhor candidato
De concreto no artigo é que o Boulos é o candidato dos mais ricos. O resto é exercício mental para negar isto.
As pessoas mais sofisticadas são de esquerda.
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